Saúde

Mulheres atingidas pelo Zika em Alagoas são jovens e com baixa escolaridade

Durante investigação, foram percorridos mais de 800 quilômetros e 21 municípios alagoanos

17/05/2017 16h52
Mulheres atingidas pelo Zika em Alagoas são jovens e com baixa escolaridade
Reprodução - Foto: Assessoria

Jovens, negras e indígenas, pouco escolarizadas e que estão fora do mercado do trabalho. Este é o perfil das mulheres atingidas pelo vírus Zika em Alagoas, segundo pesquisa do Instituto de Bioética Anis apresentada nesta quarta-feira (17) na sede da Defensoria Pública do estado. O estudo aponta, ainda, que a maioria delas vivenciou a primeira gravidez ainda na adolescência.

Durante a investigação, foram percorridos mais de 800 quilômetros e 21 municípios alagoanos. Ao todo, foram entrevistadas 54 mulheres com crianças confirmadas ou descartadas pelos critérios vigentes para microcefalia. As regiões percorridas foram as do Agreste, Sertão, Alto Sertão e Litoral. A pesquisa foi realizada em dezembro de 2016, quando o Ministério da Saúde registrava 86 casos confirmados ou em investigação de síndrome congênita do Zika em Alagoas.

“Elas são, majoritariamente, adolescentes ou mulheres muito jovens, negras e indígenas, com pouca escolaridade, e integralmente dependentes das políticas sociais cada vez mais frágeis no país. Os números, narrativas e imagens aqui apresentados nos permitem assegurar que, se há algum paradoxo em curso na epidemia em Alagoas, é o do silêncio sobre seus efeitos para a vida das famílias e das mulheres, em particular”, disse. 

Débora defende que há urgência na proteção de direitos de mulheres e crianças afetadas. Ela destaca que a estratégia de eliminar o mosquito vetor é  uma medida urgente de saúde pública, mas avaliou que proteger os direitos e as necessidades de mulheres e crianças afetadas pela epidemia é algo ainda mais emergencial.

Parceria

Desde fevereiro deste ano, o Instituto Anis atua em parceria com a Defensoria Pública de Alagoas, ofertando suporte técnico e científico e na promoção de eventos pertinentes à temática de proteção de direitos humanos no contexto da crise de saúde pública do vírus zika.

No mês passado, as instituições atuaram em parceria na promoção do evento “Deu Zika em Maceió”, organizado pela Esdepeal e voltado para profissionais da saúde, líderes comunitários assistência social, que teve como finalidade apresentar dados sobre o Zika em Alagoas, discutir do cenário atual e seus desafios.

Números

A pesquisadora destacou que, no Nordeste, onde a epidemia foi registrada com maior força, há diferença na forma como os casos foram divulgados e tratados pela sociedade e o Poder Público em cada estado. Desde 2015, o Nordeste brasileiro aparece como uma espécie de epicentro global da epidemia do Zika, conforme classificou o próprio instituto Anis. O relatório do órgão aponta que, em abril de 2017, havia mais de 220 mil pessoas com registro de adoecimento pelo vírus na região.