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'Fenômeno é algo novo', diz especialista sobre situação do bairro Pinheiro

Estações para coletar dados de tremores no local foram instaladas durante a semana e apresentadas à imprensa

Por Evellyn Pimentel com Tribuna Independente 01/02/2019 10h02
'Fenômeno é algo novo', diz especialista sobre situação do bairro Pinheiro
Reprodução - Foto: Assessoria
O técnico do Laboratório de Sismologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) Marcos Ferreira afirmou em coletiva realizada na tarde desta quinta-feira (31) que o fenômeno sísmico que ocorre no bairro do Pinheiro é novidade em relação aos fenômenos estudados em todo o Nordeste. “Esse fenômeno aqui é diferente. Essa é a primeira região que estamos trabalhando com esse tipo fenômeno. Nós temos trabalhado mais com coisas naturais. E com alguns registros de pedreiras, que têm assinaturas de eventos conhecidos. Na região isso é algo novo, por isso estamos colocando estações. Paralelo a isso, estudos geológicos também estão sendo aplicados”, disse à imprensa. A equipe de especialistas da UFRN está dando suporte ao trabalho desenvolvido pelos técnicos do Serviço Geológico do Brasil (CPRM) nos estudos no Pinheiro. Durante esta semana, eles realizaram a instalação de seis equipamentos para monitorar a atividade sísmica no bairro. Os dados serão coletados e enviados em tempo real para a Rede Sismográfica Brasileira e ao centro de pesquisas da UFRN.  A equipe da UFRN atua há 40 anos no país e já instalou mais de 50 estações. “Instalamos essas seis estações e esperamos agora que a natureza nos ajude. Os sismógrafos instalados nessa região vão auxiliar os estudos de forma bem precisa da área em que eles ocorrem, em profundidade e área de localização, baseados em registros coletados através desses instrumentos. Esses instrumentos têm capacidade de registrar tremores de diversas distâncias, como a coisa daqui aparentemente é bem rasa, porque temos uma estação instalada aqui em Alagoas, na cidade de Anadia, que fica aproximadamente 60km daqui [Maceió] e essa estação não consegue registrar esses eventos, isto é uma prova que o fenômeno daqui deve ser bem mais raso. A intensidade desses eventos mostra que é bem localizado, que é algo local”, afirmou Marcos Ferreira. A implantação das estações faz parte das etapas previstas pelo CPRM para os estudos no bairro. Um dos pontos instalados foi no Centro de Estudos e Pesquisa Aplicada (Cepa). Os técnicos explicaram, em coletiva de imprensa, como os equipamentos devem funcionar. De acordo com o especialista do Serviço Geológico do Brasil, Eduardo Menezes, as estações podem identificar qualquer vibração na região num raio de 1km. “Essas estações são capazes de medir vibrações de qualquer tipo de origem e serão utilizadas para fazer o monitoramento sísmico da região, de eventos que têm sido reportados pela população. Essas estações fornecerão mais um conjunto de dados que se correlacionarão com os estudos realizados e podem gerar a identificação do problema do Pinheiro. Estamos avaliando os dados. Por enquanto as estações são de um projeto inicial e precisamos ver se vai ocorrer alguma instalação permanente. As estações já estão medindo os dados, temos uma rede online recebendo esses dados e repassando”, explica Menezes. Segundo o técnico do CPRM a instalação vai ajudar a confirmar ou não os pequenos tremores relatados pela população desde o primeiro evento, em Março do ano passado, que alcançou 2,4 pontos na Escala Richter. “Muitas pessoas relataram ocorrência de eventos. Nós tínhamos apenas uma estação instalada aqui [Alagoas] e como única estação, não tínhamos como fazer uma avaliação mais sistemática por isso instalou-se essas estações para ter mais precisão na identificação e localização desses eventos”. Asfalto cede e caminhão fica preso em cratera Na tarde desta quinta um caminhão de bebidas ficou preso em uma cratera aberta após o asfalto ceder no bairro do Pinheiro, em Maceió. Segundo o relato de moradores, o asfalto vinha cedendo após um serviço de infraestrutura realizado pela Prefeitura de Maceió em 2015 até ceder por completo ontem enquanto o caminhão trafegava. [caption id="attachment_276929" align="aligncenter" width="640"] Segundo morador, asfalto cedeu após serviço de infraestrutura realizado pela Prefeitura de Maceió (Foto: Edilson Omena)[/caption] O proprietário da residência vizinha a cratera, Diego Francisco Xavier, afirma que em julho do ano passado abriu uma reclamação na Prefeitura questionando o serviço, mas que até então não havia recebido retorno. Para ele e outros moradores que não quiseram se identificar, a situação não tem relação com as fissuras. “Fizeram o serviço e colocaram essa água de esgoto de todas essas casas para cá. A Prefeitura não colocou a encanação. Eu abri um protocolo, fui lá, falei com o secretário. Todo mundo via que isso já estava ruim. Aí passou um caminhão pesado e caiu. Mas isso não tem nada a ver com o problema do Pinheiro. Mas como a gente não sabe o que está acontecendo, pode prejudicar, porque a água vai infiltrando, vai influenciando. Mas diretamente, o que provocou, foi a prefeitura”, reclama. A Prefeitura de Maceió foi procurada pela reportagem. Por meio de nota, informou que fez o isolamento da área e que a partir de amanhã (1º) equipes irão ao local para resolver a situação. “A Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seminfra) informa que já esteve no local, isolou a área e enviará, nesta sexta-feira (1º), uma equipe para iniciar os trabalhos de recuperação do pavimento”, diz a nota.