Polícia
Médica que matou ex-marido é levada ao presídio Santa Luzia
Nádia Tamyres teve prisão decretada no final da tarde de ontem pelo assassinado do médico Alan Carlos de Lima
A médica Nádia Tamyres, 38 anos, acusada de ter assassinado o ex-marido, o também médico Alan Carlos de Lima Cavalcante, foi conduzida ao Presídio Feminino Santa Luzia.
Ela teve a prisão preventiva decretada pela juíza Bruna Saback, da 15ª Vara Criminal, na audiência de custódia realizada, no final da tarde de ontem, no Fórum Desembargador Jairon Maia Fernandes, em Maceió.
O crime ocorreu no último domingo em Arapiraca, em frente à Unidade Básica de Saúde (UBS). O advogado de defesa da médica, Luiz Lessa, sustentou que o homicídio foi um “grito de socorro”. Segundo a defesa, ela agiu para se proteger e proteger a filha.
A médica afirmou que “tinha muito medo de morrer”. Ela disse que atirou por acreditar que sofreria emboscada do ex-marido. A acusada disse que se preparava para ir a um salão de beleza quando viu o carro do ex-marido parado perto de uma árvore, na esquina de sua casa. Ela interpretou a cena como uma emboscada.
Ela admitiu que possui porte de arma desde 2020 e andava armada “por medo. Quando vi o carro parado daquele jeito, eu entrei em pânico. Achei que ele ia me matar”, detalhou.

Depois de uma análise técnica nas imagens de segurança e demais elementos da investigação, a Polícia Civil de Alagoas descartou a versão de legítima defesa apresentada pela médica durante o interrogatório. Ela foi autuada em flagrante, no último domingo. Após ter tido a prisão formalizada a autuada, ela foi encaminhada ao Instituto Médico Legal (IML) para exame de corpo de delito.
Segundo o delegado, Daniel Scaramello, da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), não houve legítima defesa. “A autora desceu do carro já portando uma arma de fogo e apontando para a vítima. Após uma breve discussão, ela efetuou diversos disparos, impedindo ou dificultando qualquer possibilidade de defesa”, afirmou.
A médica explicou que atirou no ex-esposo antes dele matá-la. “Não sei quantos tiros foram. Vi que ele fez um movimento brusco e fiquei com medo de morrer”, relatou. Ela questionou o fato de ter conseguido uma medida protetiva contra o ex-marido e, mesmo assim, ele estar na rota por onde ela passava.
Após os disparos, a médica deixou Arapiraca em direção a Maceió. Segundo ela, pretendia encontrar o advogado e temia a reação da população. No trajeto, foi abordada pela polícia.
O médico Alan Carlos era réu em um processo por violência física, moral e psicológica, movido pela ex-esposa. No processo, a médica relatou mais de duas décadas de agressões, violências e ameaças atribuindo-as ao ex-marido.
Nádia Tamyres afirmou que, há cerca de um ano e meio, denunciou o ex-marido por suspeita de estupro de vulnerável contra a filha do casal. Segundo ela, a escola, funcionárias e familiares perceberam sinais de sofrimento da menina. “Eu percebi que minha filha estava pedindo socorro”, relatou.
Ainda segundo ela, o inquérito feito pela delegada concluiu que havia indícios de abuso sexual contra a filha. O caso foi encaminhado para a 1ª Vara de Arapiraca.
Após registrar a denúncia, ela diz ter solicitado uma medida protetiva, que foi concedida. A médica afirmou que, mesmo assim, continuou sendo intimidada.
O médico foi denunciado formalmente pelo promotor Saulo Ventura de Holanda, da 2ª Promotoria de Justiça de Arapiraca, em junho de 2025. Em setembro, a Justiça aceitou a denúncia e o tornou réu.
Ela também declarou que continuava sendo ameaçada por Alan Carlos. “Ele ficou me ameaçando com um primo dele, um ex-presidiário, e a polícia também me concedeu medida protetiva contra esse primo”, afirmou.
Segundo Nádia, o primo mencionado teria voltado a rondar o bairro onde ela trabalha e ela precisou acionar a Patrulha Maria da Penha. “Na semana passada, no dia da audiência, o primo dele estava na esquina do posto de saúde. A comunidade me avisou. Eu chamei a Patrulha Maria da Penha. Ele apresentou um documento falso e ficou foragido”, contou.
De acordo com o processo, o casal manteve um relacionamento por 22 anos, que teria sido marcado por agressões físicas, morais e psicológicas. A médica procurou a Secretaria de Estado da Mulher e dos Direitos Humanos (Semudh) para denunciar o caso e pedir ajuda em dezembro de 2024. A pasta, então, acionou o Ministério Público Estadual.
Por conta disso, ela conseguiu uma medida protetiva contra o ex-marido. O documento cita um boletim de ocorrência no qual o médico foi indiciado por suspeita de abuso sexual contra a filha do casal, cuja identidade é preservada por se tratar de uma criança. A médica afirmou ter flagrado o ex-marido “tocando nas partes íntimas da filha do casal”.
Ela contou que o relacionamento começou quando tinha apenas 14 anos e que, desde então, viveu sob “controle, humilhações e ameaças”.
Entre os episódios descritos no processo, a mulher afirma que o médico a impedia de estudar, controlar o dinheiro e decidir o que vestir, além de fazer ameaças para impedi-la de terminar o relacionamento.
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