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Pré-candidato a presidente dos EUA, Biden muda de opinião sobre financiamento do aborto

Católico, ele foi contrário ao financiamento do procedimento, mas mudou por considerar que regra atual é prejudicial aos mais pobres

Por AFP e G1 07/06/2019 14h51
Pré-candidato a presidente dos EUA, Biden muda de opinião sobre financiamento do aborto
Reprodução - Foto: Assessoria
Joe Biden, que lidera a disputa pela indicação democrata para a eleição presidencial de 2020 nos Estados Unidos, anunciou que não é mais contrário ao uso de verbas federais para financiar abortos. Biden é ex-senador e foi vice-presidente de Barack Obama. Durante décadas, ele apoiou uma emenda polêmica sobre o tema, a emenda Hyde. A regra é de 1976 e limita o uso de dinheiro federal para financiar abortos a casos de estupro, incesto ou risco de vida da mãe. Esses pagamentos usam recursos do sistema de seguro de saúde pública Medicais, que atende somente a população mais vulnerável. Mudança se deu em momento em que aborto nos EUA é desafiado A emenda foi aprovada três anos após a decisão da Suprema Corte conhecida como Roe v. Wade, que legalizou, em 1973, o direito ao aborto nos Estados Unidos. Biden, um católico de 76 anos que se opõe pessoalmente ao aborto, votou dezenas de vezes a favor da emenda Hyde. O democrata foi muito criticado durante a semana por outros candidatos à indicação democrata quando sua equipe de campanha confirmou que ele ainda apoiava a polêmica emenda. O debate sobre o aborto foi retomado depois que vários estados governados por republicanos aprovaram medidas restritivas nos últimos meses. Na quinta-feira (6), Biden anunciou que mudou de opinião. "Os direitos e a saúde das mulheres são atacados de uma maneira que constitui uma tentativa de reverter todo o progresso que conquistamos nos últimos 50 anos", escreveu o ex-vice-presidente em uma rede social. "Se, como eu acredito, a saúde é um direito, não posso mais apoiar uma emenda que faça com que este direito dependa do código postal de uma pessoa", completou. Regra é vista como discriminatória contra pobres Os críticos da emenda Hyde afirmam que o texto discrimina as mulheres mais pobres que dependem do Medicaid. A questão do aborto e de uma possível revisão da decisão histórica da Suprema Corte provoca intensos debates na perspectiva da eleição presidencial de 2020, na qual o republicano Donald Trump enfrentará o vencedor das primárias democratas. A mudança de posição de Biden aconteceu após uma série de críticas de rivais democratas. Devemos derrubar a emenda Hyde", reagiu o senador independente Bernie Sanders, que as pesquisas apontam em segundo lugar na corrida pela indicação democrata. "Não apoio a emenda Hyde e lutarei por sua derrubada", declarou à imprensa a senadora progressista Elizabeth Warren, terceira nas pesquisas. "Nenhuma mulher deve ver o acesso ao aborto limitado por sua renda", tuitou a quarta colocada nas pesquisas, a senadora Kamala Harris. Ativistas também criticaram Biden. "Não há nenhuma desculpa política ou ideológica para o apoio de Joe Biden à emenda Hyde, que reflete discriminações contra as mulheres pobres", publicou em uma rede social a associação Naral, que defende o direito ao aborto.