Política

Cristiano Matheus é indiciado em cinco crimes

Ex-prefeito de Marechal Deodoro prestou depoimento nesta terça-feira (12); ele é suspeito de desviar cerca de R$ 6 milhões

13/12/2017 08h10
Cristiano Matheus é indiciado em cinco crimes
Reprodução - Foto: Assessoria
O ex-prefeito de Marechal Deodoro, Cristiano Matheus (PMDB), foi indiciado nesta terça-feira (12) pela Polícia Federal (PF) por cinco crimes logo após encerrar seu depoimento na sede da instituição. Ele é suspeito de desviar cerca de R$ 6 milhões de reais de programas federais voltados à educação, entre 2011 e 2014: Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) e Programa Nacional de Apoio ao Transporte do Escolar (Pnate). Cristiano Matheus foi indiciado pela PF por crime de responsabilidade; corrupção passiva; estelionato qualificado; integrar organização criminosa; e lavagem de dinheiro. Segundo as investigações da Polícia Federal, o ex-prefeito de Marechal Deodoro montou uma “complexa rede de laranjas”, que envolviam amigos e parentes. Seu irmão, de acordo com as investigações, era um dos integrantes do esquema e negociava imóveis no valor de R$ 150 mil para “lavar” dinheiro. Até mesmo o motorista particular de Cristiano Matheus, identificado como José Avelino Neto, estava envolvido na “rede”. Ele tinha um cargo comissionado no Governo do Estado, junto à Secretaria de Estado do Planejamento, Gestão e Patrimônio (Seplag), com lotação “genérica”. No dia de sua posse, ele foi cedido à Secretaria de Estado da Cultura (Secult), comandada por Melina Freitas, ex-esposa de Cristiano Matheus. José Avelino Neto foi exonerado no último dia 6 de dezembro. O salário líquido recebido por ele era de R$ 862,04. Durante entrevista coletiva realizada na sede da PF no dia 5 deste mês, data da Operação Kali, o delegado Bernardo Gonçalves, superintendente da instituição em Alagoas, revelou que José Avelino Neto afirmou nunca ter trabalhado na Secult. A reportagem da Tribuna Independente tentou contatar o ex-prefeito Cristiano Matheus, mas seu telefone celular estava desligado.   Ex-prefeito só fazia pagamentos à vista   Além da “rede de laranjas”, outro aspecto chamou atenção da PF durante as investigações contra Cristiano Matheus. Ele realizava todos os seus pagamentos à vista e sem pudor em utilizar recursos públicos. “Ele pagou um serviço de móveis planejados, e isso consta no depoimento da dona da loja, em espécie, após ligar para o então secretário de Finanças de Marechal Deodoro, que levou até o local R$ 110 mil”, relatou Bernardo Gonçalves em entrevista coletiva no dia 5 de dezembro. Até mesmo o nascimento de seu filho, o ex-prefeito de Marechal Deodoro pagou através de um “laranja”. “O parto de sua ex-esposa foi pago pelo amigo, ‘dono’ do apartamento, no valor de R$ 4 mil, também em espécie. Isso foi confirmado pelo obstetra que fez o procedimento”, completou o superintendente da PF em Alagoas. DINHEIRO VIVO Durante o cumprimento dos mandados de busca e apreensão da Operação Kali foram encontrados na casa de Lucilene Freire Peixoto, dona da FP Construções, que tinha contrato com a Prefeitura de Marechal Deodoro, R$ 297 mil; cinco mil dólares e 14 mil euros, em espécie. Tendo por base as cotações das moedas no dia 5 de dezembro, o total encontrado foi de R$ 367.155,00. “O valor do contrato dessa empresa com a Prefeitura, à época do ex-prefeito, era de R$ 14 milhões e foi essa empresa que pagou uma reforma no apartamento – que ele diz ser de seu amigo – no valor de R$ 104 mil, em 2014”, explicou Bernardo Gonçalves. OPERAÇÕES A Operação Kali é a segunda fase da Operação Astaroth, ocorrida em julho deste ano. Ao todo, foram cumpridos 39 mandados de busca e apreensão. Na segunda fase, a PF e o Ministério Público Federal pediram a prisão do ex-prefeito Cristiano Matheus, negado pela 2ª Vara Federal em Alagoas, porque teria tentado obstruir as investigações.