Política

Vereador diz que PC erra ao ligá-lo ao assassinato de Neguinho Boiadeiro

Sandro Pinto garante não ter qualquer envolvimento com o crime ocorrido em Batalha em novembro de 2017

Por Carlos Victor Costa com Tribuna Independente 21/11/2018 08h08
Vereador diz que PC erra ao ligá-lo ao assassinato de Neguinho Boiadeiro
Reprodução - Foto: Assessoria
Apontados pela Polícia Civil de Alagoas (PC/AL), como participantes do assassinato do vereador por Batalha, Adelmo Rodrigues de Melo, o Neguinho Boiadeiro, morto em novembro do ano passado, Sandro Pinto, que também é vereador pelo município e seu sobrinho Raphael Pinto, concederam entrevista coletiva nesta terça-feira (20) para falar sobre o caso. Ambos garantem ser inocentes e que foram usados como bodes expiatórios, além de afirmar que a PC se equivocou ao atribuir esse crime a eles. Ainda respondem pelo assassinato do vereador Neguinho Boiadeiro, o analista judiciário Kleber Alves, Maikel Santos e um quinto suspeito que não teve sua identificação revelada. Em fevereiro deste ano, Raphael Pinto e Maikel foram presos suspeitos de serem os executores de Neguinho Boiadeiro. Na mesma ocasião, foi preso o vereador Sandro Pinto, mas ele foi solto posteriormente por meio de habeas corpus. Logo depois, eles foram considerados foragidos pela Justiça, sendo que Maikel foi preso novamente em agosto. Já Sandro Pinto, seu sobrinho e Kleber Alves foram considerados foragidos. No final de outubro, a juíza Amine Mafra Chukr Conrado, da comarca de Batalha, revogou a prisão preventiva dos dois primeiros. [caption id="attachment_260619" align="alignright" width="239"] Sandro Pinto: ‘Polícia teve pressa’ (Foto: Sandro Lima)[/caption] Ao iniciar a entrevista coletiva, Sandro Pinto explicou está indignado com toda a situação. Explicou também que dias antes do assassinato, Neguinho esteve em sua casa para uma tradicional reunião que acontecia entre os vereadores do município. “Foi um equívoco da polícia me colocar nesse inquérito do caso Neguinho Boiadeiro. Acredito que houve pressa da Polícia Civil para concluir as investigações. A gente tinha um acerto na Câmara que todo mês seria necessário ter uma reunião na casa de cada vereador e a última aconteceu em minha casa. Ele [Neguinho Boiadeiro] esteve em minha casa, bebemos, brincamos, ele cantou e foi o último a sair da minha casa. Não teria motivações para fazer isso com o meu colega vereador. Peço as autoridades do estado que apurem e investiguem este crime. Por sinal, venho pedindo e batendo na tecla de essa investigação ser feita pela Polícia Federal, que tem maiores condições de investigar o caso”, afirmou o vereador de Batalha. Neste período em que as investigações ocorrem, a Polícia Civil nunca se pronunciou sobre a participação de cada um no crime que vitimou o vereador Neguinho Boiadeiro. A reportagem da Tribuna Independente teve acesso a uma informação de que Neguinho Boiadeiro e Sandro Pinto já haviam se desentendido e até se agredido fisicamente. A briga é negada por Sandro Pinto, que ressaltou ainda, sempre ter mantido uma boa relação com o colega parlamentar. “Por sinal, ele [Neguinho Boiadeiro] diante de uns festejos na Câmara, 90 dias antes desse acontecimento, ele me deu carona do lugar que ele estava almoçando e me deixou na minha casa. No dia do crime, eu estava na sessão e esperei terminar. Assisti mais uns 15 minutos de palestra do pessoal do Banco do Nordeste. Fui pra minha casa, peguei o meu amigo e compadre Kleber, que também está indiciado nesse inquérito e fomos almoçar na minha casa. Lá, fiquei sabendo do acontecimento que foi na porta da Câmara”, informou Sandro Pinto. Ele explica ainda que no inquérito