Polícia

Morte de Polly completa um mês: 'todos os envolvidos precisam ser indiciados', diz advogado

Comissão de amigos segue acompanhando as investigações, que devem ser concluídas até dia 20

Por Tribuna Hoje com assessoria 08/09/2025 11h09 - Atualizado em 08/09/2025 17h51
Morte de Polly completa um mês: 'todos os envolvidos precisam ser indiciados', diz advogado
Amigos de Claudia Pollyanne - Foto: Reprodução

A morte da esteticista Claudia Pollynne, de 41 anos, em uma clínica de reabilitação completou um mês nesse domingo (7). O inquérito policial deve ser concluído até o dia 20 deste mês. A Comissão de Amigos da vítima destaca que sua atuação em cobrar as autoridades foi fundamental para que as investigações fossem aceleradas.

Conforme a comissão, foram muitas idas ao Fórum de Marechal Deodoro, Ministério Público (MPE), Centro integrado de Segurança Pública (Cisp), Delegacia Geral de Polícia Civil, além de entrevistas á imprensa e reuniões à portas fechadas.

“Estamos ansiosos pelo resultado do inquérito. Todos os envolvidos diretamente ou indiretamente precisam ser indiciados. A Comissão de Amigos foi de extrema importância para que o caso não ficasse impune, já que a família não se pronunciou, tampouco procurou o grupo”, afirmou o advogado Napoleão Lima Júnior

Os proprietários do estabelecimento, Maurício Anchieta e Jéssica da Conceição, foram presos. Jessica foi presa em flagrante num primeiro momento, após denúncia da comissão que havia uma menor na clínica clandestina sendo submetida a tortura e à violência sexual. Maurício também foi autuado pelos mesmos crimes. Ele estava escondido num motel em Jacarecica, quando foi localizado por agentes da Polícia Civil de Alagoas (PC/AL).

A barbárie revela a falta de fiscalização em clínicas e estabelecimentos de recuperação. "É necessária que "batidas" sejam feitas de forma rotineira pelos órgãos de controle", reforça a comissão de amigos, que pretende esta semana encaminhar uma série de dúvidas à comissão de delegadas designada para o caso.

O laudo do Instituto Médico Legal (IML) apontou indícios de agressões e intoxicação medicamentosa no corpo de Cláudia Pollyanne. Durante exame cadavérico, o perito médico-legista Lucas Emanuel identificou múltiplas lesões externas distribuídas por diferentes regiões do corpo e em estágios evolutivos variados.

As marcas mais recentes estavam localizadas na face, com destaque para uma extensa equimose no olho direito (presença de acúmulo de sangue devido à ruptura de vasos sanguíneos), compatível com impacto causado por instrumento contundente.

De acordo com a Polícia Científica, lesões antigas, observadas no abdome e na coxa esquerda, sugerem a ocorrência de agressões físicas reiteradas ao longo do tempo. Também foram constatados sinais de traumatismo crânio-encefálico que, embora não apresentassem potencial letal imediato, podem ter contribuído significativamente para o desfecho fatal.

Ainda confirmou a presença de múltiplos medicamentos pertencentes a diferentes classes — incluindo antidepressivos, antiepilépticos, antipsicóticos, benzodiazepínicos e anti-histamínicos — muitos dos quais com efeito sedativo significativo.

A Comissão de Amigos de Claudia Pollyanne é representada pelo advogado Napoleão Lima Júnior. Polly deixa uma filha de 17 anos e centenas de amigos órfãos.

O CASO

Cláudia Pollyanne Farias de Sant’Anna, conhecida como “Polly”, de 41 anos, morreu no dia 9 de agosto na clínica terapêutica Luz e Vida, localizada em Marechal Deodoro, na Região Metropolitana de Maceió. Ela estava internada há cerca de 15 meses para tratamento de dependência química quando. De acordo com relatos de pessoas próximas, ela não fazia uso de drogas no momento da internação e apresentava hematomas pelo corpo quando foi levada já sem vida a uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Marechal Deodoro.

As investigações apontam ainda um histórico de irregularidades envolvendo os administradores da Luz e Vida, incluindo denúncias anteriores de maus-tratos e restrições abusivas em outra clínica mantida pelo casal em São Paulo.

Testemunhas afirmam que o proprietário seria o responsável direto por agressões a pacientes.