Política

Francisco Tenório: 'Liberdade de imprensa pode ter limites'

Vice-presidente da Assembleia Legislativa destaca que esse discurso vem da pré-campanha

Por Carlos Victor Costa com Tribuna Independente 31/10/2018 08h09
Francisco Tenório: 'Liberdade de imprensa pode ter limites'
Reprodução - Foto: Assessoria
Tradicional protocolo visto em eleições presidenciais é o presidente eleito ser saudado nas Assembleias Legislativas. Tal gesto passou em branco na Assembleia Legislativa do Estado (ALE) durante a sessão desta terça-feira (30), apesar de o plenário registrar a presença de parte dos apoiadores de Jair Bolsonaro (PSL) em Alagoas. Quem teceu alguns comentários acerca da perspectiva política nacional foi o deputado e vice-presidente da ALE, Francisco Tenório (PMN). O parlamentar comentou ainda sobre temas defendidos por Bolsonaro, a exemplo a revogação do estatuto do desarmamento e a redução da maioridade penal. Acredita que o presidente eleito pode impor limites na liberdade de imprensa. “No período anterior à campanha, ele [Bolsonaro] já tinha esse pensamento. Ele o manteve na campanha e está dizendo depois de eleito. Então, naturalmente, a imprensa pode sofrer algum aperto aí no tocante à sua liberdade. Às vezes existe liberdade que a gente começa a exceder e é preciso naturalmente que alguém diga que você esta excedendo. É como no poder. Quem o detém começa a exceder e é preciso chegar alguém para falar que ele esta extrapolando o seu poder. Então, são limites que ele poderá querer impor à imprensa que pode ser confundido com cerceamento da liberdade de imprensa”. O vice-presidente da ALE não acredita que Bolsonaro venha a perseguir o Nordeste, vetando propostas apresentadas pela bancada nordestina no Congresso Nacional. “O Nordeste mostrou uma fidelidade às políticas sociais desenvolvidas pelo PT. É possível até que o presidente eleito diminua algumas políticas sociais, mas não como medida persecutória, mas como medidas de seus princípios de gestão. Mas, quem foi deputado sete mandatos na Câmara Federal conhece o Congresso e a força do Nordeste e da bancada do Nordeste. Então, o Nordeste é forte. Nós somos nove estados independentes, unidos e essa eleição foi um exemplo disso. O Haddad venceu nos nove estados nordestinos. Então, o Nordeste mostrou uma unidade política que lhe faz cada vez mais forte. O presidente que foi eleito com o restante do Brasil precisa trazer pra ele também a força do Nordeste. Acredito que a bancada é muito forte para resistir a qualquer medida retaliativa”. Parlamentar avalia debate do estatuto do armamento   Outra pauta defendida pelo presidente eleito Jair Bolsonaro é a revogação do estatuto do desarmamento. Sobre esse assunto, Francisco Tenório disse que a liberação de armas não é proibida, pois qualquer cidadão pode ter uma arma em casa. “Interessante é que o que ele diz é praticamente já se é lei, o que falta é facilitar a aplicabilidade dessa lei. A lei já permite. O estatuto do desarmamento como é assim chamado deveria ser chamado de estatuto do armamento porque permite que você vá à loja e compre a sua arma. Ele [Jair Bolsonaro] vai reduzir a idade e eu também concordo. 21 anos é a idade de maioridade penal e civil e porque com 21 anos não se poder comprar uma arma? Naturalmente que se possa”, argumenta Tenório. De acordo com Francisco Tenório, também está entre as propostas de Jair Bolsonaro permitir que o produtor rural tenha direito a possuir uma arma de cano longo, que atualmente é proibido. O deputado acrescenta ainda que são medidas que não se sabe ao certo se elas terão um efeito positivo no combate à violência, ou se irão aumentar os casos de violência. “Por que um agricultor quer uma arma? Talvez matar uma caça à distância. Não necessariamente tem que ser uma arma curta como pistola, revólver e eu sou delegado de polícia e tenho obrigação de entender isso. Ela se torna mais perigosa do que a arma longa porque o indivíduo bota na cintura, na mochila e vai para rua e a arma longa, não. Então, creio que ele irá fazer alguns ajustes neste sentido”, disse.