Cidades

Laboratórios alertam para risco de desabastecimento de testes para covid-19

Hospital Arthur Ramos suspende temporariamente exames para Covid e Influenza, mas mantém realização em alguns casos

Por Ana Paula Omena com Tribuna Independente 19/01/2022 06h35
Laboratórios alertam para risco de desabastecimento de testes para covid-19
Reprodução - Foto: Assessoria
Pelo menos dois hospitais em Maceió estão respeitando a condição de saúde de cada paciente solicitando o teste para detecção da Covid-19 e Influenza. No entanto, a alta demanda de exames laboratoriais para o diagnóstico dos vírus trouxe ao setor de medicina diagnóstica brasileira a preocupação com a falta de insumos necessários para a realização desses exames. “A importância da testagem de toda a população para controle epidemiológico e manejo de pacientes em uma pandemia é reconhecida por todos os profissionais de saúde e até mesmo por pacientes. Todavia, quando avaliamos as notícias que vêm de outros países, de que eles já estão sem insumos, é certo que o problema chegará ao Brasil”, explica o presidente do Conselho de Administração da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), Wilson Shcolnik. “Não é possível mensurar nesse momento até quando poderemos atender, pois os estoques são variados dependendo do laboratório e da região, mas há um risco real de desabastecimento”, alerta o executivo. O Hospital Unimed Maceió informou por meio da assessoria de comunicação que não suspendeu os testes. Porém estes estão sendo solicitados conforme a avaliação médica, respeitando a condição de saúde de cada paciente e o tempo necessário para que os exames sejam capazes de detectar a presença de Covid-19 ou Influenza no organismo. “A Unimed Maceió segue acompanhando a situação em todo o Brasil, principalmente em Alagoas, e está pronta para tomar as medidas necessárias para conter o avanço da Influenza e do Coronavírus”, frisou. Desde o último dia 13 de Janeiro, o Hospital Memorial Arthur Ramos, suspendeu os testes devido ao aumento de casos de síndromes gripais registrados em todo país e pela restrição de insumos do mercado. “Os testes para Covid-19 e Influenza estão temporariamente suspensos. Será mantida a realização dos testes em pacientes graves ou internados, assim como dos pacientes com procedimentos previamente agendados”, salientou a unidade hospitalar em seu comunicado. O Hospital Veredas informou que neste momento não há falta de testes para Covid e que segue operando normalmente, mas lembrou da falta generalizada de testes (mundial) e reconheceu que poderá envolver o estabelecimento de saúde. Uma grande rede de farmácia instalada no estado destacou que, nas últimas semanas, a demanda por testes de covid-19 cresceu consideravelmente e há falta de testes no mercado como um todo. “A RD-RaiaDrogasil segue com o agendamento de testes suspenso e está atuando na reposição dos estoques para o abastecimento de suas lojas o mais breve possível”. “Mercado não tem reserva suficiente para suprir a demanda”, diz AMA   O presidente da Associação dos Municípios Alagoanos (AMA), Hugo Wanderley, ressaltou que com o aumento no número de casos em todos os municípios e no país, a busca pela testagem se intensificou bastante nos últimos dias e o envio dos 150 mil testes pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) aos municípios foi importante. “Mas diante do aumento exponencial, o problema se direciona ao mercado que não tem reserva suficiente neste momento para suprir a demanda, o que acarreta pedidos de rescisão e desistência de contrato por parte das empresas que são fornecedoras”, pontuou. Ele recordou os dados das últimas semanas que mostram o grande crescimento dos casos de síndromes gripais, como a Influenza e Covid-19 em Alagoas. “O estado e os municípios estão intensificando cada vez mais o trabalho em combate aos vírus, acelerando a vacinação e ampliando a testagem na população, estamos preocupados com a vida dos alagoanos”, salientou. Ainda segundo Hugo Wanderley, esse é um problema que afeta todo país e partes do mundo causado pela grande velocidade de transmissão do vírus. E emendou: “Insumos e medicações como a dipirona, o soro fisiológico e o teste swab já estão escassos até mesmo em farmácias privadas, por isso devemos nos preocupar em estancar a proliferação do vírus, acelerar a vacinação e para isso necessitamos da colaboração de todos”. A Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) informou que não há falta de insumos e que os exames estão sendo realizados. ABRAMED De acordo com Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), a alta transmissibilidade da nova variante Ômicron causou aumento exponencial de casos, o que vem demandando significativo aumento da capacidade produtiva global de testes, tanto de PCR como de antígeno, e se os estoques não forem recompostos rapidamente poderá ocorrer a falta de oferta de exames. A entidade divulgou uma nota técnica para os associados recomendando a priorização de pacientes para efetuarem os testes, segundo uma escala de gravidade: “O ideal seria seguirmos testando todo mundo que se expôs de alguma forma, porém, com o cenário que vislumbramos em curto prazo, recomendamos fortemente que sejam submetidos a testes apenas os pacientes que tenham maior gravidade de sintomas, pacientes hospitalizados e cirúrgicos, pessoas no grupo de risco, gestantes, trabalhadores assistenciais da área da saúde, e colaboradores de serviços essenciais, cessando a testagem de contactantes, assintomáticos”, alertou Wilson Shcolnik. “E pessoas com sintomas leves, que devem permanecer em isolamento até que o cenário seja normalizado, deixando a possibilidade de teste para os pacientes mais críticos”, reitera Shcolnik.