Cidades

Escolas estimulam o exercício da cidadania com “mini-eleições”

Atividade auxilia alunos a assimilar noções de democracia e respeito

Por Evellyn Pimentel com Tribuna Independente 09/10/2018 08h42
Escolas estimulam o exercício da cidadania com “mini-eleições”
Reprodução - Foto: Assessoria
A partir dos 16 anos votar é um direito assegurado. Mas, muito antes disto, crianças têm lidado com o “poder do voto”. É que algumas escolas de Maceió têm incentivado o exercício da cidadania por meio de simulações do processo eleitoral e ajudado os pequenos a assimilar noções de democracia e cidadania. Em uma delas, um processo eleitoral completo foi montado com o objetivo de conscientizar as crianças sobre a importância do voto. Alunos do 1º ao 5º ano do ensino fundamental - entre os seis e os dez anos, mais ou menos -, foram organizados em chapas incluindo presidentes, senadores, governadores e deputados; eleitores; mesários e comissão eleitoral para entender o passo a passo do processo eleitoral. De acordo com a coordenadora pedagógica do colégio, Polyana Alécio, com a atividade eles desenvolvem valiosas lições que se estendem para seu desenvolvimento. “O conteúdo de História do 5º ano, a Era Vargas, fez a gente trabalhar também as eleições. Os alunos do 5º ano iniciaram esse trabalho e foram às outras turmas falar um pouco sobre. Os alunos se candidataram em duas chapas, como todos os cargos. Toda a escola construiu seu título, todo mundo. As professoras explicaram que ia ocorrer uma parte prática. Depois fizemos a eleição fictícia, eles votaram, tivemos também a apuração dos votos e chegamos à chapa eleita. Foi muito bom para o aprendizado deles, para os conteúdos de história. Foi muito gratificante. Isso é positivo para o desenvolvimento deles, para que eles aprendam de uma forma respeitosa, a respeitar as opiniões”, explica. Em outro colégio particular situado na parte baixa da capital, há um projeto fixo. Todos os anos os alunos escolhem seus representantes de classe por meio de uma votação muito semelhante ao processo eleitoral do país. “Desenvolvemos a votação pra representante de turma. Na verdade acontece anualmente, mas nos anos de eleição é mais caloroso. Porque tratam sobre os deveres dos eleitos e acaba estendendo pra “vida real”. É bem semelhante ao processo real. Os candidatos fazem a campanha, apresentam propostas. Os alunos recebem o título de eleitor e então, no dia da eleição, os alunos vão até a sala de informática, turma a turma, para votarem”, explica a assessoria de comunicação do colégio. “Assunto deve ser abordado de forma leve, suave” Fora do ambiente escolar também é possível integrar as crianças à democracia. Isabel Almeida, mãe de João Henrique de 10 anos, aposta no assunto dentro de casa. A ideia é respeitar os limites da criança, sem deixá-la alheia ao que acontece na atualidade. “Meu filho nasceu numa época de redes sociais e ninguém fica a mercê dela. Não tem como a criança hoje em dia fugir dessa realidade. Paralelo a isso, a realidade está muito cruel, num momento muito peculiar e cruel da sociedade e da política. E é inevitável que a gente converse em casa sobre isso, porque às vezes o amiguinho fala algo na escola e reproduz o discurso que ouve em casa, e para meu filho não ficar muito fora do que está acontecendo, eu explico, numa linguagem infantil, numa linguagem que ele entenda”, diz a mãe. Além de ser tratado de forma mais lúdica e suave, o assunto envolve questões que vão além do voto, como o respeito ao próximo, garante a mãe. “Eu explico o que está acontecendo, de como nosso momento é complicado e o que pode gerar para a gente. Não o aterrorizando, mas deixando ele informado, para que até quando um amiguinho falar algo que ele não concorde, ele possa argumentar. Eu acho que isso tem que ser feito de forma suave, de forma leve, mas não deixando de introduzi-lo no momento atual, é impossível fazer isso hoje com as crianças. Dou noções de cidadania, direitos e deveres do cidadão, solidariedade cada vez mais extinta na sociedade. Dou noções de direito do outro, das minorias, tudo isso ele tem noção, concorda e luta por isso. Mais do que isso eu acho que não é permitido para a idade dele, mas as noções básicas do ser humano é necessário que ele tenha”, detalha Em tempos de muitas divergências políticas, a coordenadora Polyana Alécio defende que as crianças recebam estímulos de forma suave e cautelosa, sempre prezando pelo respeito. “Chegam crianças até nós dizendo que o coleguinha usou um xingamento para se referir a um político. As crianças vêm de casa com alguns comentários. Mas a gente explica que algumas pessoas não gostam  de alguns políticos porque fazem coisas que não são corretas... A gente tenta explicar da melhor maneira que cada um possui sua opinião, que é algo individual e que é preciso respeitar.”