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ANA registra menos locais com seca em Alagoas

Monitor revela melhor dado desde novembro de 2017, pois área sem o fenômeno saltou de 50% para quase 75% do estado

Por Ana Paula Omena com Tribuna Independente 21/08/2020 08h10
ANA registra menos locais com seca em Alagoas
Reprodução - Foto: Assessoria
Este ano, o volume de chuva acima da média histórica vem trazendo fartura para o Sertão de Alagoas, mas nem sempre foi assim, já que nos anos anteriores a seca foi considerada severa. Em março passado, por exemplo, choveu tanto que o Riacho Camoxinga, localizado na cidade de Santana do Ipanema, município sertanejo, transbordou deixando ruas e casas inundadas. Na quarta-feira (19), o Mapa do Monitor de Secas divulgado pela Agência Nacional de Água (Ana) apresentou que houve uma redução das áreas com seca em Alagoas. A última atualização apontou que no estado, as chuvas de julho foram abaixo da média na porção leste e de normal a acima da média na parte oeste. As precipitações acima da média melhoraram os indicadores de seca que apontaram para um recuo da seca fraca na porção central que faz divisa com Pernambuco, sendo que os impactos são somente de longo prazo. Em julho, Alagoas registrou a maior área sem registro de seca (70,78%) desde novembro de 2017, quando 75,08% do território alagoano vivenciou o fenômeno. Este fenômeno aconteceu também na Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte. Nos demais estados a situação ficou estável. De acordo com o coordenador da Sala de Alerta da Secretaria de Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos de Alagoas (Semarh/AL), meteorologista Vinícius Pinho, o período mesmo sendo chuvoso foi considerado extremo em Santana do Ipanema e região. “E continuou sendo, mas o melhor disso, é que foram chuvas bem distribuídas, o que contribuiu significativamente para a melhora na saúde do solo da região, porque temos solos que até hoje estão com bastante umidade”, disse. “As reservas hídricas da região do sertão também são positivas, como pequenos barreiros e reservatórios que estão com uma grande capacidade; enfim todos os reservatórios do estado estão próximos de sua capacidade máxima pelo menos os sete principais monitorados pela ANA e pela Semarh, o que é muito bom tendo em vista que parte deles são usados para irrigação o que vai favorecer ainda mais o plantio, a agricultura”, explicou. O meteorologista Vinícius Pinho lembrou a importância desses reservatórios para a agricultura familiar e este ano está sendo muito positivo. “A chuva no lado oeste embora não foi inédita, mas este ano foi com certeza acima da média histórica”, afirmou. Conforme o Monitor de Secas, a área leste de Alagoas também é considerada positiva no que diz respeito às chuvas, já que por lá não há seca. “Tivemos chuvas acima da normalidade em quase todos os meses deste ano. Então se pode concluir que foi um ano chuvoso em todo o estado, o que não afeta o turismo de forma alguma até porque a ausência de visitantes no estado foi por conta da pandemia do coronavírus”, ressaltou. Expectativa é de safras positivas em todas as regiões do estado   A expectativa da Semarh é que se tenham safras positivas em todas as regiões do estado, incluindo a zona da mata que teve um bom desempenho no que se refere à cana-de-açúcar. Como o período chuvoso está acabando agora na primeira quinzena de agosto, a previsão dos meses seguintes é que se reduza a chuva de forma expressiva, mas segundo Vinícius Pinho, o que é importante ressaltar, é o que já choveu até o momento, que deve suprir a estiagem posterior. “A expectativa é que neste fim de ano, novembro, dezembro e janeiro do ano que vem, ocorram trovoadas mesmo no verão, já que o oceano atlântico ainda está bem aquecido e favorece a evaporação, e quanto mais evaporação próxima à costa maior a formação de nebulosidade. Então é previsto que esse verão tenhamos trovoadas que costumam ocorrer no sertão e na metade leste do estado, a tendência é que se tenha um verão com algumas chuvas”, concluiu. O superintendente de Desenvolvimento Agropecuário da Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária, Pesca e Aquicultura de Alagoas (Seagri/AL), Hibernon Cavalcante, salientou que de uma forma geral haverá um incremento de safras no Estado em decorrência do volume de chuvas um pouco acima da normalidade climática, considerando séries históricas acima de 20 anos. “Teremos um crescimento na produção de milho e o clima foi muito bom para produção de feijão. Além do sertão, o agreste, zona da Mata e Litoral, também estão sendo beneficiados não só pelo volume como distribuição de chuvas”, frisou. “Quanto ao algodão, só deve haver plantio se for seguindo as normativas do Mapa quanto ao controle do bicudo. Poucos produtores, hoje, tem a capacidade de seguir estas normas”, colocou. OUTROS ESTADOS O Distrito Federal, Ceará, Goiás e Sergipe a parcela do território com o fenômeno se manteve estável. Em termos de severidade, a seca não registrou mudanças significativas entre junho e julho nas 16 unidades da Federação monitoradas. O Mapa do Monitor de Secas de julho registrou aumento em sete estados nas áreas com seca em relação a junho, devido às poucas chuvas do último mês: Bahia, Espírito Santo, Maranhão, Minas Gerais, Piauí, Rio de Janeiro e Tocantins. O Monitor realiza o acompanhamento contínuo do grau de severidade das secas no Brasil com base em indicadores do fenômeno e nos impactos causados em curto e/ou longo prazo. Os impactos de curto prazo são para déficits de precipitações recentes até seis meses. Acima desse período, os impactos são de longo prazo. Essa ferramenta vem sendo utilizada para auxiliar a execução de políticas públicas de combate à seca e pode ser acessada tanto pelo site monitordesecas.ana.gov.br quanto pelo aplicativo Monitor de Secas, disponível gratuitamente para dispositivos móveis com os sistemas Android e iOS.