Política

Eleitores de Bolsonaro atacam Rodrigo Cunha

Após publicar sua decisão de não apoiar nenhum dos nomes do 2º turno presidencial, tucano é acusado de oportunismo e covardia

Por Carlos Amaral com Tribuna Independente 19/10/2018 07h50
Eleitores de Bolsonaro atacam Rodrigo Cunha
Reprodução - Foto: Assessoria
Um dia após divulgar seu posicionamento sobre o segundo turno da eleição presidencial em sua página no Facebook, o senador eleito Rodrigo Cunha (PSDB) passou a ser alvo de ataques de eleitores do candidato Jair Bolsonaro (PSL). O tucano declarou não votar em nenhum dos postulantes ao Palácio do Planalto, mas os adeptos do ex-capitão do Exército entenderam sua postura como oportunismo e covardia. Em boa parte dos comentários, os eleitores de Jair Bolsonaro afirmam que Rodrigo Cunha deveria ter dito antes da votação do primeiro turno que não votaria no candidato do PSL. Outros chegam a citar sua presença num ato, na orla de Maceió, em apoio ao ex-capitão, que o próprio afirmou – no mesmo dia – ter se tratado de coincidência. “Perdi meu voto! Usou o nome do Bolsonaro pra ser eleito e agora diz que tá encima do muro. #RODRIGOCUNHANUNCAMAIS”, escreveu um dos eleitores do candidato do PSL. Até mesmo o assassinato de Ceci Cunha em 1998, ex-deputada federal e mãe do senador eleito, é usado nos ataques ao parlamentar. “Pois é se aproveitou do assassinato da mãe para ganhar votos, agora está se revelando como farinha do mesmo saco”, escreveu outro eleitor de Jair Bolsonaro. À reportagem, Rodrigo Cunha diz considerar os ataques como incompreensão sobre sua declaração de não votar nem em Fernando Haddad (PT), nem em Jair Bolsonaro. “Em relação aos ataques, acredito que seja fruto da compreensão errada das pessoas em relação à carta que divulguei. Minha posição é clara: nem um nem outro. Mantenho a neutralidade”, diz o senador eleito à Tribuna. Até o final de tarde de quinta-feira (18), os comentários na postagem de Rodrigo Cunha somavam mais de dois mil. Também é fato que há pessoas em defesa de seu posicionamento. Desses, em boa medida, eleitores de Fernando Haddad. O senador eleito apontou propostas “extremistas” e que “fragilizam a democracia” de Jair Bolsonaro e a manutenção de “políticas viciadas” do petista para justificar sua posição de não declarar voto em nenhum dos dois. O tucano também diz querer recuperar o espectro de centro na política do país. “Quero ser o senador do diálogo e da mediação política. Quero ser o senador que colabore decisivamente para o Brasil recuperar um centro político propositivo, construtor de políticas públicas progressistas e geradoras de uma cidadania de resultado para os alagoanos e brasileiros”, diz Rodrigo Cunha. Em entrevista, presidenciável acusou Ceci Cunha de receber propina   Durante uma entrevista para uma emissora de televisão do Rio de Janeiro, em 1999, o candidato à Presidência da República Jair Bolsonaro afirmou que Ceci Cunha, assassinada no ano anterior, recebeu R$ 2 milhões para deixar de disputar a eleição de 1998 como candidata a vice-governadora e concorrer a uma vaga na Câmara dos Deputados. Ao ser questionado se seria candidato a prefeito do Rio de Janeiro, Jair Bolsonaro disse que seria difícil por causa de venda de legendas. “Por exemplo, Ceci Cunha, dois milhões de reais. Ela havia pego [sic] do candidato a governador lá e depois decidiu não vir mais candidata à vice-governadora e vir candidata a federal. Então, o pessoal fala isso na Câmara, etc, e ela é tida como santa porque foi assassinada pelo Talvane Albuquerque, mas ninguém pergunta como o candidato a governador arrumou dois milhões para dar para ela. Isso é uma palhaçada, xará”, afirmou, à época, o candidato do PSL à Presidência. A entrevista em questão é a mesma em que o ex-capitão defende a morte de 30 mil pessoas para “fazer o que a ditadura não conseguiu” e a prática de tortura. Rodrigo Cunha diz que o vídeo com a declaração de Jair Bolsonaro só reforça seu entendimento sobre ele. “Eu já não concordava com algumas posturas deste candidato. O vídeo só vem reforçar meu entendimento. Sobre o que ele fala, a história da minha mãe fala por si: uma política sempre respeitada e extremamente querida por tudo que fez ao povo alagoano”, diz o senador eleito. Jair Bolsonaro votou contra a cassação de Talvane Albuquerque na Câmara dos Deputados.