Política

Ruas começam a encurralar gestão de Jair Bolsonaro

Mobilização da esquerda apresenta primeiros sinais para que a população amplie a rejeição ao presidente

Por Carlos amaral com Tribuna Independente 02/06/2021 07h48
Ruas começam a encurralar gestão de Jair Bolsonaro
Reprodução - Foto: Assessoria
No último sábado (29), por todo o país, manifestantes foram às ruas protestar contra o governo Jair Bolsonaro (sem partido), pedindo seu impeachment. Em Maceió, a manifestação reuniu cerca de 8 mil pessoas – a pé ou de carro. Para a cientista política Luciana Santana, os atos deste fim de semana são os primeiros sinais nas ruas de que a população começa a rejeitar o presidente da República. “As ruas já começaram a mostrar que há uma insatisfação muito grande em relação ao presidente e a quantidade de pessoas que foram às ruas acabou surpreendendo. Foi um volume muito maior do que as aglomerações que a gente tem visto das manifestações pró-Bolsonaro. Eu acho que é um termômetro já que acende o sinal de alerta no governo e isso que já vinha sendo sinalizado pelas próprias pesquisas eleitorais, que apontam o aumento da rejeição e a possibilidade de Lula [PT] vencer num possível segundo turno contra Jair Bolsonaro”, analisa a cientista política. Luciana Santana pondera que o momento não era o de fazer manifestação, para não gerar aglomeração por conta da pandemia de Covid-19, fato que, inclusive, reduziu a quantidade de manifestantes. “Acho que não era o momento de fazer qualquer tipo de aglomeração por causa das questões epidemiológicas mesmo, do aumento dos casos e de óbitos por Covid-19”, pontua. “[As manifestações] serviram para que o governo, realmente, sentisse que não é uma unanimidade, que as pessoas estão insatisfeitas com o enfrentamento da pandemia, estão insatisfeitas com relação ao Governo. Numa situação de maior normalidade, provavelmente, a gente teria um volume muito maior de pessoas nas ruas protestando”, completa a cientista política. CUT Na avaliação de Rilda Alves, presidenta da Central Única dos Trabalhadores (CUT) em Alagoas – uma das organizadoras dos atos deste sábado no estado –, a manifestação na capital alagoana superou as expectativas. Para ela, devido à falta de condições para permanecerem em casa, as pessoas tendem a ir às ruas para protestar contra o governo Jair Bolsonaro. “Supriu nossas expectativas, mesmo com nossa preocupação em relação à Covid, com o recente decreto de isolamento do governador, mas o povo, realmente, está cansado da política do governo Bolsonaro, que não dá condições para as pessoas ficarem em casa, sem vacina e com auxílio de valor muito baixo”, comenta. “É essa falta de condições de ficar em casa que faz o povo ir às ruas e não sei até onde dá para segurar. Essa indignação do povo não ficou só no dia 29, a gente precisa ter cuidado, mas, com certeza, não terá como segurar o povo em casa. O que pode fazer, é comida e vacina”, completa a presidenta da CUT em Alagoas. Rilda Alves ainda refuta as afirmações de que os atos de sábado repetiram as aglomerações geradas pelo presidente da República e seus apoiadores, nas manifestações favoráveis a ele. Ainda de acordo com ela, uma avaliação coletiva das manifestações será discutida em reunião com todas as entidades que organizaram o ato, ainda esta semana.