Interior
Projeto alagoano que transforma a Caatinga em fonte de renda disputa destaque na COP30
Associação do Sertão de Alagoas concorre em votação nacional que pode garantir visibilidade internacional à iniciativa de crédito de carbono social
A Associação dos Produtores de Crédito de Carbono Social do Bioma Caatinga, sediada no Sertão de Alagoas, está participando de uma votação nacional que pode colocá-la entre as iniciativas com maior visibilidade na COP30, conferência do clima da ONU que acontecerá no Brasil, em 2025.
A votação, promovida pela plataforma Brasil Participativo, termina hoje, e a associação disputa a liderança nacional entre os projetos voltados à sustentabilidade e inovação ambiental.
👉 Para votar, acesse: https://brasilparticipativo.presidencia.gov.br/processes/cop30/f/1346/proposals/66613. A proposta busca garantir um espaço de destaque na COP30, evento que reunirá lideranças globais em torno de soluções para as mudanças climáticas. Caso o projeto figure entre os mais votados, representantes da associação terão visibilidade internacional para apresentar uma experiência inovadora de preservação da Caatinga com impacto social e econômico direto.
Por muito tempo vista como um bioma seco e de baixa produtividade, a Caatinga tem mostrado um enorme potencial ambiental e econômico. O projeto desenvolvido pela Associação alagoana propõe um modelo de crédito de carbono integral, que alia preservação ambiental, geração de renda e valorização cultural de comunidades locais.
Criada em 2022, a associação reúne agricultores familiares, quilombolas, indígenas e assentados rurais, além de professores e técnicos que atuam na preservação da vegetação nativa e no manejo sustentável do bioma. A iniciativa conta com apoio do Sebrae, parceiro em ações de inovação e desenvolvimento sustentável.
O que é crédito de carbono e como ele funciona
O crédito de carbono é um ativo financeiro que representa a redução ou o sequestro de dióxido de carbono (CO₂) — o principal gás do efeito estufa. Cada tonelada de CO₂ que deixa de ser emitida ou é capturada corresponde a um crédito, que pode ser negociado no mercado.
Segundo o presidente da associação, Haroldo de Almeida, o sistema funciona como uma compensação ambiental. “Esse crédito é um título que comprova que determinada área de vegetação absorveu uma quantidade específica de carbono. Empresas e organizações que emitem CO₂ podem comprar esses créditos para neutralizar suas emissões”, explica.
Um exemplo simples ajuda a entender: se um evento emite cerca de 10 toneladas de carbono, seus organizadores podem comprar dez créditos de carbono para compensar o impacto ambiental da realização.
Com pouco mais de três anos de existência, a associação já reúne 108 associados e desenvolve uma metodologia própria para medir a capacidade de absorção de carbono em áreas de Caatinga preservadas. Os estudos indicam que cada hectare do bioma pode absorver até cinco toneladas de carbono por ano, o que equivale à emissão de cinco créditos de carbono — uma nova fonte de renda para os produtores rurais.
“A emissão desses títulos vai se tornar uma alternativa de valorização e sustentabilidade para as famílias que vivem da terra”, afirma Haroldo.
De acordo com o gerente do Sebrae Regional Delmiro Gouveia, Fábio Rosa, o projeto representa um novo olhar sobre o semiárido, “Esse mercado abre oportunidades de geração de renda, reflorestamento e certificação da madeira, além de incentivar o engajamento socioambiental das comunidades”, destaca.
O modelo de crédito de carbono integral é considerado pioneiro por conciliar conservação da natureza, inclusão social e inovação econômica — mostrando que, em vez de combater as características da Caatinga, é possível conviver com ela de forma sustentável.
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