Política

Tucano cobra saída de Luislinda Valois do comando do Ministério de Direitos Humanos

Filiada ao PSDB, ministra se envolveu em polêmica ao citar trabalho escravo quando reivindicou vencimentos de R$ 61 mil

Por Texto: Bernardo Caram com G1 09/12/2017 17h51
Tucano cobra saída de Luislinda Valois do comando do Ministério de Direitos Humanos
Reprodução - Foto: Assessoria

O ex-presidente interino do PSDB, Alberto Goldman (SP), cobrou neste sábado (8) que a ministra dos Direitos Humanos, Luislinda Valois (PSDB), deixe o governo Michel Temer. Goldman classificou de "infelicidade ímpar" o fato de a tucana ter comparado sua situação no Executivo a "trabalho escravo" na carta em que reivindicou acumulação de salário e aposentadoria.

No mês passado, a titular dos Direitos Humanos apresentou ao governo um pedido para acumular salário integral de ministra com a aposentadoria que recebe como desembargadora, o que somaria R$ 61 mil.

Ao defender o salário acima do teto constitucional de R$ 33 mil, a tucana disse que trabalhar sem receber contrapartida "se assemelha a trabalho escravo". Diante da repercussão negativa do caso, ela desistiu do pedido.

Ao chegar na manhã deste sábado à convenção nacional do PSDB que oficializou o governador paulista Geraldo Alckmin presidente nacional do partido, Goldman disse que não questiona a solicitação da ministra, mas criticou a argumentação feita por ela.

“Tinha o direito sim [de pedir para acumular salário e aposentadoria], pode ser que sim, mas dizer aquilo lá, que se não ganhasse seria trabalho escravo, evidentemente foi de uma infelicidade ímpar”, enfatizou.

“Diria que seria conveniente que ela deixasse [o comando do ministério]. Não porque está em condição diferente dos outros, mas porque ela foi muito infeliz nas declarações que fez”, complementou Goldman.

Até a última atualização desta reportagem, o G1 não havia conseguido falar com Luislinda Valois.

PSDB no governo Temer

Rachado por conta de divergências sobre o apoio ao governo Temer, a cota do PSDB no primeiro escalão passou a ser alvo da cobiça de partidos que integram a base aliada, especialmente, as legendas que formam o chamado "Centrão".

O PSDB, que ocupava quatro cadeiras na Esplanada dos Ministérios, atualmente está à frente de duas pastas: além dos Direitos Humanos, a sigla comanda o Ministério de Relações Exteriores.

Titular do Itamaraty, Aloysio Nunes afirmou neste sábado, ao chegar à convenção do PSDB, que permanecerá no governo até a sua “desincompatibilização em abril” para disputar a reeleição como senador. Ele está licenciado do Senado desde que assumiu o Ministério das Relações Exteriores em março deste ano.

O primeiro tucano a desembarcar da Esplanada dos Ministérios foi o deputado Bruno Araújo (PE), que comandava o Ministério das Cidades até novembro. Ele deixou o governo por pressões dos chamados "cabeças pretas", os integrantes da ala formada por tucanos mais jovens.

Nesta sexta (8) – véspera da convenção nacional do PSDB que aclamará Alckmin para a presidência do partido –, o tucano Antonio Imbassahy (PSDB-BA) pediu demissão a Michel Temer.

Imbassahy havia permanecido no governo mesmo contrariando pressões de alas do PSDB que defendem o desembarque do governo, porém, estava praticamente sem autonomia para fazer a articulação política do Palácio do Planalto com o Congresso Nacional, na medida em que os líderes de muitas siglas aliadas se negavam a negociar com ele.

Indagado por repórteres na convenção do PSDB sobre o pedido de demissão, Imbassahy afirmou que sai satisfeito do governo e que, apesar de ter sido difícil fazer a articulação política neste momento conturbado pós-impeachment, o governo conseguiu votar tudo que levou a plenário.

“Eu acho que a articulação bem-sucedida, neste período, foi determinante para manter a estabilidade do país, de avançar com as reformas, de conter situações que deveriam ser contidas, de driblar crises, de fortalecer as instituições. Muita coisa boa aconteceu”, declarou o ex-ministro.

Reforma da Previdência

Considerado por líderes do "Centrão" um dos entraves para o Planalto obter os votos necessários para aprovar a reforma da Previdência, Antonio Imbassahy afirmou que espera apoio massivo dos parlamentares do PSDB na votação da proposta que altera as regras de aposentadoria. O agora ex-articulador político do governo disse acreditar que a reforma vai passar.

“Eu estou acreditando muito que ela [a reforma da Previdência] possa passar, mas vai depender muito desta reta final, da próxima semana. Vai depender muito da posição do PSDB, e a gente espera que o PSDB mantenha a sua linha e apoie massivamente”, enfatizou.