Cidades

Pandemia produz mudanças no monitoramento de animais marinhos

Instituto Biota contabilizou 1.020 encalhes na costa alagoana em 2020; a maior parte, tartarugas marinhas

Por Evellyn Pimentel com Tribuna Independente 15/01/2021 09h05
Pandemia produz mudanças no monitoramento de animais marinhos
Reprodução - Foto: Assessoria
O Instituto Biota contabilizou 1.020 encalhes de animais marinhos na costa alagoana em 2020. O número é 20% menor que o registrado no ano anterior: 1.286 encalhes. A entidade afirma que a pandemia afetou o monitoramento periódico realizado pelas equipes. Dos mais de mil animais encontrados, 30 foram golfinhos, baleias e 2 foram peixes-boi. Mas a maior parte foi de tartarugas, 946 no total e 44 aves marinhas. Waltyane Bonfim, bióloga do Instituto afirma que a pandemia provocou mudanças nos sistemas de monitoramento. “Foi atípico sim pois o monitoramento de praias foi suspenso, tanto para segurança da equipe quanto de pessoas que pudessem estar nas praias, pois o registro desses animais quase sempre gera algum tipo de aglomeração”, explica. A bióloga detalha que outras atividades de pesquisa também tiveram o desenvolvimento comprometido. “Além disso, o acesso às unidades de conservação (como a Apa Costa dos Corais e Resex de Jequiá da praia) para pesquisa foi suspenso. Ficamos sem monitorar de março a julho. Nesse período contamos muito com o apoio da população, pois pudemos continuar fazendo os registros por meio de imagens e dados enviados para a gente por WhatsApp, Instagram e outras redes”, explica. REDUÇÃO A diminuição de registros de animais, segundo a bióloga pode ter sofrido influência das mudanças no monitoramento. O presidente do Biota, Bruno Stefanis, afirma que muitas coletas de dados acabaram sendo perdidas. Segundo Waltyane, o monitoramento periódico é fundamental para o registro de encalhes, principalmente em áreas remotas ou com pouca circulação de banhistas. “Pode ter influenciado. Pois ainda que a gente conte muito com a ajuda da população, ao longo do litoral tem áreas em que o acesso é difícil e por isso não são tão frequentadas. Então, caso um animal encalhasse em uma área assim, seria pouco provável conseguir fazer o registro sem o monitoramento sistemático”, pontua a biológa. Para 2021, ainda não se tem um cenário fechado avalia ela. “Na verdade, ainda que tenha havido essa grande lacuna em 2020, não tem como a gente prever se vai ter mais ou menos animais. Às vezes isso pode variar até por fatores naturais, mas o que temos visto é que com o aumento do esforço de monitoramento e de campanhas informativas o registros tendem a aumentar... Em agosto retomamos o monitoramento, com todos os cuidados necessários e enquanto for seguro, vamos continuar indo a campo e fazendo os registros”, diz Waltyane Bonfim.