Economia

Preço do arroz dispara nas prateleiras e incomoda consumidores

Alta do dólar, período de entressafra e aumento da demanda explicam aumento

Por Ana Paula Omena com Tribuna Independente 10/09/2020 09h12
Preço do arroz dispara nas prateleiras e incomoda consumidores
Reprodução - Foto: Assessoria

A alta do dólar, o período de entressafra e aumento da demanda são alguns dos motivos para a elevação de 120% no preço do arroz nos últimos 12 meses. Esta foi a constatação do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Universidade de São Paulo (USP).

O consumidor alagoano atualmente desembolsa entre R$ 5,19, R$ 3,99, R$ 3,79, R$ 3,69 a depender da marca do alimento para pôr o arroz na mesa de cada dia. Aquele que precisa de uma quantidade maior de arroz, um pacote de cinco quilos, normalmente vendido a cerca de R$ 15, chega a custar R$ 40 na gôndola.

O Procon Maceió está de olho na prática abusiva e informou que mantém uma rotina de fiscalização em feiras, mercadinhos e supermercados a partir de denúncias dos consumidores e de ação constante do órgão. As denúncias são realizadas por meio do WhatsApp 98882-8326, pelo telefone 0800 082 4567 e do e-mail [email protected] .

“A alta dos preços é no país inteiro e o Procon Maceió vem constatando que as redes de supermercados já estão recebendo os produtos com o valor elevado, mas mantém o trabalho de fiscalização para monitorar a situação”, avisou.

De acordo com o presidente da Associação dos Supermercados de Alagoas (ASA), Raimundo Barreto, a alta nos preços diz respeito às exportações de produtos como grãos, soja, arroz, feijão, carne, entre outros derivados.

“Os produtores preferem ‘jogar’ para fora do país do que vender para o mercado interno devido ao aumento do dólar, então quando falta no mercado interno a tendência é o valor crescer, como está crescendo”, frisou. “Nós não temos culpa nenhuma, somos apenas repassadores”, emendou Raimundo Barreto.

ALTA DO DÓLAR

Mauro Rochlin, economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV) enfatizou que o grande vilão desta alta é mesmo o dólar. Ele explicou que a valorização da moeda americana afeta diretamente as commodities, que são os produtos vendidos internacionalmente. “As commodities têm como referência o dólar. Isso explica não só o preço do arroz, como também dos derivados de soja e outros produtos”, acrescentou.

Em um discurso na semana passada, o presidente Jair Bolsonaro pediu “patriotismo” aos supermercados para segurar os preços de itens da cesta básica. “Estou pedindo um sacrifício, patriotismo para os grandes donos de supermercados para manter na menor margem de lucro”, disse.

De acordo com o estudo do Cepea, os supermercados são apenas a ponta da cadeia. O encarecimento do arroz vem das etapas anteriores. Segundo a Associação Brasileira da Indústria do Arroz (Abiarroz), o produto comprado dos produtores pelas indústrias ficou 30% mais caro só em agosto.

Assim como outros produtos da cesta básica, como óleo de soja e feijão, a alta do arroz está ligada à valorização do dólar, que torna as exportações mais lucrativas aos produtores.