Esportes

Cobertura nacional e “roubo” da camisa 10 do Rei no Rei Pelé

Malandragem no futebol terminou fazendo com que camisa do amistoso de inauguração do estádio ficasse em Alagoas

Por Wellington Santos / Agência Alagoas 29/12/2022 23h50 - Atualizado em 30/12/2022 00h07
Cobertura nacional e “roubo” da camisa 10 do Rei no Rei Pelé
Lauthenay Perdigão deixou memórias relatando detalhes da construção e da primeira partida realizada no estádio - Foto: Reprodução

Ainda sobre a inauguração do Rei Pelé, três famosas revistas à época — O Cruzeiro, Manchete e Fatos e Fotos —, fizeram uma ampla cobertura. No dia 25 de outubro de 1970, "Alagoas ganhava, para a época, o estádio mais moderno da América Latina e o mais bonito do Brasil". A capacidade era de 40 mil pessoas. Antes, o público apreciava o futebol local em campos pequenos, com cerca de 5 mil torcedores apertados em cada jogo.

Na época, um dos membros da comissão responsável pela construção do estádio era o historiador Lauthenay Perdigão. Falecido recentemente, ele deixou memórias em que lembrava algumas histórias que marcaram o começo do estádio “com direito” até ao “confisco” da camisa branca 10 do rei. Sim, ela também era objeto de desejo. Quem teve a satisfação de ganhá-la foi Vinícius Maia Nobre, engenheiro que trabalhou na obra do estádio do Rei. Vinicius depois a doou ao Museu dos Esportes. Mas a relíquia chegou ao acervo de maneira curiosa e até engraçada.

“Essa camisa do Pelé tem uma história (risos)... O Vinícius procurou o presidente da delegação do Santos, que era o Modesto Roma, se identificou como engenheiro do estádio, e pediu uma camisa do Pelé, mas o Modesto Roma disse que já tinha prometido a um coronel, que era presidente da Casa dos Meninos Abandonados, uma instituição lá no bairro do Farol”, contou o historiador.

“Aí o Vinícius se juntou ao Toroca (dirigente de futebol e ex-presidente do CRB) e ao Walter Guimarães (outro dirigente à época) e tramaram o seguinte: o Walter foi no vestiário do Santos no intervalo do jogo e se identificou como o coronel. Aí o Pelé simplesmente tirou a camisa. Não perguntou nada, não pediu identidade, apenas entregou. No fim do jogo é que houve o problema (risos), porque o coronel foi lá buscar a camisa e, quando chegou, o Pelé disse que já tinha dado a camisa no final do primeiro tempo”, relembra Lauthenay.

“O Vinícius disse que esse coronel ficou danado da vida, e precisou o Modesto Rômulo intervir. O Pelé deu a camisa do segundo tempo para a Casa dos Menores Abandonados, mas o coronel ficou querendo saber quem foi que tinha se passado por ele”, completou o então diretor do Museus dos Esportes.

Lauthenay acrescentou que não sabia da história das duas camisas. “Ainda bem que o final foi feliz”. Ele disse que uma delas deve ter sido leiloada para ajudar os meninos da instituição, e a outra ficou disponível para o Museu.