Política

Em Alagoas, prefeitos do PSDB vão para base do governo

Jarbas Omena, por exemplo, fica no partido, porém mantém apoio a Renan

Por Tribuna Independente 21/03/2017 10h32
Em Alagoas, prefeitos do PSDB vão para base do governo
Reprodução - Foto: Assessoria

A dança das cadeiras vem num ritmo acelerado em Alagoas. E pelo visto o PSDB será o partido que pode sofrer algumas baixas para a eleição do ano que vem. O partido, que elegeu 17 prefeitos, deve perder na próxima janela partidária pelo menos quatro nomes, que seriam Joãozinho Pereira, de Teotônio Vilela; Pauline Pereira, de Campo Alegre; Jarbas Omena, de Messias e Renato Filho, de Pilar.

Os irmãos Pereira iriam para o PMDB. Já Renato Filho, assumiria a presidência de um dos partidos da base do governo e Omena continuaria no partido tucano. O PMDB foi o partido que mais elegeu prefeitos em Alagoas, conquistando 38 prefeituras.

De acordo com informações apuradas pela reportagem da Tribuna Independente, dos bastidores da política, Joãozinho e Pauline devem se filiar ao PMDB no próximo dia 24. A Tribuna tentou contato com os prefeitos, mas não obteve êxito até o fechamento desta edição.

Vale lembrar que o atual secretário de Estado de Desenvolvimento e Assistência Social é Fernando Pereira, irmão de Joãozinho e Pauline. Ele, atualmente no DEM, também vai se filiar ao PMDB, seguindo os passos da outra irmã, a deputada estadual Jó Pereira, eleita pelo DEM e que se filiou ao partido do governador Renan Filho em março do ano passado.

Com esse cenário de mudanças, principalmente dos aliados do senador Benedito de Lira (PP), a condição política do parlamentar ainda é uma incógnita. Já em relação a Renan Calheiros, ex-presidente do Senado, demonstra um fortalecimento de sua base.

Outro nome que deve deixar o PSDB nos próximos dias é o do prefeito de Pilar, Renato Filho. Ele confirmou que vem conversando com o governador e que a decisão deve ser consumada até o final deste mês.

“Recebi o convite e estou analisando. Acho importante essa mudança, pois o governador quer ajudar os municípios”, avalia. Renato que não irá para o PMDB devido ao seu adversário político, Carlos Alberto Canuto fazer parte dele.

Já o prefeito de Messias, Jarbas Omena disse que não deve ir para o PMDB, nem para nenhum partido da base do governador Renan Filho, mas deixou certo seu apoio para a reeleição do atual chefe do Executivo estadual.

Mudanças fortalecem PMDB e causam baixas a Benedito de Lira

A respeito dessas mudanças políticas das bases tucanas para os braços do Governo de Alagoas, a reportagem da Tribuna Independente, entrevistou o cientista político Ranulfo Paranhos.

Ele destacou que a família Pereira já havia demonstrado o interesse em se filiar ao PMDB ainda na Assembleia Legislativa do Estado (ALE).

“Os Pereiras já demonstravam que iriam para o PMDB desde a movimentação do partido dentro da Assembleia Legislativa. Quando o PMDB inflou a quantidade de cadeiras, a Jó [Pereira] foi pra base do governo. Deixo claro sempre que político sempre racionaliza as decisões maximizando o retorno, ou seja, quanto ele vai ter de volta. E essa maximização de retorno é sempre uma aposta, nunca é uma certeza. Eles maximizaram o retorno com uma secretaria, com Fernando Pereira passando a ser secretário. No caso do governador ele tem secretarias e a caneta do governo. Essa caneta chega a beneficiar municípios, que é a impossibilidade do prefeito de Maceió”, analisa Paranhos.

ESTRATÉGIA

Paranhos destacou ainda que a estratégia do governador está correta, pois ele está conseguindo apoio em cidades importantes e que ele saiu derrotado na eleição para prefeito. “Renan está conseguindo nesse momento um leque importante de alianças.

“Renan está conseguindo nesse momento um leque importante de alianças. Pilar tem um colégio eleitoral muito bom. Isso é muito importante pra campanha dele. Pra chegar à cidade e ter o apoio do prefeito. Mas continuo acreditando e pensando que tem muita coisa que vai rolar ainda, por conta da justiça, porque escândalo de corrupção tira voto. Se a gente pegar a operação sanguessugas. Ela tinha cerca de 80 deputados federais, dos 80 envolvidos sem julgamento apenas cerca de 50 se candidataram desses 50 apenas 25 conseguiram ocupar a vaga e desses tiveram menos votos e gastaram mais dinheiro pra se elegerem. Uma penalidade muito alta. Se a gente pegar o caso da operação Taturana aqui na nossa Assembleia Legislativa dos 11 parlamentares, desses vocês tem que Arthur mudou de esfera, 5 se reelegem e outros nem se candidatam. Dudu Albuquerque e Nelito saíram da vida pública. Gera desgaste está na mídia sendo taxado de ficha-suja”, argumenta.

O cientista levantou também um problema por conta da lista do procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

“O Renan Filho segundo consta também está na lista do Janot e se virar réu se torna mais sério, causa desgaste, e o pai já está na lista também. E quer queira ou não essa lista deve sair nos próximos 10 dias a gente vai ter pelo aí pelo menos 1 ano e 4 meses pra se ter um resultado. Se o resultado for negativo pra boa parte desses políticos o jogo é completamente mudado, porque aí pode tirar do jogo, o Renan pai, o governador, o Arthur [Lira], o Benedito de Lira e o Collor. Se você retira maioria desses jogadores, o nome do Marx Beltrão pode crescer ou talvez até nomes novos. Boa parte do que está definindo a política não é apenas essas estratégias que o Renan Filho está fazendo, que em minha opinião são corretas, pra essa eleição como foi pra de prefeitos e vereadores só o apoio não fez diferença. O grande diferencial não é só o dinheiro e o apoio político, mas sim a justiça que vai contar muito”, finalizou.

Em tempo, o governador Renan Filho informou na semana passada, em entrevista à imprensa alagoana, que a lista do Janot não traz preocupações ao governo, principalmente porque todas as doações recebidas durante a campanha ao Governo do Estado foram legais e aprovadas pela Justiça Eleitoral.

Partido ainda não vê problemas em apoios

A reportagem da Tribuna Independente conversou com o secretário-geral do PSDB, Claudionor Araújo sobre a decisão do prefeito de Messias de manter o apoio à reeleição de Renan Filho. Araújo disse que não tem problema nenhum. “Jarbas Omena é um político respeitado e não vejo problema, pois se ele tem esse compromisso, que cumpra. Mas não vamos nos antecipar a nada ainda, pois a eleição é só ano que vem”, justificou o secretário-geral do partido.