Economia

Comidas típicas ajudam a aquecer a economia da capital

Produtos tradicionais de junho incrementam a renda de famílias nesta época do ano e movimentam também setor de panificação

Por Sirley Veloso - Colaboradora com Tribuna Independente 15/06/2022 10h56
Comidas típicas ajudam a aquecer a economia da capital
Comidas típicas de junho têm maior procura nesta época do ano e dinamizam setor de panificação na capital - Foto: Adailson Calheiros

Pamonha, bolos de milho, macaxeira, massa puba, mungunzá, canjica e arroz doce são alguns dos produtos tradicionais dos festejos juninos, que estimulam o empreendedorismo e contribui para aquecer a economia nesta época do ano.
Há um ano Taíssa Cardoso vende alguns desses produtos pelas ruas do Tabuleiro dos Martins. “Vendo o ano inteiro, mas é nesta época que as vendas melhoram. Quase dobram. O milho cozido custa R$ 4, e o mungunzá vai de R$ 3 a R$ 12, dependendo da quantidade, e são os que mais saem”, afirmou.

Os alimentos que Taíssa negocia são de uma outra pessoa, que paga a ela 20% do valor das vendas. Taíssa tem três filhos e é essa renda que ajuda ela manter as crianças.

Xaiane Nascimento de Lima disse que costuma consumir as comidas típicas dos festejos juninos o ano inteiro. “Gosto muito desse tipo de comida. Então compro não somente nesta época, mas durante todo ano”.

As comidas tradicionais do período junino, já algum tempo, movimentam também a economia do setor de panificação. Segundo o presidente da Associação dos Panificadores do Estado de Alagoas, Clodoaldo Nascimento, “os alimentos de milho, nesta época, dinamizam muito o setor. A gente tem uma combinação perfeita este mês, que atrai muita gente para as padarias. A época junina somada ao frio do inverno, a chuva. Então, o pão e as comidas de milho aquecem, dão conforto. A gente percebe que nesses meses de chuva o movimento cresce nas padarias”, afirmou.

O presidente disse ainda que muitos dos estabelecimentos terceirizam a produção dos derivados do milho. Clodoaldo tem uma panificação no bairro da Serraria, e para atender a clientela neste período, ele fez novas contratações e inovou nas receitas. “Estamos com novidades, como a pamonha no pote e o bolo Gonzagão, feito com milho, leite condensado e coco. Este ano contratamos mais gente, inclusive menores aprendizes, em parceria com escolas”.

VALOR NUTRICIONAL

Segundo a nutricionista Ana Elayne Machado, as comidas típicas que têm como base o milho são ricas em ácido fólico, vitamina B12 e fibras. “Esses alimentos estimulam o trabalho do intestino, melhoram o controle do colesterol e do açúcar no sangue e dão saciedade”, afirmou a nutricionista.

No entanto, Ana Elayne recomenda a preparação e o consumo desses alimentos de forma consciente. “100 gramas de pipoca possuem aproximadamente 468 calorias, uma espiga de milho com cerca de 100 gramas de grão tem 160 calorias, 100 gramas de bolo de fubá possui 360 calorias, uma pamonha de 100 gramas tem 171 calorias e 100 gramas de mungunzá, 146 calorias.

Além de nutrir, os alimentos têm a função de manter a tradição, a interação nos eventos da época e, para não ficarmos de fora dessa socialização, precisamos consumir com moderação”, recomendou a nutricionista.

Ela disse ainda que, além de observar e moderar no tamanho das porções, é necessário reduzir a quantidade de ingredientes como óleo, sal e manteiga no preparo dos alimentos.

ORIGEM

O milho é originário das Américas e base da alimentação dos povos indígenas. No entanto, as tradições juninas foram herdadas dos europeus, que realizavam as festas para celebrar as colheitas.

No período colonial, Portugal comemorava a colheita do trigo entre os meses de junho e setembro. Entretanto, o Brasil não era um grande produtor de trigo na época, por isso as festas começaram a ser celebradas com o milho, que tem o período de colheita na mesma época.