Cidades

Defesa de Otávio Cardoso diz que está curioso e pode ser pego de surpresa com resultado

Versão dada pelo acusado de matar e ocultar cadáver de Bárbara Regina é incógnita

Por Ana Paula Omena com Tribuna Hoje 28/05/2019 13h14
Defesa de Otávio Cardoso diz que está curioso e pode ser pego de surpresa com resultado
Reprodução - Foto: Assessoria
Otávio Cardoso, acusado de matar e ocultar o cadáver da estudante de contabilidade Bárbara Regina Leite, a época com 21 anos, no dia 1º de setembro de 2012, está sentado no banco dos réus desde 8h da manhã desta terça-feira (28), no Fórum do Barro Duro, em Maceió.  O corpo de jurados composto por cinco homens e duas mulheres analisará se o réu é culpado ou não pelos crimes. O defensor púbico Arthur Loureiro conversou com a reportagem do Tribuna Hoje e afirmou que está curioso para saber qual será a posição de Otávio Cardoso no plenário. “Existem provas contrárias e favoráveis ao réu, ele nega, e a decisão está nas mãos dos jurados. Estou no papel da defesa de velar observando tudo. Até eu estou prestes a ser pego de surpresa também com o resultado de hoje. Sobre ele mudar a versão dada até agora é uma incógnita, estou esperando a própria definição do réu”, avisou. Otávio Cardoso está preso desde 2017 quando foi detido em Mato Grosso após o roubo de um veículo. A partir de então, o réu foi recambiado para Alagoas e está sendo julgado nesta terça-feira. TESTEMUNHAS A primeira testemunha foi Morgana que estava na boate Le Hotel, no bairro Ponta Verde, acompanhada do namorado na época Ítalo  Bruno, que segundo ela, seria conhecido de Otávio. Ela contou que depois que o ex-namorado foi preso e que soube do envolvimento dele em roubo de carro, terminou o namoro. Ainda de acordo com Morgana, Ítalo também era amigo do Moab Júnior, este último que teria dito na polícia, que Otávio confessou dizendo ter matado Bárbara, porém depois negou a informação. “Fomos ao cinema e o Ítalo atendeu a ligação do Moab que comentou do fato sobre Otávio”, frisou. Ela mencionou que passou cerca de um ano namorando Ítalo, e que ele saia com Moab porque eram amigos. “Na boate, vi o Otávio beijando uma moça, mas não sei dizer se era a Bárbara”, lembrou. Indagada pelo promotor Antônio Vilas Boas sobre um assassinato envolvendo Ítalo Bruno e se Moab teria algum motivo para incriminar Otávio, ela afirmou desconhecer. Seu José Antônio Oliveira Falcão, também foi ouvido como testemunha. Ele era o proprietário do quarto alugado por Otávio. O senhor disse durante o julgamento que tomou conhecimento do crime contra Bárbara pela TV, que estava em outra cidade e que via Otávio sempre, no entanto depois do fato o inquilino desapareceu. “Otávio retirou todos os pertences do quarto, segundo a faxineira. A gente ligava e Otávio não atendia, chegando a conclusão de que ele tivesse possivelmente cometido algum crime, algo errado, de anormal”, enfatizou. José Antônio também confirmou que Otávio era temperamental e ficava nervoso por qualquer coisa. “Falou [Otávio] que não se dava bem com o pai dele”. Outra testemunha ouvida no caso foi o dono de um lava jato que Otávio tinha o costume de levar seu carro para limpeza. José Cícero dos Santos disse que lavou o carro de Otávio dias após o crime, e que não tinha barro, vestígios de cana e nem sangue. “Ele sempre levava o carro para lavar, uma ou duas vezes por semana”, mencionou. No dia 12 de setembro de 2012, José Cícero disse na polícia, que era o proprietário do lava jato localizado no Pinheiro. E que no dia 3 de setembro, uma manhã de segunda-feira, Otávio apareceu com o Corsa Sedan, de cor preta para lavar. “O veículo estava bastante sujo de barro”, afirmou em depoimento à polícia. Porém se contradisse dizendo em juízo na manhã desta terça-feira que o carro não estava sujo. “Ele [Otávio] não esperou que eu lavasse o carro e depois desse dia nunca mais o vi”, contou. Em depoimento na polícia, José Cícero falou também que tinha visto Ítalo com Otávio. Ele também reforçou no julgamento já ter visto Ítalo. MÃE DA VÍTIMA Valéria Leite da Silva, mãe de Bárbara Regina, também foi ouvida em plenário e emocionada ressaltou o quanto a filha era trabalhadora. “Ela era estudante, estava cursando contabilidade, tinha planos, trabalhava numa concessionária de veículos aos 21 anos, gostava de sair como qualquer jovem, nunca me deu trabalho”, destacou. A mãe da vítima disse que Bárbara sempre informava quando chegava ao local que ia, e que inclusive no dia do fato, ela ligou preocupada, porém Bárbara tinha dito que estava pegando uma carona, mas demorou para chegar. “Liguei, ela me disse que estava indo pra casa. Ouvi uma voz masculina a chamando para ir embora, esperei na janela do apartamento do 3º andar onde morávamos no bairro do Feitosa, e acabei adormecendo”. “Quando acordei já tinha amanhecido o dia, entrei em desespero porque ela não estava em casa ainda, mas achei que ela tivesse ido dormir na casa de alguma amiga”, detalhou. Valéria disse ainda que Bárbara teria dito que estava indo de carona com um rapaz que conhecia da boate. “Ela era de casa para o trabalho, minha filha não era garota de programa, voltava de carona com conhecidos por frequentar a mesma boate”, salientou. “Ela era responsável e jamais ficava de madrugada na rua, até porque tinha que acordar cedo no outro dia para trabalhar”, acrescentou. Questionada sobre a filha estar bêbada quando saiu da boate, Valéria foi enfática ao afirmar que viu as imagens cedidas pela boate, e que Bárbara não estaria bêbeda, mas sim de salto alto, por isso a dificuldade de descer as escadas de saída do estabelecimento acompanhada do réu. “Micaela disse que estava com Bárbara na boate e saiu para ir ao banheiro, mas quando retornou não a encontrou mais”, ressaltou a mãe da vítima. Valéria Leite clama por justiça, diz que um homem como Otávio não pode está solto, pois outras vítimas correm risco de morrer. “Ele tentou estuprar a minha filha, mas como não conseguiu, ela disse não, ele que é maníaco sexual e não sabe receber não, a matou. Otávio é de Murici [Zona da Mata de Alagoas] e foi naquela região que possivelmente ele desovou o corpo da Bárbara com a ajuda de alguém. Ele é perigoso”, acredita. Valéria e familiares que estavam acompanhando o julgamento pedem pena máxima ao réu em regime fechado. Caso seja condenado Otávio cumprirá pena por homicídio qualificado por duas circunstâncias (recurso que impossibilitou a defesa e a asfixia), além da ocultação de cadáver.