Cidades

Boato se espalha e assusta moradores do Pinheiro

Defesa Civil Municipal desmente mensagem que circula nas redes sociais; CPRM dá andamento aos estudos

Por Evellyn Pimentel com Tribuna Independente 15/01/2019 10h48
Boato se espalha e assusta moradores do Pinheiro
Reprodução - Foto: Assessoria
Um suposto alerta da Defesa Civil circulou nas redes sociais durante o fim de semana e assustou moradores do bairro do Pinheiro em Maceió. O texto fala “em maior tragédia da América Latina” e que haveria “um buraco de quilômetros por baixo do bairro do Pinheiro”,  mas foi desmentida pela Defesa Civil Municipal que a classificou como fake News. A reportagem da Tribuna Independente esteve no bairro do Pinheiro para acompanhar a nova etapa de estudos iniciada nesta segunda-feira (14) pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM). Por lá, muitos moradores questionaram a veracidade do boato. Exemplo disso é a dona de casa Rejane Alves. Ela conta que as rachaduras começaram na casa no ano passado e que não considerava a situação grave, mas que depois da mensagem recebida no whatsapp questionou sair do imóvel. A reportagem esclareceu que a informação é falsa. “Minha filha mostrou umas mensagens no celular e eu achei muito difícil acreditar. Né? Mas vai que é verdade. Estamos esperando alguém dizer alguma coisa. A Defesa Civil ainda não veio aqui. Veio em casas ao lado, mas nessa não. Então estamos esperando alguém falar, explicarem o que é pra fazer”, detalha Rejane. Moradores do Conjunto Divaldo Suruagy, Adriano Lobo e dona Maria José, de 80 anos, também comentaram que tinham ouvido falar da mensagem falsa. “A gente fica assustado, pensando que isso pode ser verdade”, diz a idosa.  Já Adriano é enfático. “Isso é mentira, não acredito”. O psicólogo da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) Eduardo Augusto que está no local para realizar as atividades de acompanhamento dos moradores destaca a necessidade de evitar o compartilhamento de informações cuja veracidade não foi comprovada. “Algumas pessoas não ajudam em termos de compartilhar informação falsa.  São informações falsas e totalmente desnecessárias, principalmente em pessoas que estão nessas condições”, reforça. Fake news: cidadão deve buscar informações oficiais, diz Defesa Civil   A imagem que circula nas redes sociais é uma montagem de um mapeamento do CPRM que mostra as áreas vermelhas, que têm rachaduras e as áreas laranja, que estão suscetíveis. Mas a mensagem afirma que a parte em vermelho é a que estaria em cima do suposto buraco. Até os números para contato e informações adicionais da imagem são falsos. [caption id="attachment_272956" align="aligncenter" width="640"] Francisca da Silva (à esq.) vive há 30 anos no mesmo imóvel; ela mostra mais de 20 rachaduras em um dos cômodos (Foto: Edilson Omena)[/caption] Defesa Civil e CPRM assinaram uma nota de esclarecimento sobre o caso. Eles negam a situação de colapso. Além disso, o órgãos ressaltam a importância da população entrar em contato para buscar informações. “A Defesa Civil de Maceió e o Serviço Geológico do Brasil informam que não há qualquer relatório conclusivo que aponte a causa do surgimento de fissuras no bairro Pinheiro. Os estudos na região estão em andamento com especialistas de diversas áreas designados pelo Governo Federal, ainda sem previsão de encerramento, e são complexos devido à raridade do fenômeno. Sendo assim, é inverídica qualquer informação que aborde uma suposta situação de colapso no bairro. A Defesa Civil de Maceió orienta que, para qualquer esclarecimento, o cidadão busque canais oficiais de informação, seja no site da Prefeitura de Maceió por meio do link www.maceio.al.gov.br/defesacivil_ ou pelo número 0800 030 6205”, diz a nota na íntegra. ESTUDO Os levantamentos dos técnicos do Serviço Geológico seguem até o dia 24 deste mês. Durante esta semana diversas reuniões estão previstas para tratar do assunto. Ontem a noite os moradores se reuniram para definir como será a abordagem deles em outra reunião, esta com o CPRM, na quarta-feira (16). Além disso, uma reunião entre Braskem e CPRM está prevista para o dia 17 e a apresentação do plano de contingência para o dia 18. RACHADURAS Com 70 anos, dona Francisca da Silva vive há 30 anos no mesmo imóvel, nos arredores da Praça Gertrudes Amorim Leão. Entre paredes e o chão, são mais de 20 rachaduras grandes em um dos cômodos, o chão está cedendo. A Defesa Civil tem feito o acompanhamento no imóvel. Mesmo com a dura realidade, a idosa afirma que não pensa o que fará e nem cogita sair do imóvel. “O que fazer minha filha? A situação é essa. A gente não tem para onde ir”, afirma.