Política

Deputados Carlos Gaguim e Dulce Miranda são alvo de operação da PF na Câmara

Operação Ápia investiga esquema de corrupção que desviou dinheiro público de obras de infraestrutura no Tocantins

Por G1 13/12/2017 11h16
Deputados Carlos Gaguim e Dulce Miranda são alvo de operação da PF na Câmara
Reprodução - Foto: Assessoria

A Polícia Federal (PF) deflagrou na manhã desta quarta-feira (13), em Brasília, operação que tem como alvo os deputados Carlos Henrique Gaguim (PODE-TO) e Dulce Miranda (PMDB-TO), mulher do governador do Tocantins, Marcelo Miranda (PMDB-TO).

Mandados judiciais de busca e apreensão foram cumpridos nos gabinetes dos deputados na Câmara, nos apartamentos funcionais deles em Brasília e também em suas residências no Tocantins – que inclui a casa do governador do estado.

Os policiais federais chegaram à Câmara por volta das 7h30, e os andares onde ficam os gabinetes de Dulce e Gaguim foram interditados pela Polícia Legislativa. Somente depois das 9h, servidores da Casa que trabalham no mesmo pavimento foram liberados a ingressar nos gabinetes.

De acordo com a PF, estão sendo cumpridos 16 mandados de busca e apreensão e 8 de intimações. As diligências foram solicitadas pela Procuradoria Geral da República (PGR) e autorizadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Até a última atualização desta reportagem, o G1 ainda não havia conseguido localizar Carlos Gaguim e Dulce Miranda.

Segundo a assessoria da Polícia Federal, a ação desta quarta faz parte da 6ª fase da Operação Ápia, que investiga um esquema de corrupção que teria desviado recursos públicos direcionados a obras de terraplanagem e pavimentação asfáltica no Tocantins.

Os contratos sob suspeita ultrapassaram R$ 850 milhões.

Nesta fase da operação, policiais federais e procuradores da República investigam suspeitas de crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro por parte de integrantes do núcleo político da suposta organização criminosa integrada por Carlos Gaguim e Dulce Miranda.

Os investigadores apontam que ocorreram os crimes de corrupção e lavagem em supostos pagamentos de propinas realizados pela Construtora Rio Tocantins (CRT) aos políticos.

Por volta das 10h, o G1 ligou para os telefones da empresa, mas ninguém atendeu.

Operação Ápia

Considerada a maior investigação policial da história do Tocantins, a Operação Ápia foi deflagrada pela Polícia Federal, em outubro de 2016, para desarticular uma organização criminosa que, segundo as investigações, atuou no estado corrompendo servidores públicos e agentes políticos e fraudando licitações e contratos de obras de terraplanagem e pavimentação asfáltica em várias rodovias estaduais.

Na quarta fase da Operação Ápia, realizada em abril, o deputado estadual Siqueira Campos (DEM-TO) foi alvo de mandado de condução coercitiva – quando a pessoa é levada para depor.

Conforme a PF, as obras foram financiadas com empréstimos internacionais obtidos pelo governo do Tocantins e com recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Os financiamentos para bancar as obras de infraestrutura do programa batizado de Proinveste e Proestado somaram R$ 1,2 bilhão. O governo federal atuou como avalista da dívida adquirida com o Banco do Brasil.

Os investigadores apuraram que foi montado um esquema de corrupção para desviar parte dos recursos que seriam aplicados no programa de pavimentação asfáltica.

A Operação Ápia afirma que houve direcionamento das licitações do programa de infraestrutura e que empresários receberam pagamentos por serviços não executados em troca de propinas.

Ainda segundo as investigações, o núcleo político deste esquema de corrupção era responsável por garantir as contratações e o recebimento de verbas públicas indevidas por parte dos empresários ligados à organização criminosa.