Economia

Grupo holandês desiste de comprar a Braskem

LyondellBasell diz que decisão se deu 'após uma análise cuidadosa' sobre situação da empresa

Por Carlos Amaral com Tribuna Independente 05/06/2019 08h23
Grupo holandês desiste de comprar a Braskem
Reprodução - Foto: Assessoria
As negociações entre o grupo holandês LyondellBasell e a Odebrecht para a compra da Braskem foram encerradas na terça-feira (4). Os europeus desistiram da negociação após “análise cuidadosa” sobre a realizada financeira da empresa que controla a mineradora. Em comunicado, Bob Patel, CEO do grupo holandês, afirma que “a combinação da LyondellBasell com a Braskem é convincente por conta dos pontos fortes complementares, portfólios de produtos e pegadas operacionais das empresas. No entanto, após uma análise cuidadosa, decidimos conjuntamente não prosseguir com a transação. Queremos agradecer às equipes da Odebrecht e da Braskem cooperação durante todo o processo”. As negociações envolviam 50,1% do capital votante da petroquímica brasileira, controlada pela Odebrecht em sociedade com a Petrobras, que tem 47% do capital votante. O encerramento das negociações gerou queda no preço das ações da Braskem na bolsa de valores. Na Bovespa, próximo ao meio-dia, o valor dos papéis preferenciais da empresa, que são os mais negociados, caíram 17,31% e ficaram em R$ 34,19. Já os ordinários – que dão direito a voto – caíram 11,89% e foram a R$ 34,30. Estes são os patamares mais baixos desde 2015. Já na bolsa de valores de Nova Iorque, as ações da Braskem caíram 17,06%, e ficaram em US$ 17,65. A Odebrecht está envolvida na Operação Lava Jato e isso tem gerado uma série de dificuldades para a empresa e, por consequência, à Braskem. Mesmo que por tabela. A empresa que acumula dívidas superiores R$ 80 bilhões. Fora isso, na última sexta-feira (31), a Controladoria Geral da União (CGU) e a Advocacia Geral da União (AGU) assinaram um acordo de leniência com a Braskem no valor de R$ 2,87 bilhões referentes a pagamentos de danos, enriquecimento ilícito e multa devido a contratos fraudulentos com entes públicos. Mineradora pode ter bloqueio bilionário   Em Alagoas, a situação da empresa de mineração Braskem está em uma condição específica no qual tem sido alvo de ações judiciais que pedem bloqueio de seus bens. A mais notória delas, no valor de R$ 6,6 bilhões, de autoria do Ministério Público Estadual (MPE) e da Defensoria Pública Estadual (DPE), mas o processo acabou por ir à Justiça Federal e aguarda decisão para se definir onde tramitará. Ministério Público Estadual e Defensoria Pública defendem que o processo seja julgado pelo Tribunal de Justiça de Alagoas por existir um contato imediato com os moradores prejudicados em decorrência das rachaduras. A Braskem é acusada de ser responsável por rachaduras e afundamentos de três bairros em Maceió, capital alagoana: Pinheiro, Mutange e Bebedouro. Segundo laudo da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM), a extração de sal-gema pela mineradora causou o problema. A empresa nega. Em documento publicado junto à Bovespa, a Braskem comentou o fim das negociações com a  LyondellBasell. “A Braskem S.A. [“Braskem” ou “Companhia”], em prosseguimento ao Fato Relevante divulgado em 15 de junho de 2018, vem comunicar aos seus acionistas e ao mercado que foi informada pela Odebrecht S.A., sua acionista controladora, da decisão em conjunto com a LyondellBasell de encerrar as tratativas a respeito da potencial transação envolvendo a transferência à LyondellBasell da totalidade da participação da Odebrecht no capital social da Braskem. A administração da Companhia seguirá em busca de oportunidades que tenham o potencial de agregar valor à Braskem e, consequentemente, a todos os seus acionistas”, diz a empresa.