Polícia

Justiça afasta preventivamente policiais envolvidos na morte de adolescente em Palmeira dos Índios

PMs são investigados por homicídio e fraude processual; adolescente foi morto durante perseguição e estava desarmado

Por Tribuna Hoje com agências 21/10/2025 12h19 - Atualizado em 21/10/2025 13h22
Justiça afasta preventivamente policiais envolvidos na morte de adolescente em Palmeira dos Índios
Gabriel Lincoln - Foto: Acervo pessoal

A Justiça de Alagoas determinou o afastamento preventivo dos três policiais militares envolvidos na morte do adolescente Gabriel Lincoln Pereira da Silva, de 16 anos, ocorrida em Palmeira dos Índios, no Agreste do estado. A decisão impede que os acusados exerçam qualquer função na corporação até o fim do processo criminal.

Os policiais já haviam sido retirados das atividades de rua anteriormente, mas continuavam desempenhando funções administrativas. Com a nova decisão judicial, ficam totalmente afastados de qualquer atividade policial.

Entre os três indiciados, um deles — o PM responsável pelo disparo que matou o adolescente — responde por homicídio culposo (sem intenção de matar). Todos os envolvidos também foram indiciados por fraude processual especial, conforme previsto na Lei de Abuso de Autoridade.

Segundo as investigações da Polícia Civil, Gabriel estava desarmado no momento em que foi perseguido e baleado. Os policiais teriam apresentado posteriormente um revólver, atribuindo-o à vítima, numa tentativa de forjar um cenário de legítima defesa.

O Ministério Público de Alagoas, no entanto, discorda da conclusão da polícia. Para os promotores, o caso configura homicídio com dolo eventual, qualificado por recurso que impossibilitou a defesa da vítima. Segundo o MP, o sargento do Pelotão de Operações Policiais Especiais (Pelopes), ao atirar, mesmo sem querer a morte, assumiu o risco de causá-la ao prever o possível resultado de sua ação.

O advogado Raimundo Palmeira, que representa os policiais, afirmou que ainda irá analisar a decisão da Justiça. “A defesa vai avaliar se acata tais medidas ou se pede sua revogação. Até porque temos ansiedade para que esse processo ande rápido, pois há muitas provas em favor dos réus, que pretendemos apresentar”, disse.

O caso segue sob investigação e gera grande repercussão em Alagoas, especialmente pela idade da vítima e pelas suspeitas de tentativa de encobrimento por parte dos envolvidos.