Cidades

Lagoa Mundaú: registradas três mortes envolvendo embarcações somente este ano

Novo acidente ocorreu no sábado, quando a vítima era puxada em uma boia e se chocou em uma pilastra da ponte Divaldo Suruagy

Por Luciana Beder – Colaboradora com Tribuna Independente 18/04/2023 10h04
Lagoa Mundaú: registradas três mortes envolvendo embarcações somente este ano
Acidente aconteceu no último sábado na Lagoa Mundaú, no Pontal da Barra; moradores da região reclamam da falta de fiscalização - Foto: Edilson Omena

Mais uma pessoa morreu vítima de acidente envolvendo embarcação neste ano, na Lagoa Mundaú, entre Maceió e Marechal Deodoro. Karllysson Monteiro de Almeida, de 38 anos, estava em uma boia sendo puxado e se chocou em uma das pilastras da ponte Divaldo Suruagy. Ele morreu no último sábado (15), após ser levado ao Hospital Geral do Estado (HGE) com fraturas e hemorragia. O sepultamento ocorreu ontem (17).

Karllysson Monteiro era servidor público estadual e atuava como assessor de Tecnologia da Informação da Secretaria de Estado da Prevenção à Violência (Seprev) de Alagoas, que emitiu uma nota lamentando a morte do servidor.

“É com os corações partidos de todos nós que fazemos a Seprev, que informamos o falecimento do nosso assessor de Tecnologia da Informação, Karlisson Monteiro, o amado Guga. Alegre, humilde e querido por todos, Guga deixa todos nós com uma dor imensa, mas com a certeza de que ele leva para os céus sua alegria contagiante. Que Deus o receba em sua infinita bondade e que conforte o coração de todos nós, amigos e familiares”, diz a nota.

Segundo a Polícia Civil, nenhum familiar registrou Boletim de Ocorrência, mas, assim que for registrado, as investigações serão iniciadas. Os envolvidos podem ser indiciados por homicídio culposo, quando não há intenção de matar.

OUTRAS MORTES

Este não é o primeiro acidente envolvendo embarcações na Lagoa Mundaú este ano. Um outro acidente entre a moto aquática e um barco ocorreu no dia 24 de fevereiro deste ano, na Lagoa Mundaú, em Marechal Deodoro, deixou duas pessoas mortas e uma ferida. As três vítimas, o empresário Joel Sarmento e dois funcionários, José Cícero dos Santos e Benedito dos Santos, estavam pescando na lagoa, quando foram atingidos por uma moto aquática.

O condutor da moto aquática, que é policial militar de Pernambuco, foi indiciado por homicídio culposo e lesão corporal de natureza grave.

Moradores reclamam de falta de fiscalização por parte da Marinha

Segundo os moradores do entorno da Lagoa Mundaú, já foram registrados diversos acidentes, como o do pescador Osmar Oliveira de Araújo, de 38 anos, no ano de 2016, que foi atingido por um jet ski e morreu após 16 dias de internação no Hospital Geral do Estado (HGE).

“Em agosto de 2015, uma colisão entre dois jet skis, nas imediações da balança do peixe, resultou na morte de Marcelo. Em agosto de 2016, o pescador Osmar foi atingido de forma violenta em sua canoa artesanal por um potente jet ski. O casal que pilotava a moto aquática estava embriagado. Até hoje, a família espera justiça. A mãe do pescador faleceu ano passado sem ver a justiça ser feita. Em dezembro do ano passado, um novo acidente ocorreu na beira da lagoa, perto da balança do peixe do Pontal. Graças a Deus, dessa vez, sem vítima fatal, mas ficaram vários feridos”, contou a líder comunitária do bairro do Pontal, Maria Lígia Minin.

O pedreiro Jorginaldo da Silva disse que, principalmente, durante os finais de semana, as embarcações passam em alta velocidade pela lagoa e reclamou da falta de fiscalização por parte da Marinha.

“Principalmente, nos finais de semana. É um abuso deles, vem luxar, mas esquecem das pessoas que trabalham, que necessitam da pesca. Velocidade topada, não tem limite. É uma fiscalização que para mim não existe, porque fiscalização é aquela que chega e cobra, não se vende”, afirmou.

Para o aposentado Rivanildo Pereira, a Marinha deveria cobrar dos donos de marinas o horário de recolhimento. “O que mais vemos passando sete, oito, nove horas da noite é lancha. Está o pescador com a rede estirada, querendo pegar o peixe dele, a lancha passa e rasga. Eu perdi um primo, teve o acidente do Joel, teve neste final de semana. Sabemos que a Marinha não tem bola de cristal nem efetivo suficiente para ficar o dia todo aqui, mas deveria ter uma determinação para as marinas. Final de semana ela vem, mas é uma fiscalização que termina cedo, no horário principal não tem”, disse.

Pereira reclamou também que a maioria das pessoas que andam em moto aquática são proprietárias e não deixam nas marinas. “A maioria das pessoas de jet ski, que é a embarcação que mais está envolvida nos acidentes, são donos do próprio jet ski, não deixam na marina, pagam para descer e pagam paga recolher, colocam no carrinho deles que tem o reboque e vão embora”, contou.

A redação entrou em contato com a Capitania dos Portos, mas, até o fechamento desta matéria, não obteve retorno.