Sindicato denuncia demissão em massa de jornalistas após greve
Presidente do Sindjornal diz que retrato da retaliação não vai intimidar categoria

Presidente do Sindjornal diz que retrato da retaliação não vai intimidar categoria
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O Sindicato dos Jornalistas do Estado de Alagoas (Sindjornal/AL) denunciou na manhã desta quinta-feira (4), no Ministério Público do Trabalho (MPT), as demissões em massa que aconteceram por parte da Organização Arnon de Mello, afiliada da Globo em Alagoas, após a greve da categoria que durou nove dias.
Pelo menos 15 profissionais jornalistas foram comunicados sobre as demissões ao chegarem na TV Gazeta, entre eles, editores, produtores e repórteres cinematográficos. De acordo com o presidente do Sindjornal, Isaías Barbosa, a prática antissindical não vai intimidar a categoria. “Viemos no MPT para pedir uma audiência de conciliação com a empresa envolvida [Gazeta] o mais rápido possível”, frisou. “Estamos unidos numa rede de proteção a quem fez a greve”, avisou.
O fato chocou a todos os trabalhadores já que o acordo entre o Sindicato e o Tribunal Regional do Trabalho (TRT/AL) sequer tinha sido publicado no Diário Oficial do Estado, o que legalmente faria a estabilidade de greve ainda ser legal. As demissões ocorreram apenas na TV Gazeta/Globo. Em outras afiliadas, como a TV Ponta Verde/SBT e TV Pajuçara/RecordTV, os profissionais retornaram ao trabalho normalmente.
O líder sindical também estava acompanhado da dirigente Valdice Gomes e do advogado da entidade Kleber Santos, que foram recebidos pelo procurador do trabalho, Cássio Araújo.

Isaías Barbosa reiterou total e irrestrita solidariedade aos companheiros demitidos
“Vamos intimar a Gazeta para se explicar do porque da realização das demissões no dia seguinte ao fim da greve. A orientação é que suspenda as demissões já que existe a possibilidade passível de ação por dano moral coletivo, tendo em vista que não se atinge apenas os trabalhadores demitidos, mas também toda a categoria que esteve na luta, bem como a sociedade que apoiou. As demissões visam intimidar a categoria impondo medo coletivo”, salientou o procurador Cássio Araújo.
30 jornalistas da Gazeta demitidos ainda em outubro do ano passado, até hoje, mesmo com ingresso na justiça não receberam acordos trabalhistas firmados.
Segundo Kleber Santos, a tentativa é reverter o quadro com a reintegração dos empregados demitidos como forma de retaliação por parte das Organizações Arnon de Mello.
O Sindjornal emitiu nota no início da tarde desta quinta-feira entendendo que condutas como estas vão de encontro aos princípios constitucionais de direito de greve e organização sindical. Manifestou ainda total e irrestrita solidariedade aos jornalistas que estão sofrendo, nas empresas, medidas retaliativas – demissões ou mudança de funções – que configuram perseguição e assédio moral, em decorrência de participação na justa greve – legalmente reconhecida pela Justiça do Trabalho – contra a tentativa de redução salarial por parte dos grandes grupos de comunicação do Estado.
“O Sindicato esclarece que até a publicação do Acórdão do julgamento do TRT, prevalecem os direitos de greve dos trabalhadores, e que, desde as primeiras horas da manhã desta quinta-feira, ao tomar conhecimento das ocorrências de demissões no grupo OAM, está atuando, junto aos seus advogados, com todas as providências jurídicas possíveis e adotando todas as articulações que o caso requer.
Ainda na tarde desta quinta-feira (às 15h) a diretoria do Sindjornal estará se reunindo com todos os profissionais demitidos, na sede do Sindicato, para as devidas orientações.
Ao mesmo tempo, convoca toda a categoria para uma assembleia extraordinária, no Sindicato dos Bancários, às 19h30 desta quinta-feira, para os devidos informes e encaminhamentos necessários. Não esqueçamos: Nossa união é nossa força. Juntos somos fortes e vamos vencer mais essa batalha”.
Fonte: Tribuna Hoje / Ana Paula Omena