Economia

Em 2017, produtos básicos são quase metade das exportações

Alta no preço das commodities fez crescer 28,7% a participação dos básicos nas vendas brasileiras

Por Texto: Alexandro Martello com G1 07/01/2018 10h24
Em 2017, produtos básicos são quase metade das exportações
Reprodução - Foto: Assessoria

O saldo recorde de US$ 67 bilhões da balança comercial brasileira em 2017 foi possível principalmente pelo aumento nas exportações de produtos básicos, sem acabamento ou tecnologia envolvida, como minério de ferro, petróleo e produtos agrícolas.

Segundo números do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), as vendas de produtos básicos ao exterior saltaram de US$ 79,15 bilhões em 2016 para US$ 101 bilhões em 2017, alta de 28,7%.

As exportações de produtos manufaturados (industrializados, que possuem maior valor agregado e que geram mais empregos na fabricação) também aumentaram, mas bem menos: de US$ 73,92 bilhões para US$ 80,25 bilhões, alta de 9,4%.

Como consequência, a participação dos produtos básicos no total das exportações brasileiras atingiu 46,4%, o maior percentual dos últimos três anos. Já a dos manufaturados foi em 2017 a menor dos últimos três anos: 36,9% do total.

PRODUTOS BRASILEIROS MAIS EXPORTADOS

Básicos Manufaturados soja em grão automóveis de passageiros minério de ferro aviões petróleo em bruto óxidos/hidróxidos de alumínio milho em grão maquinas para terraplanagem carne bovina laminados planos carne de frango veículos de carga café em grão autopeças minério de cobre óleos combustíveis farelo de soja polímeros plásticos algodão em bruto açúcar refinado Fonte: MDIC

Segundo o secretário de Comércio Exterior do MDIC, Abrão Neto, o aumento da participação de produtos básicos no total das vendas externas em 2017 está relacionado com a safra recorde de grãos e, também, com o aumento dos preços das "commodities" minerais, como petróleo e minério de ferro.

Para o vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), Carlos Portella, seria importante para o Brasil aumentar a exportação de produtos manufaturados porque isso geraria benefícios como criação de mais empregos e maior retorno financeiro para os exportadores.

"Para cada 100 contêineres de algum produto básico, a gente poderia exportar 20 contêineres de manufaturado a um preço melhor. Mais valor do produto gera uma maior receita para o país, gera mais emprego, o PIB sobe mais", declarou.

Peso do Brasil no comércio mundial

De acordo com o executivo da AEB, o fato de o Brasil exportar menos produtos manufaturados do que básicos contribui para que o país tenha representatividade baixa no comércio internacional.

Em 2015, último dado disponível, segundo números compilados pela Organização Mundial de Comércio (OMC), as vendas externas brasileiras representaram 1,2% do total das exportações mundiais, e país ficou em 25º lugar.

No mesmo ano, os Estados Unidos abocanharam 9,4% das vendas externas globais, a China ficou com 14,2%, a Alemanha com 8,3%, a Holanda com 3,5%, a França com 3,2%, o Reino Unido com 2,9% e o Japão com 3,9%.

A participação brasileira no comercio internacional é menor que a de países como o México (2,4%), e Índia (1,7%). O Brasil também fica atrás de Malásia, Polônia, Tailândia, Emirados Árabes Unidos, Singapura, Suíça, Bélgica e Coreia do Sul.

Como melhorar?

Para Portella, da AEB, a receita para aumentar a venda de produtos industrializados passa pelo aumento da competitividade.

Para isso, disse ele, o Brasil precisa avançar na agenda de reformas e melhorar a infraestrutura. Ele citou a necessidade de se fazer uma reforma da Previdência e, principalmente, melhorar o sistema de tributos brasileiro, considerado muito complexo.

"A indústria é muito penalizada por esses impostos. Já teve a reforma trabalhista, que vai dar um certo vigor, mas a reforma fiscal é a salvação", declarou ele.

O secretário de Comércio Exterior do Ministério da Indústria, Abrão Neto, observou que o governo avançou nas reformas econômicas.

Segundo ele, o governo está implementando outras ações para melhorar o ambiente de negócios no Brasil e gerar mais competitividade para a produção brasileira, entre as quais a facilitação do comércio, redução da burocracia e de custos operacionais, e também iniciativas para permitir um maior acesso aos mercados de outros países, sobretudo por meio da negociação de acordos comerciais.