Cooperativas

Sindicatos denunciam demissão coletiva na Unimed

Empresa contrata terceirizada para realizar serviços de nutrição de hospital; entidades estão mobilizadas e não descartam greve

Por Evellyn Pimentel com Tribuna Independente 28/11/2018 09h34
Sindicatos denunciam demissão coletiva na Unimed
Reprodução - Foto: Assessoria
Entidades sindicais denunciam a demissão coletiva de 43 funcionários do serviço de nutrição do Hospital Unimed Maceió para a inserção de uma empresa terceirizada. Mobilizações estão previstas para esta semana e uma reunião nesta quarta-feira (28) deve definir quais providências deverão ser adotadas pelos representantes dos trabalhadores. Uma greve geral não é descartada, segundo sindicalista. Segundo o presidente do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde em Alagoas (Seesse-AL), Francisco Lima, embora não oficializadas, as demissões são dadas como certas desde a semana passada. Segundo o representante da categoria, os profissionais têm entre 2 e 20 anos de serviços prestados e alguns deles, mais de três décadas trabalhando na mesma função na empresa. “Oficialmente os 43 não receberam ainda o aviso, mas a informação que a gente tem é que todos serão demitidos. O sindicato, após ter tomado conhecimento da decisão de demitir em massa o setor de nutrição, foi todo o serviço de nutrição, cozinheiros, auxiliar de cozinha... A nossa preocupação não é só com a demissão de 43 profissionais no final de ano, mas é com a qualificação profissional. O serviço de nutrição hospitalar é um serviço que precisa de muita qualificação e experiência e conhecimento. É essa a preocupação”. O Sindicato dos Auxiliares e Técnicos de Enfermagem do Estado de Alagoas (Sateal) também se posicionou de forma contrária as demissões. O presidente da entidade, Mário Jorge Filho, explicou que a mudança deve comprometer o atendimento prestado aos usuários em internação. “A informação que a gente tem é que o setor de nutrição e dietética seria terceirizado. Teremos uma reunião com as entidades para formular um documento para ser apresentado à presidência da Unimed e MPT para a discussão de não aplicação da terceirização no âmbito hospitalar. Essa decisão compromete e muito o atendimento porque cada paciente tem uma alimentação recomendada e é preciso um pessoal qualificado para atender essa demanda”, defende. Apesar de não haver anúncio oficial acerca dos desligamentos, a Unimed informou à reportagem, por meio de nota, que uma empresa terceirizada já foi contratada para realizar os serviços de nutrição do hospital. “Foi escolhida a empresa DG Refeições Coletivas, que atua nos Estados de Alagoas, Bahia e Rio de Janeiro, com experiência no segmento. A decisão técnica seguiu tendência e parâmetros reconhecidos nacionalmente, tendo como foco eficiência, sustentabilidade do negócio e qualidade do atendimento”, diz a nota. Ainda segundo a Unimed a decisão segue o planejamento estratégico da instituição e foi tomada de forma conjunta atendendo “todos os preceitos legais e trabalhistas”. “A Unimed entende que mudanças, mesmo quando planejadas e com visão de resultados, podem gerar desconforto. E garante a melhoria da qualidade desse serviço aos beneficiários”, explica. Questionada sobre a confirmação das demissões e a possibilidade de reaproveitamento dos funcionários, a Unimed afirmou que só falaria por meio da nota. Decisão da unidade é questionada   Segundo Francisco Lima, o Ministério Público do Trabalho (MPT) deverá ser acionado para impedir que as demissões sejam concretizadas. Além disso, as entidades sindicais pretendem continuar mobilizadas. Na segunda-feira (26), uma paralisação de advertência foi organizada. “Ao tomar conhecimento dessa atitude desastrosa o sindicato denunciou o hospital à Procuradoria Geral do Trabalho, solicitando de imediato a suspensão das demissões e da terceirização de uma empresa que nunca atuou no estado. Essa empresa por sinal, ontem [segunda], nós fizemos uma greve