Cidades

Blocos em área de risco começam a ser demolidos no Pinheiro

Medida foi necessária pelo risco iminente no Conjunto Jardim Acácia

Por Ana Paula Omena com Tribuna Hoje 07/04/2020 10h45
Blocos em área de risco começam a ser demolidos no Pinheiro
Reprodução - Foto: Assessoria
Quatro blocos do Conjunto Jardim Acácia, no bairro do Pinheiro, em Maceió, começaram a ser demolidos nesta terça-feira (7) por apresentarem risco iminente de tombamento das estruturas. A medida foi adotada pelo Município após a constatação em relatório técnico da Coordenadoria Especial Municipal de Proteção e Defesa Civil (Compdec), que recomendou a demolição, e a aproximação do período chuvoso, que pode agravar o problema e trazer risco à população. Serão demolidos os blocos 7, 8, 9 e 15, localizados em área já interditada pela Defesa Civil. O problema teve início em fevereiro de 2018 depois de um tremor de terra que causou várias rachaduras e fissuras em imóveis localizados na região. De acordo com o Serviço Geológico do Brasil (CPRM), os bairros do Pinheiro, Bom Parto, Bebedouro e Mutange foram afetados pela instabilidade de solo provocada pela atividade de mineração da petroquímica Braskem. A moradora Edineide Braz, de 48 anos, que passou parte da sua infância até a vida adulta no prédio que estava sendo demolido, não escondeu a angústia de ver suas lembranças desmoronadas em minutos. “Fui muito feliz aqui, meus irmãos não tiveram coragem de vir acompanhar a demolição, na verdade nem sabíamos que isso iria acontecer tão breve. Fomos pegos de surpresa... Meu pai comprou um apartamento no bloco 8 para a gente estudar, porque somos do interior, mas gostamos tanto do lugar que ficamos por aqui. Tanto é, que comecei a trabalhar, e comprei meu imóvel também aqui, sempre me senti acolhida neste lugar, minha mãe vinha de Major Isidoro para cá, e depois dos acontecimentos nunca mais veio, sempre ficava nesse apartamento”, desabafou com olhos marejados. https://tribunahoje.com/noticias/cidades/2020/04/07/imoveis-desocupados-sao-invadidos-no-pinheiro-e-mutange/ “Até agora não fomos indenizados, fomos expulsos de nossas casas, nosso sonho está sendo demolido, só quem passa é quem sabe a sensação dolorosa que é, muita gente não aguentou e hoje está doente com o psicológico abalado. Fomos enganados o tempo todo e com a conivência dos políticos alagoanos pelo preço da ganância”, mencionou. Para ela, a sensação é estranha de morar em outro lugar por obrigação, “é se sentir um peixe fora d´água”, frisou. Seu Márcio Vieira, funcionário público federal, ex-morador da Travessa Manoel Menezes, no Pinheiro, também estava acompanhando a demolição dos blocos no Jardim Acácia, ele comentou, que chegou muito pequeno para morar em um dos apartamentos no local e ressaltou com muita tristeza a situação. [caption id="attachment_367018" align="aligncenter" width="640"] Ex-moradores observam demolição com pesar[/caption] “Saímos do Jardim Acácia e compramos uma casa na Travessa Manoel Menezes que também estava na área de risco. Nos mudamos em setembro do ano passado, agora moramos na parte alta. Vim morar aqui na década de 70, criamos raízes, éramos uma família, são vidas que cresceram neste lugar, cheguei aqui com 16 anos, minha esposa com 13 anos”, contou. TERMO DE ACORDO A demolição está sendo realizada por meio do Termo de Cooperação Técnica 3 firmado entre a empresa Braskem e a Prefeitura de Maceió – que estabelece a mútua cooperação em busca de soluções para os problemas enfrentados nos bairros afetados pela instabilidade de solo provocada pela extração de sal-gema. Conforme o coordenador geral da Defesa Civil de Maceió, Dinário Lemos, a demolição é necessária para sanar o risco à população. “Nós temos quatro blocos do Conjunto Jardim Acácia com risco iminente de tombamento, com uma via parcialmente interditada e com a aproximação do período chuvoso este risco é ampliado. Tomamos todas as providências para que estas famílias tenham prioridade no atendimento ao Termo de Acordo firmado entre os Ministérios Públicos, Defensorias Públicas e a Braskem e solicitamos a demolição dos prédios para sanar o risco iminente”, destacou. CRONOGRAMA Pelo cronograma, as demolições acontecem de forma gradativa, iniciando no dia 07/04 pelo bloco 8, no dia 14/04 com a demolição do bloco 15, seguindo no dia 22/04 com a demolição do bloco 7 e no dia 30/04 com a demolição do bloco 9. A previsão de conclusão do cronograma, com a limpeza da área e retirada do isolamento, é o dia 5 de maio. As preparações da área para demolição tiveram início no dia 25 de março, quando começaram a serem colocados os tapumes de isolamento da área. Os blocos 7, 8, 9 e 15 do Conjunto Jardim Acácia estão desocupados desde janeiro de 2019, quando os moradores foram inseridos na Ajuda Humanitária do Governo Federal diante das rachaduras apresentadas nas edificações, em decorrência da instabilidade de solo que afeta os bairros do Pinheiro, Mutange, Bebedouro e Bom Parto. Moradores que ainda não foram contatados devem ligar para o número 0800 006 029. Com as medidas preventivas contra o coronavirus, a Central do Morador teve as atividades suspensas, mas esse grupo de moradores é considerado prioritário e a Braskem informou que está empenhando esforços para avançar rapidamente com as propostas, considerando a utilização de reuniões por plataformas de videoconferência.