Interior

Família nega que médico tenha estuprado a filha menor e pede justiça por assassinato

Irmã de Alan Carlos, Edjúlia Oliveira diz que não havia emboscada e diz estar abalada pelo caso

Por Roberto Baía e Lysanne Ferro / Especial para a Tribuna Independente 18/11/2025 17h25
Família nega que médico tenha estuprado a filha menor e pede justiça por assassinato
Mãe de Nádia, Josefa Alves (à esquerda), e a cunhada Edjúlia Oliveira (ao centro) - Foto: Roberto Baía

O assassinato do médico Alan Carlos Lima Cavalcante, de 41 anos, neste domingo (16), na zona rural de Arapiraca chocou a população. Com exclusividade, a família de Nádia falou com a Tribuna Independente sobre o caso. A cunhada da acusada presenciou o assassinato e contou com detalhes ter vivido um momento de tensão.

Registrado por câmeras de segurança, o crime aconteceu em frente à Unidade Básica de Saúde, no Sítio Capim. Pelas câmeras é possível ver o veículo de Alan e uma moto, que estava a cunhada de Nádia, Edjúlia Oliveira Félix. Segundo a testemunha, o encontro seria para Alan entregar um bolo para que fosse levado à filha do casal. Nádia chega no local e desceu do carro já com a arma em punho, ao perceber que era Alan que estava no veículo, efetuou os disparos. Alan chega a dar ré, mas não consegue sair do local. “Ele só ia me entregar o bolo e voltar para o Centro para casa dele. No intervalo que eu peguei a bolsa, eu olhei para trás, aí eu vi ela vindo”.

Abalada, Edjúlia, que também chegou a trabalhar de babá da filha do casal, revelou que Nádia atirou diversas vezes e só saiu do local depois que percebeu que ele já estava morto. “Quando ela viu que era o Alan, ela começou a atirar e eu o tempo todo pedindo ‘Nádia, por favor não faz, por favor não faz isso ele não merece’. Eu comecei a gritar pedindo ajuda, ‘chama o Samu, que ele ainda está vivo’. Ela só saiu de lá quando ele deu o último suspiro”, revelou.

Nádia estava em direção a Maceió quando foi presa. Em entrevista na Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), a médica alega estar sendo vítima de uma emboscada e teria agido em legítima defesa. “Eu achei que eles estavam ali fazendo uma emboscada para mim, então eu me defendi. Ele não podia chegar perto de mim a menos de 300 metros. O que ele estava fazendo na esquina da minha casa?”, disse.

Entretanto, a hipótese de legítima defesa foi descartada pela polícia. “As imagens mostram que a autora desceu do carro já armada e apontando para a vítima. Após uma breve discussão, ela efetuou vários disparos, impossibilitando qualquer chance de defesa”, afirmou o delegado Daniel Scaramello, da UALC 1/DHPP.

Acusação de estupro

Alan enfrentava na justiça dois inquéritos judiciais por estupro de vulnerável contra a filha do casal e por violência psicológica contra Nádia. A médica fez a denúncia em junho do ano passado. Segundo o advogado de Alan, ele foi inocentado no processo por falta de provas e estava retomando o contato com a filha.

A mãe de Nádia, Josefa Alves Lima, revela acreditar na inocência do genro e lamenta que a filha tenha cometido o crime. “Eu não conheço a minha filha, eu não conheço, de verdade. E eu falo isso com o coração apertado, sabe? Com o coração apertado, porque fui eu que pari, fui eu que pus no mundo, e hoje eu não conheço a pessoa que eu pus no mundo. Eu quero que a honra do Alan Carlos seja limpa, que ele não seja mais um que morreu inocente e ainda ficar sendo suja para a sociedade daqui do Nordeste”, contou.

Agora, a família espera que o caso seja esclarecido. “Em primeiro lugar, garantir que a honra dele seja lavada. Por quê? Porque ele é inocente, ele foi inocentado em todos os processos. Ela disse que não, mas ele foi inocentado em todos os processos. Então, ele não pode, além de ter perdido quase um ano e meio de convívio com a filha de forma injusta, perder a vida e ainda sair como um estuprador dessa história”, concluiu Josefa.

Escute abaixo o áudio da entrevista com a mãe de Nádia, Josefa.