de advertência e já existiam empregados desta empresa atuando no serviço de nutrição, mesmo sem qualquer qualificação para atuar. Além disso, nós encaminhamos ofício ao presidente da Unimed Maceió, no sentido de suspender as demissões, também encaminhamos documento ao diretor-geral, solicitando audiência para que adotem providências, porque a terceirização pode até acontecer, mas é preciso avisar os funcionários com antecedência e preparar a equipe que vai substituir”, afirma Lima. O sindicalista questiona ainda a escolha da empresa para a prestação do serviço. “Uma empresa totalmente desconhecida e o que a Unimed diz é que tem experiência na Bahia e Rio de Janeiro, porque eles não dizem quais hospitais. Nós queremos saber aqui em Alagoas, qual foi o hospital que eles fizeram alguma atividade. A meu ver isso é um risco muito grande que o hospital Unimed Maceió está criando para os usuários e pacientes internados. Eu acredito que com relação a suspensão das demissões a Procuradoria adotará providências de imediato e com relação à terceirização nós, o sindicato, já solicitamos todas as certidões negativas para entender a situação dessa empresa.” Viver Bem Praia: Programa de atividades físicas será itinerante   Outra mudança da Unimed atinge cerca de 500 usuários do serviço Viver Bem Praia a partir do dia 30 deste mês. É que o núcleo do serviço que oferecia atividades esportivas e de lazer há 18 anos no Corredor Vera Arruda passará a ser itinerante. Segundo a Unimed o objetivo é ampliar o atendimento na capital. “Há 18 anos, a Unimed Maceió tem promovido a saúde e a qualidade de vida da comunidade, por meio do Viver Bem Praia, programa que oferece atividades físicas e eventos educativos gratuitos no Corredor Vera Arruda. Com base no sucesso desse trabalho, e com o objetivo de ampliar os benefícios para outras regiões da cidade, a Gestão da Cooperativa definiu um novo formato a ser adotado em 2019”, informa a Unimed. Para que não haja descontinuidade das ações, a instituição informou que a organização passará a ser de responsabilidade de uma associação comunitária da região. “Para que os mais de 500 participantes das aulas do Corredor Vera Arruda mantivessem a rotina de exercícios físicos, e diante do interesse da Associação de Moradores do Stella Maris em manter e dinamizar o espaço, a Cooperativa atuou junto à Prefeitura para que não houvesse interrupção e as aulas no local serão retomadas em janeiro, sob a administração da Associação.” Usuária do serviço nos dezoito anos de atividades, Célia Pinto lamenta a decisão. “Estamos sem saber o que vai acontecer porque é um trabalho que vinha sendo desenvolvido há bastante tempo e agora, mesmo que a associação assuma, a gestão muda e não podemos prever, é uma incerteza geral”, pontua. Segundo o presidente da Associação de Moradores do Stella Maris (Astema), José Queiroz, uma reunião na tarde de ontem (27) serviria para definir a absorção do serviço pela comunidade, no entanto, ainda não há posicionamento sobre o que irá ocorrer. “Houve a reunião, mas ao final fomos surpreendidos pela informação de que a Prefeitura é que irá dar continuidade, ainda não sabemos se isso realmente vai acontecer”, explica o líder comunitário. Em nota, a Prefeitura de Maceió diz que o espaço utilizado pela Unimed Maceió no Corredor Vera Arruda era cedido há mais de 10 anos pelo município “em virtude da contribuição ao bem-estar da população, local onde, até então, são desenvolvidas atividades gratuitas de segunda-feira a sábado.” A nota diz ainda que Secretaria Municipal de Desenvolvimento Sustentável (Semds), responsável pela administração dos espaços públicos, não foi comunicada oficialmente sobre a decisão da Unimed em não mais utilizar o local com o projeto social. “No entanto representantes do órgão devem procurar a cooperativa para obter um posicionamento. A partir disso, caso confirmada a falta de interesse por parte da Unimed, a Semds avaliará o que será feito no espaço.”