Política

Dirceu acredita em Bolsonaro e Haddad no 2º turno

Ex-ministro do governo Lula esteve na capital alagoana para lançar seu livro e também tratou sobre a disputa presidencial

Por Nigel Santana / Thayanne Magalhães com Tribuna Independente 18/09/2018 08h29
Dirceu acredita  em Bolsonaro e  Haddad no 2º turno
Reprodução - Foto: Assessoria
O ex-ministro da Casa Civil no governo Lula, José Dirceu, esteve ontem (17) em Maceió para o lançamento de seu livro “Zé Dirceu – Memórias Volume I”, na sede do Partidos dos Trabalhadores em Alagoas (PT-AL). Dirceu foi recebido pelo deputado federal Paulão e único candidato à reeleição para Câmara, além do presidente da sigla, Ricardo Barbosa. José Dirceu concedeu uma entrevista coletiva e os temas alusivos à campanha eleitoral, disputa para presidente, condição política do ex-presidente Lula e alianças com partidos que foram favoráveis ao impeachment da então presidente Dilma foram trazidos ao atual contexto. Sem Lula na corrida presidencial, Fernando Haddad foi o escolhido pelo partido para disputar o cargo. Para José Dirceu, haverá segundo turno nas eleições deste ano e o embate ficará entre Jair Bolsonaro (PSL) e Haddad. “Precisamos de um debate com argumentos. Nessa disputa no segundo turno, Haddad venceria por fatores como debates apenas entre os dois candidatos, o tempo de TV será igual para os dois. Os discursos do Jair [Bolsonaro] são anti-democráticos. A população não pode aceitar isso. Confio no eleitorado”, avalia Dirceu. Outro ponto ressaltado pelo ex-ministro diz respeito à chegada do PT – em caso de vitória nas urnas – nas eleições deste ano. “Acredito que o partido irá reaver os projetos aprovados pelo governo Michel Temer [MDB], a exemplo da reforma trabalhista”. Para José Dirceu, projetos aprovados na gestão Temer retiraram direitos dos trabalhadores e precisam de um debate amplo para que a população não seja a maior prejudicada. Ex-ministro diz que os titulares do golpe estão ao lado de Alckmin osé Dirceu ainda tratou do impeachment sofrido pela então presidente Dilma e os partidos que concederam apoio à saída da petista. Em Alagoas, por exemplo, o MDB do governador Renan Filho e do senador Renan Calheiros apoiam a candidatura de Fernando Haddad à presidência. Assim como outros petistas, José Dirceu considera um impeachment “um golpe político”, no entanto aponta que o grande titular para a queda de Dilma Rousseff foi o PSDB que não aceitou a vitória dela contra o senador Aécio Neves em 2014. “O que existe são apoios individuais. Os partidos e pessoas que idealizaram o golpe estão ao lado do [Geraldo] Alckmin, candidato do PSDB à presidência. O Renan [Calheiros] sempre foi ‘lulista’ e muito leal conosco”, destacou José Dirceu durante a coletiva na sede do PT-AL. Também foi levantado um questionamento sobre a possibilidade de o ex-presidente Lula deixar a prisão após as eleições. Para José Dirceu, Lula não aceitaria um indulto, afinal ele tem lutado diariamente para comprovar a sua inocência. “Escrevi aos finais de semana, sempre aos domingos. Foram 700 páginas escritas à caneta durante cinco anos”, destacou. “Relembro e rememoro nossas lutas, parte de nossas vidas, da construção do PT, da luta contra a ditadura, das diretas, do impeachment, e relembro também meus anos em Cuba, meus anos na clandestinidade, e toda a luta que fizemos para levar Lula à Presidência”, disse. Para o deputado federal Paulão, o livro de José Dirceu aponta para uma realidade política que muitas pessoas não conhecem. Paulão ressalta que é companheiro de partido do filho de Dirceu, o deputado federal Zeca Dirceu e conhece tanto a trajetória política do pai quanto de seu filho. O livro é dedicado aos filhos do autor, Maria Antônia, Zeca, Joana e Camila; às respectivas mães, Simone, Clara, Ângela e Márcia, in memoriam; e à atual mulher dele, Maria Rita. “À memória de meus companheiros e companheiras mortos pela ditadura na luta pela liberdade sempre presentes em minha luta”, declara José Dirceu nos agradecimentos de sua obra. Por fim, José Dirceu destacou que já prepara o lançamento de um novo livro para tratar sobre o cenário político da esquerda no Brasil, bem como o período em que esteve preso. Dirceu diz ainda que a sua filha, de apenas oito anos, precisa conhecer a verdadeira história. Alheio à campanha petista à presidência, José Dirceu manteve agenda de compromissos ainda ontem (17) em Maceió. Ele torce para que o PT-AL siga firme nos propósitos e que o deputado federal Paulão seja reeleito para mais um mandato na Câmara dos Deputados, além de defender uma série de pautas que a legenda precisa colocar em prática, a exemplo da reforma tributária que precisa passar por debate no Congresso Nacional.