da Polícia Civil o que consta contra ele é apenas uma ligação telefônica que teria feito para Neguinho Boiadeiro no dia do assassinato, além de que Sandro estaria demonstrando preocupação durante a sessão na Câmara. “Simplesmente, no inquérito, teve uma pessoa que falou que eu tinha ligado para o próprio Neguinho Boiadeiro nesse dia, só que eu não liguei. Puxei os extratos da conta do meu telefone, está nos autos do inquérito, pedi junto com meu advogado que quebrassem o sigilo telefônico do Neguinho para provar diante da Justiça que a gente não ligou para o Neguinho. Só isso que reza no inquérito, que eu estava meio preocupado na Câmara, pensativo e que teria ligado para ele, mas não fiz a ligação”, relatou Sandro Pinto. DANTAS X BOIADEIRO Desde a morte de Neguinho Boiadeiro, sua família sempre atribuiu o crime à família Dantas, composta por Paulo Dantas, ex-prefeito de Batalha, Marina Dantas, esposa e atual prefeita do município, além do presidente da Assembleia Legislativa do Estado, deputado Luiz Dantas (MDB). É notória e pública a relação pessoal e política que há entre Sandro Pinto e os Dantas. Quando ocorreu a prisão do vereador e de seu sobrinho, a reportagem da Tribuna chegou a ser informada que a família Pinto estaria magoada com a família Dantas por não ter se solidarizado com a situação. Diante disso, Sandro foi questionado durante a coletiva se a relação entre eles estava estremecida. Outro ponto questionado na entrevista foi se Sandro Pinto teria ouvido falar sobre a denúncia que Neguinho Boiadeiro faria em relação aos supostos desvios de verba da Assembleia Legislativa, que envolvia o deputado Luiz Dantas, Paulo Dantas, Marina Dantas, além de alguns vereadores de Batalha. “A minha amizade com a família Dantas sempre foi boa e a relação do Neguinho com os vereadores era muito boa, inclusive ele votou no mesmo candidato meu para presidente da Câmara. Foi candidato de consenso. Essa conversa da Assembleia não se cogitou na Câmara”, garantiu o vereador de Batalha. Sandro Pinto confirmou que sua família esteve reunida com a de Neguinho Boiadeiro antes da revogação da prisão e que tentará um novo encontro com a finalidade de provar a eles a sua inocência e para que juntos possam ajudar na elucidação do crime. VERSÃO DO SOBRINHO [caption id="attachment_260618" align="alignleft" width="264"] Raphael Pinto nega ter participado do assassinato de Neguinho Boiadeiro (Foto: Sandro Lima)[/caption] Preso como um dos executores, Raphael Pinto também negou qualquer participação no assassinato. “No dia do acontecido eu estava na casa da minha avó almoçando com minha família e quem já veio contar foi a minha esposa porque o irmão dela também é vereador. Ela entrou correndo dentro de casa dizendo que tinha acontecido um tiroteio na Câmara. Eu e meu padrasto fomos até o local para ver se o Sandro estava lá dentro. Daí, fui para casa do Sandro, passei a tarde lá, e ele estava almoçando com o Kléber e o filho do Kléber. Mais tarde, não sei bem a hora exata, fui para Major Izidoro olhar um gado com meu primo. O carro do Sandro na frente e eu fui atrás com o Hugo, meu primo, e o filho do Kléber”. INVESTIGAÇÕES De acordo com as investigações, o carro utilizado no crime foi um Cobalt que saiu de Major Izidoro, mas que tinha sido roubado em Maceió em setembro. O crime havia sido planejado dois meses antes. Depois do assassinato, ainda segundo a PC, o carro foi levado de volta para Major Izidoro, onde foi destruído. O objetivo era esconder pistas que levassem aos culpados. A comissão que investiga o assassinato é presidida pelo delegado Cícero Lima, e composta pelos delegados Gustavo Xavier, Osvaldo Vilar e Fabricio Lima.