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Netflix x Globo: Streaming desafia TV aberta usando atores da emissora

Nomes que fizeram fama no canal carioca, como Selton Mello e Emanuelle Araújo, agora estrelam produções da plataforma digital

Por Felipe Moraes com Metrópoles 06/07/2018 10h22
Netflix x Globo: Streaming desafia TV aberta usando atores da emissora
Reprodução - Foto: Assessoria
“Quem tá pronto pra se humilhar na TV aberta?”, diz um dos personagens da recém-lançada série Samantha!, primeira incursão da Netflix na comédia brasileira. A provocação faz ainda mais sentido se levarmos em conta a quantidade de atores que a plataforma de streaming “roubou” da Globo. O mais recente egresso global é Marco Pigossi, uma das estrelas da supersérie Onde Nascem os Fortes e da novela A Força do Querer (2017). Ele teve saída conturbada da emissora e assinou contrato para participar de duas séries da Netflix: a australiana Tidelands, na qual estreará em uma produção falada em inglês, e a nacional Cidades Invisíveis, criada e dirigida por Carlos Saldanha, das franquias de animação A Era do Gelo e Rio. Usar atores que trabalharam na Globo parece ser uma estratégia até certo ponto manjada da Netflix. Nos anos 2000, a Record fez isso a torto e a direito quando começou a investir pesado em novelas. Mas buscar globais faz todo o sentido do ponto de vista de mercado e da busca por prestígio e audiência – vale lembrar que 3%, primeira produção nacional do streaming, foi bastante criticada por causa das atuações e é mais querida lá fora do que aqui. Um rosto já conhecido pode fisgar mais facilmente públicos antes cativos da TV aberta, além de transmitir uma certa autenticidade às produções – “isso ainda é televisão, e de qualidade, mas por streaming”. Familiaridade associada a novos formatos, temas, gêneros e formas de assistir. A distopia 3%, lançada em 2016, é liderada por vários ex-Globo, entre jovens e veteranos, como João Miguel (Felizes Para Sempre?), Bianca Comparato (Avenida Brasil), Sérgio Mamberti (O Profeta) e Zezé Motta (O Outro Lado do Paraíso). Na segunda temporada, entraram Fernanda Vasconcellos (Haja Coração) e Maria Flor (Sete Vidas). Fernanda junta-se a Mel Lisboa (Presença de Anita), que participou de Os Dez Mandamentos, da Record, Maria Casadevall (Os Dias Eram Assim), Pathy Dejesus (I Love Paraisópolis) e Ícaro Silva (Pega Pega) na ainda inédita Coisa Mais Linda, trama ambientada nos anos 1950 que acompanha os bastidores de um clube de bossa nova. Para dramatizar a operação Lava Jato, O Mecanismo também recorreu a nomes da mídia tradicional: Selton Mello (Treze Dias Longe do Sol), Enrique Díaz (Onde Nascem os Fortes), Caroline Abras (Felizes Para Sempre?), Leonardo Medeiros (O Rico e o Lázaro, da Record) e Lee Taylor (Onde Nascem os Fortes), entre outros. Samantha!, com várias alusões diretas ao “fim” da televisão tradicional, é estrelada por Emanuelle Araújo (Malhação) e Douglas Silva, conhecido por interpretar Dadinho no filme Cidade de Deus (2002) e Acerola na série Cidade dos Homens. Atualmente na novela das seis Orgulho e Paixão, Alessandra Negrini vive a rival da personagem principal no último episódio da primeira temporada.