Polícia

Caso Gabriel Lincoln: nova reviravolta e denúncias apontam inconsistências em depoimentos de militares

Por Tribuna Hoje com Record 22/09/2025 10h51
Caso Gabriel Lincoln: nova reviravolta e denúncias apontam inconsistências em depoimentos de militares
Gabriel Lincoln, 16 anos - Foto: Reprodução

A morte de Gabriel Lincoln, adolescente de 16 anos, que foi atingido por um tiro nas costas durante uma abordagem policial em Palmeira dos Índios, Agreste de Alagoas, continua gerando repercussão após novas denúncias e reviravoltas no caso. O programa Domingo Espetacular, da Record, transmitido no dia 21 de setembro, trouxe à tona novos detalhes da investigação, com entrevistas com os pais de Gabriel, advogados e policiais envolvidos, além de imagens e depoimentos decisivos.

Gabriel Lincoln foi morto no dia 3 de maio de 2025 após ser abordado por uma viatura policial. Segundo a versão dos policiais, o adolescente teria desobedecido um sinal vermelho e realizado uma manobra perigosa na motocicleta, o que iniciou uma perseguição. Durante o confronto, Gabriel foi atingido nas costas por um disparo efetuado pelo sargento Alex Melo Santos, que alegou ter agido em legítima defesa após ver Gabriel sacar uma arma.

No entanto, investigações recentes colocaram em dúvida essa versão. Provas apresentadas pelos advogados da família de Gabriel revelaram que o revólver calibre .38, que havia sido dito como apreendido na cena do crime, foi possivelmente plantado. Dados de geolocalização mostraram que o sargento Alex teria pegado a arma em sua casa antes de concluir a ocorrência.

O exame residuográfico, que investigou vestígios de pólvora nas mãos de Gabriel, também desmentiu a versão policial, indicando que não foram encontrados indícios de que o adolescente tenha disparado a arma. A análise de DNA também confirmou que Gabriel não havia tocado no revólver. Além disso, uma fotografia antiga do sargento Alex mostra uma arma semelhante à usada no crime, o que levanta suspeitas sobre a sua conduta.

Apesar das evidências, a Polícia Civil de Alagoas indiciou o sargento Alex Melo Santos apenas por homicídio culposo, ou seja, sem intenção de matar. Contudo, a decisão foi contestada após novos depoimentos e a apresentação de provas contraditórias. O Ministério Público do Estado de Alagoas, por sua vez, denunciou o policial por homicídio qualificado com dolo eventual, argumentando que o sargento assumiu o risco de matar Gabriel, sem dar-lhe a chance de defesa.

Versões Contraditórias


O depoimento do sargento Alex, prestado durante a investigação, afirma que ele iniciou a perseguição a Gabriel após o adolescente desrespeitar o sinal vermelho e realizar uma manobra perigosa. O policial relatou que, ao abordar o jovem, viu-o sacar uma arma, o que o teria assustado, levando-o a empurrar Gabriel e, em seguida, ouvir o disparo.

No entanto, as testemunhas oculares da ocorrência contradizem a versão apresentada pelos militares. Doze pessoas que presenciaram o fato depuseram a favor da família de Gabriel, afirmando que o adolescente não estava armado e que a abordagem policial foi agressiva e sem justificativa.

A investigação continua, com os três policiais envolvidos — sargento Alex, o PM Cláudio Mychel Marques dos Santos e o PM Jordy Moreira de Macena — sendo indiciados também por fraude processual. A polícia e o Ministério Público seguem avaliando os novos elementos apresentados e as contradições nos depoimentos.

A morte de Gabriel Lincoln, que estudava pela manhã e ajudava sua família a fazer pizzas à noite, continua sendo um caso emblemático, com repercussão em todo o estado de Alagoas e fora dele. Familiares e ativistas pedem justiça e clamam pela responsabilização dos envolvidos.

O Domingo Espetacular exibiu, no dia 21 de setembro, mais detalhes do caso, trazendo à tona novas informações que podem alterar o curso da investigação. O caso segue em andamento, com a sociedade aguardando uma solução definitiva.