Política

Aparição de Teotonio Vilela mobiliza políticos e mexe com o PSDB

Ex-governador é considerado exímio articulador político e tucanos avaliam retomada do protagonismo da legenda

Por Tribuna Independente 22/01/2022 12h02
Aparição de Teotonio Vilela mobiliza políticos e mexe com o PSDB
Reprodução - Foto: Assessoria
Após um período fora dos holofotes da política, o ex-governador Teotonio Vilela Filho voltou a aparecer recentemente nos noticiários. Depois dessa aparição, a expectativa é de que ele participe de alguma forma dos bastidores das eleições deste ano, pelo menos para tentar reativar o protagonismo do PSDB de modo geral. A reportagem da Tribuna procurou o ex-governador para saber como está sendo desenvolvido o papel dele nas eleições deste ano e se ele defende que o PSDB tenha candidato próprio ao governo de Alagoas. No entanto, sua assessoria se limitou a dizer que “Teotonio participa dessa eleição apenas como eleitor e nada mais que isso”. A aparição de Teotonio foi repercutida com membros do partido, para saber como eles avaliam a chegada do ex-governador nesse cenário eleitoral e se isso pode fortalecer a legenda. Sobrinho de Teotonio Vilela, o deputado federal Pedro Vilela, disse que respeita e se orgulha como sobrinho e alagoano da trajetória política do tio, mas entende a posição dele de só participar da política como eleitor. O deputado disse ainda que o PSDB, com a representatividade no Congresso Nacional, tem trabalhado muito por Alagoas e por Maceió, e que não tem dúvida de que o resultado desse trabalho credencia a legenda a crescer mais no estado. A deputada federal Tereza Nelma ressaltou que o ex-governador nunca saiu do cenário, pois é um dos políticos mais habilidosos da sua geração, e até quando se omite, está presente no jogo. A parlamentar acrescenta que ele passou a direção do PSDB a um político jovem, numa decisão de cúpula, mas o resultado desagradou à maioria. “Assim, não sei se fortalece a legenda. Para isso seria necessário um partido minimamente estruturado. Mas, seguramente, ele pode fortalecer uma candidatura próxima aos seus objetivos. A velha guarda do PSDB, em nível nacional, está tentando se rearticular. A derrota do Eduardo Leite, nas prévias do partido, fez o movimento retroceder. Mas, como não trato de política com o Téo [Vilela] há bastante tempo. Pode ser que esteja influindo nas eleições de Alagoas. Pelo menos nas áreas que circulo, não vejo a ação de Vilela. E olhe que ele é um mestre de alianças. Não gosta de deixar nenhuma força fora de seus projetos”, avalia Tereza Nelma. Tereza pontua que toda uma geração de políticos sociais democratas, que construiu o PSDB, não tem mais o protagonismo e avalia que o PSDB só retomará seu papel se visitar a nova social-democracia, que era adversária do neoliberalismo. “O PSDB precisa retomar as bandeiras sociais, a defesa dos trabalhadores, a inclusão social, a luta contra a violência, o apoio às lutas das mulheres. Isso também significa retomar o diálogo com as forças de centro-esquerda. Só com uma democracia participativa veremos o renascer do PSDB”. Para a deputada estadual, Cibele Moura, o ex-governador é, inegavelmente, um dos grandes políticos da história de Alagoas e continua sendo um dos maiores representantes do PSDB não apenas para o estado, mas a nível nacional, e sua trajetória segue como uma referência para muitos. “Ao longo dos anos, Téo tem se mostrado um político verdadeiramente atuante, de palavra e que trabalha em prol do nosso estado com maestria, mesmo quando longe dos holofotes. Dito isso, fica claro que nenhuma articulação política que exista hoje, em Alagoas, pode deixar de passar por uma boa conversa com ele, dada sua experiência, sabedoria e influência para com os alagoanos”. RESPEITO POLÍTICO Dentro desse contexto a reportagem da Tribuna ouviu ainda a análise do cientista político, Ranulfo Paranhos, sobre essa chegada de Téo Vilela após esse hiato político. Ranulfo pontua que a avaliação é da figura do político Teotônio Vilela e que nesse ponto está se falando de um ex-senador, um ex-governador por oito anos, inclusive. “Então não é, não é qualquer político, é um político que saiu da política, está ausente da política, não porque perdeu o mandato, não é? Mas está ausente da política por outras questões. Téo tem peso na opinião pública? Eu acho que sim. Tem peso no meio político? Eu também acho que sim. É um cara de partido, é um cara com histórico. Então ele é respeitado no meio político. Esse peso é negativo? Não. Então veja, as duas perguntas anteriores são respondidas de forma positiva. Então o Téo é uma imagem que ainda agrega, agrega pelo histórico, agrega pelo espaço dentro do partido, né? Agrega por ser uma figura política”. O cientista político ressalta que a presença de Teotonio é importante para o partido porque o partido neste momento passa a falar o mesmo idioma. “Então não é rachado publicamente. Pode ser internamente, pode ter disputa, pode ter briga, pode o Rodrigo não ceder espaço na sua campanha para o Téo pode muita coisa, mas publicamente conta e isso é importante que ao contrário do que o PT tem hoje em relação a campanha do Lula com o Alckmin né?  Uma ala do PT publicamente se colocando contrário ao nome do Alckmin. Então veja, publicamente é um símbolo e isso conta né? Não sei se tem muito peso na obtenção de votos. Mas já na própria condução da campanha já é um começo importante”.