Cidades
Moradores dos Flexais são ouvidos por comitiva do CNJ durante visita
Cerca de 3.500 pessoas estão ilhadas e cobram realocação digna por parte da Braskem

Dezenas de moradores dos Flexais em Maceió, que tiveram seus imóveis afetados pela mineração de sal-gema por parte da petroquímica Braskem, foram ouvidos pessoalmente por conselheiros do Conselho Nacional de Justiça e do Observatório de Causas de Grande Repercussão (OCGR), no início da tarde desta sexta-feira (19).
Cerca de 3.500 pessoas ainda residem nos Flexais e Quebradas, totalizando aproximadamente 1.100 famílias. Durante a visita, a comitiva percorreu a pé algumas ruas dos bairros prejudicados e presenciou a realidade dos moradores que cobram urgentemente uma realocação digna.
Maurício Sarmento, representante do Movimento Único Vítimas da Braskem (MUVB), acompanhou de perto a visita da comitiva e detalhou o que vem ocorrendo com os moradores dos bairros após a extração da mineração.

“Muitos estão sem emprego, como os pescadores, por exemplo, aqueles que vendiam mantimentos nos pequenos comércios… Não há mais nada, os deslocamentos são longos para comprar qualquer coisa que seja, estão todos ilhados, quem não tem carro sofre, privados de tudo, não há escolas, posto de saúde, igreja, transporte coletivo, trem, Correios, nem local para se enterrar. Perdemos toda a conectividade com a cidade de Maceió”, desabafou ele para o João Paulo Schoucair e Luiz Fernando Bandeira, conselheiros do CNJ.
Valdemir Alves, integrante do MUVB, reforçou que na reunião ocorrida ontem (18), foi relatado todo o sofrimento que a comunidade passa há mais de três anos, “hoje eles tiveram a oportunidade de fazer uma inspeção no bairro, andar para falar com a comunidade, para confirmar o que foi dito. Porque todos nós estamos vivendo a mesma situação”, frisou.
“Daqui por diante aguardamos que venha um resultado justo diante de tanta luta que a gente já travou e de tanta dor e sofrimento que foi causado aqui pelo crime da mineradora Braskem e pelo desprezo da própria Justiça de Maceió, que não deu atenção justa a nós que somos vítimas. E hoje nós não somos vítimas somente da Braskem, somos dos poderes também”, afirmou.

Alves contou que assim como ele muitos não têm como ter a mesma renda de antes. “Hoje não posso comprar um objeto para dizer que vou pagar uma prestação de R$ 200 por mês, porque meus comércios não têm estabilidade econômica para isso. O bairro perdeu o poder econômico. Então a gente quer indenização justa com realocação para que se possa viver dignamente com os valores dos nossos patrimônios, que perderam os valores diante dessa situação”, reclamou.
ACORDO DE R$ 25 MIL
Valdemir Alves lembrou ainda que a Braskem fez um acordo de R$ 25 mil, na tentativa de quitar o crime que cometeu com R$ 25 mil. “No acordo dizia que o proprietário que pegasse esse valor estava quitando pelos os R$ 25 mil o crime que ela cometeu no passado, no presente ou no futuro. Eu não peguei esse valor e é por isso que eu estou aqui. Algumas pessoas pegaram, mas esse acordo tem que ser quebrado porque é um acordo ilícito, onde as vítimas que pegaram esses R$ 25 mil pegaram por necessidade, não pegaram acreditando que era para quitar o crime daquele imóvel. Então, existe muito erro e muita mentira nesse meio e não vai se proceder na nossa mente que acreditamos que isso é certo. É por isso que estamos aqui, resistindo, porque a Braskem faz o que quer. O Ministério Público recebe os laudos técnicos, assina sem inspecionar o que a empresa está fazendo e aceita e, de repente, a comunidade não participa e passa por uma situação dessa”, mencionou.
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