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Turistas brasileiros ficam isolados em Machu Picchu, no Peru, após acidente com trem

Sem informação, passageiros se acomodam em estação; Somente é possível chegar à cidade, onde estão as famosas ruínas incas, apenas por trem ou a pé

Por G1 01/08/2018 09h23
Turistas brasileiros ficam isolados em Machu Picchu, no Peru, após acidente com trem
Reprodução - Foto: Assessoria
Brasileiros ficaram presos em Machu Picchu após acidente entre dois trens no trecho entre a famosa cidade com ruínas incas e o município de Ollantaytambo, no Peru. A colisão ocorreu nesta terça-feira (31). Ao menos 35 pessoas ficaram feridas, incluindo americanos, sul-coreanos, um francês e uma chilena, informou o governo peruano. O choque das composições que transportavam os turistas que visitavam a cidadela de pedra de 600 anos, a maior atração turística do Peru, ocorreu por volta das 10h da manhã (12h de Brasília) no km 89 da via férrea entre as localidades de Ollantaytambo e Águas Calientes. "A colisão deixou ao menos 35 feridos, dois em estado grave e os demais com diversas contusões", informou o ministério da Saúde. Segundo as autoridades, "os pacientes graves são duas turistas estrangeiras, que estão internadas na Unidade de Cuidados Intensivos da clínica Pardo de Cusco, onde também estão outros 22 pacientes". Um dos trens pertence à empresa Peru Rail e o outro à Inca Rail. Os passageiros das duas companhias são sobretudo turistas estrangeiros. Patrulhas de bombeiros foram enviadas ao local do acidente, uma retoma localidade onde se unem as montanhas dos Andes e a floresta, onde a via férrea corre paralelamente ao rio Vilcanota. "Infelizmente, uma cidadã de nacionalidade chilena foi atingida em uma das extremidades inferiores" e foi transferida para "uma clínica particular na cidade de Cuzco", disse a Inca Rail em um comunicado. "Os demais passageiros (do trem da Inca Rail) não foram afetados e continuarão sua viagem a Machu Picchu", acrescentou. Após a colisão, "ativou-se o protocolo de emergência, evacuando às pessoas afetadas em ambulâncias, a fim de receber a assistência médica necessária", informou a PeruRail em um comunicado. "Após a assistência aos feridos, será realizada uma investigação para determinar os motivos que ocasionaram este lamentável acidente", acrescentou. Veículos de imprensa reportaram que locais bloquearam com rochas e troncos a ferrovia por um protesto, o que fez um dos trens parar e foi atingido pelo outro, que viajava mais atrás. No entanto, o município negou esta versão, enquanto a polícia informou que os casos do acidente estão sendo investigados. [caption id="attachment_121615" align="alignleft" width="300"] Passageiros observam trens que colidiram nesta terça-feira (31) na estrada que dá acesso a Machu Picchu, no Peru (Foto: Andina News Agency via AP)[/caption] Águas Calientes é a última estação ferroviária desde a cidade do Cuzco, antiga capital do Império Inca, e dali partem ônibus com turistas que demoram meia hora para chegar a Machu Picchu, uma montanha frondosa, em cujo cume fica a cidadela. A cidadela inca foi descoberta pelo explorador americano Hiram Bingham em 1911. Os colonizadores espanhóis nunca souberam de sua existência. Machu Picchu foi declarado Patrimônio da Humanidade pela Unesco em 1983 e, depois de um concurso feito pela internet, foi incluído na lista das "Sete Maravilhas do Mundo Moderno", em 2007. Duas companhias operam na linha: a Inca Rail e a PeruRail, ambas envolvidas no acidente. Passageiros das duas empresas reclamam da falta de informações e de suporte, como com alimentação e hospedagem. Somente por volta das 22h, horário de Brasília, as empresas começaram a servir água aos clientes. A estudante Michelle Leal, de São Paulo, tinha passagem para embarcar para Cusco às 16h40 (de Lima, 18h40 em Brasília). "A única informação que a gente tem é que vão vir vários trens para abrigar todo mundo, mas não dizem o horário. Essa é a informação desde às 13h. Eu tenho passeio comprado em Cusco para amanhã, às 4h30 da manhã", disse. Circulação interrompida Os trens deixaram de circular ainda no começo da manhã. Os passageiros têm dificuldades para conseguir informações, e aqueles que têm voo marcado para esta quarta-feira (1) estão preocupados. Robson Oliveira, de São Paulo, teme perder o voo de volta, marcado para as 8h (de Lima, 10h de Brasília) desta quarta-feira. “Não tem nenhuma informação. Sumiu gerente, dono da empresa. Eu quero saber quem vai pagar se eu perder o voo”, disse o representante comercial Robson Oliveira. Somente às 20h30 (horário de Brasília) de terça-feira, partiu o trem com os passageiros que deveriam ter embarcado dez horas antes. O comboio saiu de Machu Picchu em direção a Ollantaytambo. Ainda não há trens circulando no sentido oposto, levando quem ainda quer visitar as ruínas. Acidente nos Andes O acidente ocorreu no km 88 da estrada de ferro, entre Ollantaytambo e Machu Picchu Pueblo (Águas Calientes). Um dos passageiros contou à agência Andina que o trem da companhia Inca Rail estava parado na estrada por causa de um protesto de um grupo de moradores. A composição foi atingida por outro trem da PeruRail e uma colisão traseira. Segundo o chefe dos bombeiros de Cusco, Rómulo Centeno, 10 unidades de resgate e 35 bombeiros foram ao local. Os dois feridos graves foram transportados ao posto de súde mais próximo. [caption id="attachment_121614" align="aligncenter" width="1000"] Mapa de acidente de trem em acesso a Machu Picchu (Foto: Alexandre Mauro/G1)[/caption]