Cidades

Alagoanos resistem a documentos digitais

Entre mais de 500 mil condutores no estado, 1.824 aderiram à CNH eletrônica; com Título de Eleitor procura também é baixa

Por Evellyn Pimentel com Tribuna Independente 20/07/2018 09h04
Alagoanos resistem a documentos digitais
Reprodução - Foto: Assessoria
Oito meses após o lançamento da versão digital da Carteira Nacional de Habilitação (CNH), 1.824 condutores fizeram a adesão ao modelo, dos mais de 500 mil alagoanos habilitados. Questões culturais são apontadas como uma das causas para a adesão reduzida. A chefe de Controle de Condutores do Detran-AL, Lisiane Serafim, explica que o número é considerado muito baixo e aponta para um comportamento da população e do poder público em absorver questões como esta. “Com certeza é cultural, a gente ainda está entrando nessa 'vibe' que começou com a CNH digital. Eu acredito que com o tempo isso de fato vai pegar. Até o último mês nós não tínhamos esse serviço em todos os estados, e isto pode ter gerado alguma dificuldade. Os órgãos públicos também não tinham aceitação muito grande. Inclusive recentemente a ANAC autorizou esse reconhecimento nos portões de embarque. Só com o tempo é que isso vai pegar. No Brasil existe esse problema com o documento eletrônico e em nível de Nordeste acredito que essas estatísticas devam ser bem piores”, ressalta a gestora. Mas segundo Lisiane, o fato não é isolado. Em todo o país, os índices de adesão são considerados reduzidos. “Não só em nível de Alagoas, mas a nível nacional a procura é considerada muito baixa. A gente percebe que não houve adesão muito grande por parte das pessoas, mas a gente tem que lembrar que as pessoas que têm acesso direto a CNH Digital são aquelas que possuem uma CNH já emitida com QR Code no verso. Então a gente não tem todo o universo de condutores. São aqueles de março do ano passado para cá”, avalia. Para o especialista em Tecnologia da Informação, Fernando Pinto, fatores culturais como a necessidade de uso de meio físicos são cruciais na aceitação da população ao documento digital. “Isso é muito cultural. Geralmente quando você quer fazer uma mudança de massa os órgãos tiram de circulação o documento físico, mas neste caso, não há muito a conscientização, seja pela questão ambiental ou tecnológica. Ainda há aquela ideia do documento físico, do papel, da carteira. Outro fator que pode ser considerado na minha avaliação é a questão do acesso. Para mim é muito pouco divulgado, o procedimento na minha avaliação não é muito claro, Acho que é isso que falta também”, destaca. TÍTULO DE ELEITOR Outro documento que tem versão digital, mas não tem sido muito procurado pelos alagoanos é o Título de Eleitor. Com mais de 2 milhões de eleitores, apenas 73.872, optaram também pela versão eletrônica. O Tribunal Regional Eleitoral (TRE-AL) considera o quantitativo pequeno. Mas segundo o órgão, fatores sociais repercutem na questão. “É baixa sim em relação ao quantitativo total de eleitores. Mas se a gente analisar a quantidade de eleitores analfabetos, essa baixa procura se explica. Tem muito eleitor do interior que tem celular, mas não tem muito acesso à informação, consumindo apenas Whatsapp e redes sociais. O número está na média dos demais Estados, em comparação com o número de eleitores”, explica o TRE por meio de assessoria. Versão impressa também deverá sofrer mudança   Além da CNH digital, a versão impressa também vai mudar. A partir de 2019, abandonará o formato em papel para virar um cartão com microchip, semelhante a um cartão de débito/crédito, que reunirá dados do motorista. A alteração tem como objetivo reduzir as fraudes, aumentar a durabilidade do documento, assim como agregar outras funcionalidades no futuro, como pagamento de pedágio, identificação biométrica, controle de acesso a determinados lugares, pagamento de transportes públicos e até mesmo a integração com outros países. De acordo com o Contran, o prazo final de adaptação dos Detrans estaduais ao novo modelo é 1º de janeiro do próximo ano, entretanto, quem tiver o documento válido em papel não será obrigado a fazer a troca até a próxima renovação. [caption id="attachment_118434" align="aligncenter" width="600"] CNH ganhou novo design e itens de segurança, mas mudanças vão continuar (Foto: Divulgação)[/caption] Vale ressaltar que as mudanças na CNH ocorrem desde o começo do ano de 2017, ganhando novo design e itens de segurança. O novo modelo da CNH, com novas cores e itens para eliminar o ato de falsificação, atendia à Resolução 598. No entanto, em maio de 2017, foi inserido um novo sistema de código que permite ser lido por câmeras de celular, o QR Code. Essa medida atendia à Resolução N° 650/2017, na qual foi estipulado que, a partir de fevereiro de 2018, a carteira deveria possuir códigos de barras bidimensionais, gerados a partir de algoritmo específico, de propriedade do Denatran, armazenando todas as informações contidas no documento.