Política

Ministro 'olavete' quer educação obscurantista

Indicado por Olavo de Carvalho, o guru da estrema-direita, Ricardo Vélez Rodrígues avança para fundamentalismo na educação do Brasil

Por Brasil 247 24/11/2018 09h31
Ministro 'olavete' quer educação obscurantista
Reprodução - Foto: Assessoria
Indicado por Olavo de Carvalho, o guru da estrema-direita brasileira, o novo Ministro da Educação escancara seu antipetismo estrutural e avança para o mais perigoso fundamentalismo aplicado à educação de que se teve notícia no Brasil. Ricardo Vélez Rodrígues, colombiano nascido em Bogotá, produz um discurso contraditório como sói acontecer na arquitetura confusa do governo Bolsonaro: ele quer uma educação ligada "à família e à moral" e diz sonhar com um um Brasil intelectualmente competitivo no cenário internacional, uma clara impossibilidade que não se sustenta em qualquer debate sério sobre políticas para educação. Sem nenhuma experiência na produção de políticas públicas, Rodríguez acredita ter uma tese a respeito da educação. Sua formação ultraconservadora o coloca em um patamar diferenciado na esfera do debate público brasileiro sobre a educação: ele não dialoga com nenhuma tradição e colide frontalmente com as políticas educacionais complexas colocadas em ação durante a consolidação de uma república multiétnica e heterogênea. Rodríguez ignora todo o pensamento brasileiro. Em um país que já teve no Ministério da Educação Anísio Teixeira e Darcy Ribeiro, a chegada de Rodriguez devasta um lugar consagrado que exige um pensamento tecnicamente sólido e rechaça experimentalismos. Ele polemiza consigo mesmo na tradicional bolha ideológica da extrema-direita, usando frases feitas e enunciados de fácil aceitação, para leigos e para claques. Note-se sua dicção afetada: "a instrumentalização ideológica da educação em aras de um socialismo vácuo terminou polarizando o debate ao longo dos últimos anos", seguida de uma arrogância desmedida e pretensiosa: "pretendo colocar a gestão da Educação e a elaboração de normas no contexto da preservação de valores caros à sociedade brasileira, que, na sua essência, é conservadora e avessa a experiências que pretendem passar por cima de valores tradicionais ligados à preservação da família e da moral humanista". O horizonte para a educação brasileira - como a quase totalidade dos articulistas da imprensa tradicional, conservadora ou não, pôde constatar de maneira meridiana - avança para um túnel de obscurantismo capenga, olaviano, bolsonariano, em um experimentalismo às avessas, postulando uma população inteira de educandos e professores como cobaias de um projeto que sequer foi discutido durante a campanha. A carta de Ricardo Rodríguez fala por si: "Tive a honra de ser nomeado Ministro de Educação pelo presidente eleito Jair Messias Bolsonaro. O motivo que me levou a apoiar a candidatura à Presidência da República do candidato Bolsonaro foi simples: ele externou a opinião da grande maioria do povo brasileiro, explicitada no desejo de ver consolidada uma nova forma de fazer política, longe das velhas práticas clientelistas e da tradicional negociação de cargos por benefícios pessoais. No cenário político que antecedeu as eleições, o candidato Jair Bolsonaro afinou-se com o desejo da grande massa dos setores populares, que estava cansada da república dos favores. As passeatas que percorreram ruas e praças Brasil afora, desde 2013, tinham como cerne a motivação de buscar uma nova forma de administrar o Brasil: em benefício dos cidadãos, que pagam impostos, colocando em função deles as instituições republicanas, corroídas pela corrupção em larga escala revelada pela Operação Lava Jato. O candidato Bolsonaro explicitou esse desejo dos eleitores no seu slogan: "Menos Brasília e mais Brasil".Quero deixar claro que o meu desejo é cumprir a contento o ideal proposto pelo nosso presidente eleito. A legislação e a gestão da Educação devem ir ao encontro das expectativas da sociedade. Devem levar em consideração primordialmente a dignidade das pessoas envolvidas, tanto os alunos quanto suas famílias, tanto os professores quanto os administradores. A instrumentalização ideológica da educação em aras de um socialismo vácuo terminou polarizando o debate ao longo dos últimos anos. Pretendo colocar a gestão da Educação e a elaboração de normas no contexto da preservação de valores caros à sociedade brasileira, que, na sua essência, é conservadora e avessa a experiências que pretendem passar por cima de valores tradicionais ligados à preservação da família e da moral humanista. A preservação de um pano de fundo de respeito à pessoa humana é fundamental. Não à discriminação de qualquer tipo. Não à instrumentalização da educação com finalidade político-partidária. Sim a uma educação que olha para as pessoas, preservando os seus valores e a sua liberdade. Precisamos recolocar a nossa Educação Básica, Superior, Profissional e Tecnológica em patamares que nos posicionem em destaque no contexto internacional. Assistimos a uma desvalorização da figura dos professores, notadamente no Ensino Fundamental e Médio. Ora, essa situação negativa deve ser revertida mediante uma política educacional que olhe para as pessoas. O sistema educacional deve olhar mais para as pessoas ali onde elas residem: nos municípios. O Estado brasileiro, desde Getúlio Vargas, formatou um modelo educacional rígido que enquadrava todos os cidadãos, olhando-os de cima para baixo, deixando em segundo plano a perspectiva individual e as diferenças regionais. Tocqueville frisava que o município é a escola primária da democracia. É o município que deve ser o foco na organização da nossa legislação educacional, olhando para as diferenças regionais e levando em consideração os interesses dos cidadãos onde eles residem. "Menos Brasília e mais Brasil", apregoou o candidato presidencial eleito durante a campanha. Pretendo tornar realidade esse ideal. Brasil acima de tudo, Deus acima de todos". Ricardo Vélez Rodríguez, ministro da Educação Indicado