Política

Davi Maia vai de JHC se Nonô não for candidato à prefeitura de Maceió

Deputado comenta projeção do DEM, mas defende uma união de forças da oposição para que o deputado federal seja eleito

Por Thayanne Magalhães com Tribuna Independente 15/02/2020 09h59
Davi Maia vai de JHC se Nonô não for candidato à prefeitura de Maceió
Reprodução - Foto: Assessoria
Davi Maia tinha 16 anos quando se filiou ao Partido da Frente Liberal (PFL), atual Democratas (DEM). Desde então, ele traçou a sua posição política de direita, defensor do mercado livre e estado mínimo, mas se tornou conhecido em Alagoas por suas medidas em defesa do meio ambiente. À Tribuna, o deputado estadual tratou sobre a ausência de políticas ambientais em Alagoas, além de garantir que se José Thomaz Nonô (DEM) não disputar a Prefeitura de Maceió, ele fica ao lado de JHC, pré-candidato à sucessão de Rui Palmeira (PSDB) na capital.   Tribuna Independente – Deputado, a sua principal bandeira é a defesa do meio ambiente. São vários discursos na Assembleia Legislativa do Estado, neste sentido. Em Alagoas, temos IMA-AL, FPI do São Francisco do MP Estadual, entre outros órgãos que demonstram estar preocupados com a situação ambiental no Estado. Em sua avaliação, Estado e municípios ainda não priorizam a pauta ambiental? Davi Maia – Sem dúvida nenhuma, especialmente se a gente falar do Estado de Alagoas. Aqui não tem políticas ambientais claras. No IMA [Instituto do Meio Ambiente] por exemplo, a grande massa do instituto é para fazer propaganda e distribuir sacola de plástico na praia. Isso não é política ambiental. Quando aconteceu o problema do óleo nas praias, por exemplo, não houve um estudo do IMA sobre os impactos do desastre. Acontecimentos como esse em outros locais do mundo mostram que os impactos vão nos acompanhar nos próximos 20 anos. E nós temos flora e fauna, um bioma, muitos frágeis, como a costa dos corais e os mangues. No IMA não existia rubrica para áreas degradadas e nem monitoramento e triagem de animais silvestres. Só para a comunicação eram gastos R$ 440 mil. Para não ficar só na reclamação, nós realocamos R$ 400 mil desse recurso para a recuperação de áreas degradadas e para a questão dos animais silvestres. O que mais me deixou feliz foi que a medida foi aprovada pelo governador, mostrando que, mesmo sendo oposição, estamos ajudando a traçar um plano para o meio ambiente. Até 2019 o IMA servia apenas para propaganda. Tribuna Independente – O deputado avalia que o discurso do governo Bolsonaro tem incentivado ainda mais o desmatamento, grilagem de terras, desrespeito à cultura indígena? Davi Maia – O discurso do começo do governo Bolsonaro sim, especialmente do ministro do Meio Ambiente Ricardo Sales, influenciou. Mas, eu tenho as minhas restrições com a política indigenista do Brasil e não concordo muito com algumas áreas serem consideradas de preservação. Alagoas é um grande exemplo disso porque muitos indígenas estão morando em áreas que não são preservadas. Eles não estão preservando nada. Era melhor que o Governo do Estado fizesse uma política de reforma agrária e distribuísse terra para esses índios. No Brasil 11% do território é de área protegida e muitas delas estão na mão dos índios. Eu não concordo que se fala exploração econômica nessas áreas, porque a legislação diz que a área não pertence a ninguém, é da União. Mas tem índio explorando economicamente de forma ilegal, seja com mineração ou plantando soja. O que atrapalha a conservação ambiental no Brasil é a falta de regulamentação fundiária. Um dos grandes problemas da Amazônia são assentamentos localizados em áreas de proteção, mas ninguém sabe onde começa e onde termina a terra. Tribuna Independente – As suas ações, projetos e discursos no Legislativo repercutem positivamente para o fortalecimento do seu partido, o Democratas (DEM). E o momento político do DEM em Brasília também é de projeção. O DEM caminha para uma disputa à Prefeitura de Maceió ou deputado tem alguma articulação para apoiar um dos pré-candidatos que se apresentam? Davi Maia – Primeiro eu quero dizer que sou filiado ao PFL (Partido da Frente Liberal) desde 2003 e nunca tive outro partido. Depois que mudou para Democratas, na minha opinião, se esqueceu muito das suas ideias liberais. Sobre as eleições, fica difícil dizer quem vamos apoiar antes das convenções. O DEM tem um nome expressivo em Alagoas que é o José Thomaz Nonô e poderia ser um dos candidatos na disputa da Prefeitura de Maceió. Eu, particularmente, caso Nonô não seja candidato, gostaria que o grupo de oposição ao governador Renan Filho [MDB] marchasse com JHC [pré-candidato à prefeitura pelo PSB]. Gostaria de articular com o prefeito Rui Palmeira [PSDB] e com o senador Rodrigo Cunha [PSDB] para que todos estivessem no mesmo barco do JHC na disputa, construindo uma frente ampla de oposição ao governo. O que eu tenho medo é de ver a oposição sendo pulverizada. Por fim, neste contexto, não sou candidato a nada e pretendo concluir o meu mandato. Tribuna Independente – O deputado faz parte de uma corrente política – se assim podemos chamar –, o RenovaBr. A iniciativa se fortalece pelo País e defende candidaturas sem ligações a partidos políticos. Este é o caminho a ser seguido? Davi Maia – Não. Primeiro deixa eu esclarecer. O Renova não é uma corrente política, é uma escola de políticos. Tem gente que defende sim candidatura avulsa, e eu posso lhe dizer que um dos grandes expoentes disso é o nosso diretor de ensino que é o Gabriel Azevedo, que é um vereador em Belo Horizonte. Ele defende que a legislação seja alterada [no Brasil não é possível se candidatar para um cargo político sem estar filiado a um partido]. Esteve no Supremo Tribunal Federal (STF) e as candidaturas avulsas estão para ser julgadas. Eu sou contra. Eu acho que para você ser candidato, na democracia, é preciso que haja partidos fortes. O que não pode acontecer é esse balcão de negócios que virou o Brasil, com 33 partidos, que viraram meramente cartórios onde você chega e registra sua candidatura, sem apresentar propostas. Em alguns você precisa pagar para se candidatar.