Saúde

Cigarro funciona como "antidepressivo" para aliviar tensões de trabalhadores fumantes

Tabagismo é a principal causa morte evitável no mundo, diz Organização Mundial de Saúde

25/02/2017 11h36
Cigarro funciona como 'antidepressivo' para aliviar tensões de trabalhadores fumantes
Reprodução - Foto: Assessoria

A coordenadora do Programa de Controle de Tabagismo do Hospital Universitário Professor Alberto Antunes (HUPAA), considerado referência, em Alagoas, pelo Ministério da Saúde (MS), Seli Almeida, enfatiza que dentre as cinco mil substâncias tóxicas presentes no cigarro, a nicotina é muito conhecida pelo seu alto grau de dependência química, o que leva o fumante a ter a necessidade orgânica de fumar, como também pela dependência psicológica: o consumo de nicotina pode provocar sensações de relaxamento e tranquilidade, muitas vezes requeridas em ocasiões de estresse e pressão, como o ambiente de trabalho.

“A nicotina age em vários tipos de receptores no sistema nervoso central; no cérebro, especialmente onde ocorre a liberação de dopamina, que provoca a sensação de gratificação ou prazer”, frisou.

EMOÇÃO EM PRIMEIRO PLANO

Segundo a pneumologista Seli Almeida, recorrer a estas sensações é cada vez mais comum entre os trabalhadores que sofrem com a ansiedade causada pelo dia a dia laboral, o que torna tudo mais crítico, já que o consumo tende a aumentar à medida que o cigarro se torne um ‘antidepressivo’ diário. Além disso, o fumo pode ocasionar uma possível queda de desempenho em virtude da vontade constante de tragar, situação em que é obrigado a interromper suas tarefas para alimentar o vício.

É importante mencionar que o profissional que fuma tem maior probabilidade de obter doenças nos mais diversos órgãos do corpo humano, desde uma laringite, rinite, conjuntivite até câncer de boca e garganta, o que nos desmistifica a ideia de que somente os pulmões são afetados. “Independente da gravidade, doenças geradas pelo cigarro podem exigir que o funcionário se ausente do trabalho, afetando diretamente a sua produtividade. Não distante, a saúde dos colegas que estão expostos à fumaça também é preocupante: de acordo com o Ministério da Saúde, entre os fatores de risco para enfermidades crônicas, mais de 12% são concebidos por fumantes passivos”, relembrou.

“Dos pacientes portadores de câncer de garganta ou boca, cerca de 90% são tabagistas”, revelou a pneumologista Seli Almeida.

A pneumologista diz que apesar da Fumaça Ambiental do Tabaco (FAT), ser um problema muito danoso para a saúde, ainda é negligenciado pelos os setores públicos e privados, técnicos e políticos. “Sabemos que fumar em ambientes fechados demonstra desrespeito aos outros e também as leis. E para isso é importante que se cumpram as normas e que o processo educativo seja mais vigoroso e exigente”, reforçou.

Logo, a especialista destacou que seja imprescindível que as empresas promovam campanhas de conscientização e prevenção do tabaco para seus colaboradores, além do incentivo ao desenvolvimento de ações e programas de saúde para os funcionários que sustentam o vício pelo cigarro. Acima de poupar queda de produtividade, as organizações que apoiam a causa estão também conservando a vida de seus funcionários.

O tabagismo ainda é a principal causa de morte evitável no mundo, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), matando cerca de cinco milhões de pessoas todos os anos. No Brasil, é estimado que aproximadamente 200 mil pessoas cheguem a óbito em decorrência do tabagismo. Os cânceres de pulmão e laringe são os que mais matam no país.

A OMS (Organização Mundial de Saúde) estima que 30 % dos adultos se expõem a Poluição Tabagista Ambiental (PTA). Segundo a OMS, o tabagismo passivo pode causar os mesmos problemas que o tabagismo ativo, dentre os problemas imediatos: irritação nos olhos, sintomas nasais, cefaleia, além dos tardios como, câncer de pulmão e enfisema pulmonar.

PROGRAMA

Considerado referência em Alagoas pelo Ministério da Saúde (MS), o Programa de Controle de Tabagismo do Hospital Universitário Professor Alberto Antunes (HUPAA), coordenado pela pneumologista Seli Almeida, envolve uma equipe multidisciplinar composta por médicos, psicólogos, enfermeiros, assistentes sociais, farmacêuticos, nutricionista e educadora física na rotina de atendimento que registra mensalmente 120 novos pacientes.

O atendimento, feito pelo Sistema Único de Saúde (SUS), é dotado de trabalho cognitivo comportamental, com realização de terapias em grupo, e de tratamento medicamentoso, este sob a responsabilidade da Secretaria de Saúde de Maceió (SMS).