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Estados Unidos responsabilizam Rússia por ataques cibernéticos contra grupos antidoping

De acordo com a acusação, de dezembro de 2014 até maio de 2018, os acusados fizeram ataques cibernéticos 'persistentes e sofisticados'

Por EFE 04/10/2018 17h17
Estados Unidos responsabilizam Rússia por ataques cibernéticos contra grupos antidoping
Reprodução - Foto: Assessoria
Os Estados Unidos atacaram nesta quinta-feira o governo da Rússia, que supostamente teria coordenado uma campanha de ataques cibernéticos "persistentes e sofisticados" contra várias organizações antidoping, ao acusarem sete supostos integrantes do serviço de inteligência militar russo (GRU) de serem responsáveis por essas ações. De acordo com a acusação, de dezembro de 2014 até maio de 2018, os acusados fizeram ataques cibernéticos "persistentes e sofisticados", que afetaram cidadãos americanos, entidades corporativas, organizações internacionais e seus respectivos funcionários. Um grande júri do Distrito Oeste da Pensilvânia (EUA) processou hoje, à revelia, os sete suspeitos por acusações de pirataria cibernética, fraude eletrônica, roubo de identidade com agravante e lavagem de dinheiro, de acordo com o comunicado do Departamento de Justiça americano. Entre os objetivos da conspiração russa estava a divulgação de informações roubadas como parte de uma campanha de influência "desenvolvida para minar, repreender e deslegitimar os esforços das organizações internacionais antidoping", segundo o documento. O procurador-geral dos EUA, Jeff Sessions, afirmou na nota que as campanhas de ataques cibernéticos "representam uma séria ameaça para a segurança do país". "Estamos acusando sete oficiais do GRU por múltiplos crimes, entre eles o uso de pirataria para divulgar informações pessoais de centenas de oficiais antidoping e atletas, como parte de um esforço para distrair a atenção do programa de dopagem patrocinado pelo Estado russo", explicou Sessions. "Tudo isso foi feito para debilitar os esforços de muitas organizações para garantir a integridade dos Jogos Olímpicos e de outros eventos esportivos", acrescentou o procurador-geral americano. O escândalo de dopagem ao qual Sessions se referiu, que afetou mil atletas da Rússia de 30 modalidades, fez com que vários russos fossem excluídos das competições, vistos com suspeita e privados de verem sua bandeira hasteada e de ouvirem o hino nacional, inclusive depois de conquistarem o ouro, em dois Jogos Olímpicos - os de verão no Rio de Janeiro e de inverno em PyeongChang (Coreia do Sul) - além de em vários campeonatos Europeus e Mundiais. Mitos do esporte mundial, como a saltadora com vara Yelena Isinbayeva, tiveram que se aposentar sem homenagens e outros, como o campeão mundial dos 110 metros com barreiras, Sergei Shubenkov, viram a evolução de suas carreiras esportivas ser prejudicada ao serem marginalizados como autênticos párias. A Justiça americana identificou os supostos hackers como Aleksei Sergeyevich Morenets, Evgenii Mikhaylovich Serebriakov, Ivan Sergeyevich Yermakov, Artem Andreyevich Malyshev, Dmitriy Sergeyevich Badin, Oleg Mikhaylovich Sotnikov e Alexey Valerevich Minin, todos eles russos. Três dos sete acusados no caso também foram indiciados em uma ação apresentada em julho deste ano pela Justiça americana, relacionada com uma conspiração para interferir nas eleições presidenciais dos EUA em 2016. Além disso, justamente hoje, o governo holandês garantiu ter contido "uma operação de ataque cibernético" de hackers russos contra a Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ), cuja sede fica em Haia. Em relação a essas alegações, o Kremlin se defendeu e disse que é vítima de uma campanha dos países ocidentais contra seu governo e da "mania de espionagem", que considera que existe nessas nações. "A mania de espionagem está ganhando força", afirmou a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, em entrevista coletiva em Moscou, na qual falou de uma "nova campanha internacional antirrussa". No entanto, o diretor do FBI, Christopher Wray, assinalou que os sete supostos hackers processados nos EUA realizaram essas ações "como funcionários do governo russo". "O FBI não permitirá que nenhum governo, grupo ou indivíduo ameace nossa gente, nosso país e nossos parceiros. Trabalharemos incansavelmente para encontrá-los, detê-los e levá-los à Justiça", frisou Wray.