Política

Queiroz se envolveu em dois casos de morte quando era PM, diz revista

Mortes ocorreram em 2002 e 2003, antes de ele se tornar assessor de Flávio Bolsonaro na Alerj, o que ocorreu a partir de 2007

Por RJ2 / G1 22/06/2019 01h18
Queiroz se envolveu em dois casos de morte quando era PM, diz revista
Reprodução - Foto: Assessoria
O ex-assessor parlamentar Fabrício Queiroz, que trabalhou, a partir de 2007, no gabinete de Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) , já se envolveu em dois casos de morte relatados como auto de resistência na Cidade de Deus. O caso foi revelado pela revista Veja. Atualmente, Queiroz está sendo investigado pelo Ministério Público por movimentações financeiras suspeitas. A defesa de Queiroz afirmou que ele não tem ficha corrida e que as ocorrências citadas são frutos de sua atuação como policial "sempre pautada dentro da legalidade e ao bem da sociedade". O envolvimento com mortes e outros detalhes violentos do passado aumentam a lista de suspeitas sobre Fabrício Queiroz, ex-policial militar que trabalhou no gabinete do senador Flávio Bolsonaro, do PSL, na Alerj. A reportagem da revista Veja relata mortes, agressão à mulher e vínculos com o chefão de milícia mais procurado do Rio de Janeiro, Adriano da Nóbrega. Em 2003, Fabrício e Adriano serviram juntos no 18º Batalhão da PM (Jacarepaguá), na Zona Oeste do Rio. Segundo a revista, Queiroz tem o nome vinculado a pelo menos duas mortes violentas. A primeira no dia 16 de novembro de 2002, na Cidade de Deus. A reportagem da Veja aponta que policiais escondidos numa laje trocaram tiros com bandidos durante um baile funk. A revista ouviu moradores que lembraram do caso e afirmaram que o motivo foi o não pagamento de propina para a realização do baile. Dois rapazes ficaram feridos - um deles morreu 25 minutos depois de chegar ao hospital. O laudo do Instituto Médico-Legal mostra que o homem, identificado depois como Gênesis Luiz da Silva, de 19 anos, levou um tiro na nuca, que entrou pelo pescoço e saiu na altura do queixo. O laudo afirma que o disparo não foi à queima-roupa. Na delegacia, os policiais registraram o caso como auto de resistência e alegaram que mataram para se defender. A Polícia Civil diz que, até hoje, não se chegou à autoria dos disparos e por isso vai sugerir pelo arquivamento do inquérito. Numa segunda morte aparece o nome de Adriano da Nóbrega. Ele é investigado por chefiar uma milícia em Rio das Pedras, na Zona Oeste e está foragido desde o início do ano. Ele também é suspeito de ser o chefe do Escritório do Crime, organização que realiza assassinatos por encomenda. Segundo a Veja, o então tenente Adriano e o sargento Queiroz, no dia 15 de maio de 2003, atiraram em Anderson Rosa de Souza durante uma ronda na Cidade de Deus. Novamente, a morte foi registrada como auto de resistência. A certidão de óbito de Anderson, pai de dois filhos, técnico de refrigeração, menciona ferimentos por arma de fogo na cabeça, pulmão e baço. Mais tarde, os policiais informaram que Anderson seria gerente do tráfico local. O inquérito está com o ministério público e permanece em aberto até hoje. A revista lembrou que Adriano da Nóbrega já recebeu uma menção honrosa e depois uma comenda por iniciativa do então deputado Flávio Bolsonaro. A Veja diz ainda que, em 2008, Márcia Aguiar, empregada no gabinete da Alerj e mulher de Fabrício Queiroz foi à delegacia da mulher relatar ter sido vítima de agressões do marido. Mas, ela não quis fazer o corpo de delito e o caso foi arquivado. Fabrício Queiroz é investigado pelo Ministério Público do Estado por suspeita de ter arrecadado parte dos salários de outros funcionários do gabinete de Flávio Bolsonaro, num esquema conhecido como “rachadinha”. O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) identificou que Queiroz movimentou R$ 1,2 milhão entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017. Queiroz se submeteu a uma cirurgia do intestino em janeiro e, desde então, faltou a convocações do Ministério Público para prestar depoimento alegando motivo de saúde, e não tem feito aparições públicas. A investigação do MP sobre a movimentação financeira suspeita dele e de outros funcionários da Alerj permanece em sigilo. Sobre o inquérito que apurou a morte de Gênesis da Silva, a Polícia Civil informou que há possibilidade de que ele tenha sido morto pelos próprios comparsas ou que os policiais tenham agido em legítima defesa e, por isso, a polícia vai sugerir o arquivamento do caso. O RJTV não conseguiu contato com a defesa de Fabrício Queiroz. Outro lado A defesa técnica de Fabrício Queiroz repudia com veemência a matéria veiculada pela Revista Veja, uma vez o senhor Fabrício não tem ficha corrida, pois não é bandido. Na realidade os registros de ocorrência mencionados na reportagem são fruto de sua atuação como policial militar em uma das cidades mais violentas do mundo, mas sempre pautadas dentro da legalidade e ao bem da Sociedade. No mais, reitera que já prestou todos os esclarecimentos acerca dos fatos ao órgão responsável pela apuração e vê as demais questões apenas como um fetiche mórbido por sua vida pessoal tentando criar a falsa imagem de alguém que transgride a lei sem qualquer relevância para a investigação. A defesa de Queiroz afirmou que ele não tem ficha corrida e que as ocorrências citadas são frutos de sua atuação como policial "sempre pautada dentro da legalidade e ao bem da sociedade".