As últimas eleições municipais ratificaram em Alagoas o poderio do grupo Beltrão, antes liderado pelo já falecido João Beltrão e que hoje está rachado em dois núcleos. Uma ala é liderada pelo deputado federal Marx Beltrão (PSD) e outro grupo pelos irmãos Marcelo (PP), prefeito de Coruripe e Marcius Beltrão (PDT) ex-prefeito de Penedo por três mandatos, e empossado, recentemente pelo governador Renan Filho (MDB), para comandar a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico e Turismo (Sedetur).

Após o avanço de uma parte da família Beltrão nas eleições municipais do ano passado, conquistando espaços, votos e mandato em Jequiá da Praia, Coruripe, Feliz Deserto, parte de Piaçabuçu e Penedo, um novo enfrentamento político está sendo pavimentado para as eleições de 2022: a vaga na Câmara Federal, atualmente com o deputado Marx Beltrão, em segundo mandato.

Com a vitória de Marcelo Beltrão em Coruripe nas eleições do ano passado, o nome de Marcius Beltrão, praticamente de imediato, surgiu como cotado para disputar a eleição de deputado federal. Ou seja, temos divisão dos votos na Região Sul, o que pode ser prejudicial para ambos os lados, sobretudo para Marx Beltrão, que não conseguiu eleger seus candidatos, em Jequiá da Praia e Coruripe, por exemplo.

À Tribuna, Marcius Beltrão confirmou que pretende disputar o cargo na Câmara Federal em 2022.

Já Marx preferiu ressaltar que ainda falta mais de um ano para as eleições e que está trabalhando em prol de Alagoas, garantindo recursos para dezenas de municípios no estado e legislando em prol dos alagoanos em Brasília.

“Sobre as eleições, me posicionarei no momento certo. Só sei que venho trabalhando muito para honrar cada um dos mais de 139 mil votos que recebi dos alagoanos e alagoanas em 2018. E tenho certeza que o povo alagoano reconhece meu trabalho em prol de nosso estado”, informou o parlamentar.

Pensando também em seu futuro político, o governador Renan Filho garante espaço para os dois núcleos da família. Marx tem indicações na Secretaria de Estado da Agricultura (Seagri), com o irmão Maykon Beltrão no comando da Pasta, além de indicações na Adeal, Emater, Ideral e Iteral, todas ligadas à Seagri.

Para o cientista político Ranulfo Paranhos, Marx está perdendo força. Segundo ele, o primeiro sinal dessa fragilidade foi o lançamento de dois candidatos para a mesma instituição, que eram os dois deputados estaduais da mesma família Marcelo Beltrão de um lado e Yvan Beltrão do outro. Paranhos aponta, ainda, algumas movimentações políticas de Marx que deram errado.

“Agora você tem mais ou menos uma intensificação disso porque os dois passam a integrar a base do governo Renan Filho. Agora veja, o Marx tem algumas movimentações que não é de agora e tem dado errado. Aquela movimentação dele para ser candidato ao Senado e que ele não conseguiu, o deixou fragilizado. Ele vinha fazendo uma pré-campanha ou pelo menos se organizando para o Senado, depois desiste e se lança para deputado [federal]. Até aí, tudo bem. Agora você tem duas forças internas dentro da mesma família, dois grupos”, contextualiza Paranhos.