Cidades

Maceioenses se preparam para a Copa do Mundo de forma tímida

De acordo com especialistas, momento atual do país é um dos principais fatores para desânimo inicial dos torcedores

Por Daniele Soares com Tribuna Independente 06/06/2018 08h05
Maceioenses se preparam para a Copa do Mundo de forma tímida
Reprodução - Foto: Assessoria
O primeiro jogo do Brasil na Copa do Mundo 2018 acontecerá no próximo dia 14, mas muitos alagoanos ainda não vestiram de fato, a camisa da seleção canarinha. Ao contrário de copas passadas, aos poucos que as cores verde e amarelo estão surgindo nas ruas de Maceió. Segundo especialista, um dos motivos seria a crise econômica que o país está enfrentando. Conforme a socióloga Danúbia Barbosa, a crise econômica desencadeada nas últimas semanas devido às manifestações de caminhoneiros, fez com que os brasileiros ficassem mais diligentes com a situação atual, principalmente com gastos desnecessários. “Estamos passando por um momento atípico. Em meio a um caos político. As pessoas estão criando certa repulsa das cores verde e amarela por conta de tantos escândalos e corrupções. Todos estão apreensivos pra saber o que acontecerá futuramente. Eles estão poupando dinheiro por conta das necessidades”, alerta Danúbia Barbosa. O que a especialista fala é refletido também no comércio. A caixa de uma loja de artigos e decorações, Milena Bezerra, diz que as vendas de produtos para comemorar os jogos da seleção estão com a saída bem abaixo do esperado. “As vendas não estão tão boas como imaginávamos. Essa semana ainda não passou nenhum artigo ligado à copa em meu caixa. Só semana passada que fiz o registro da compra de bandeirinhas. Espero que as vendas melhorem e as pessoas nos procurem”, torce Milena. A cientista política Luciana Santana também concorda que a conjuntura política tem contribuído para diminuir a motivação das pessoas, em relação às festividades da copa. Mas crê que tudo pode mudar. “Neste momento há uma timidez nítida. Mas creio que depois que os jogos iniciarem veremos uma mudança comportamental no brasileiro. Ou seja, caso o desempenho da seleção seja positivo, pode ser que a população se manifeste mais.” É o caso da dona de casa Luciana Barreto. Todo ano de copa os vizinhos da rua em que mora se reúnem para fazer a ornamentação das casas. E mesmo que a moradora tenha afirmado que está meio desanimada para os jogos desse ano, topou participar da brincadeira. “Nós somos muito unidos. Em todas as comemorações do ano nos reunimos para ornamentar a rua. Dessa vez, cada morador contribuiu com R$ 20 para a compra das bandeirinhas e balões. Nos dias de jogos já está tudo certo, vamos fechar a rua e assistir todos juntos”, garante a dona de casa. Mesmo em meio à crise no país, torcedores dão espaço ao otimismo   Em contrapartida, têm pessoas que estão bem animadas com os jogos da seleção. É o caso da aposentada Maria de Lourdes, que há 10 anos ornamenta junto com o esposo a praça Otacílio Holanda, que fica em frente a sua casa, no conjunto Salvador Lyra, situado na parte alta de Maceió: “Meu marido e eu resolvemos adotar essa praça assim que viemos morar aqui. Ela era bem degrada e abandona. Em todas as datas festivas colocamos adereços e luzes nas árvores para chamar atenção das pessoas e torná-la mais familiar. Esse ano vamos nos reunir pra assistir os jogos nela. Estou bem confiante. Acho que o Brasil não vai decepcionar”, acredita a aposentada. Questionada se eles pedem contribuição aos vizinhos, Maria de Lourdes diz que os gastos são arcados apenas por ela e o esposo. “Este ano pagamos R$ 270 para um rapaz colocar as bandeiras e ainda faltam os balões que essa semana colocaremos.” De acordo com o cientista político, Ranulfo Paranhos, as pessoas não deixarão de se reunir para festejar os jogos e as festas juninas, mesmo diante da crise que o Brasil enfrenta. “É natural que as pessoas se ocupem mais nesse período de festejos, e não se atentem tanto a situação política. O brasileiro temporariamente desvia sua atenção e depois retorna a sua vida social habitual. A Copa 2014 foi marcada por sucessões de escândalos nas construções dos estádios e nem por isso os torcedores deixaram de ir aos estádios torcer pelo Brasil.” Paranhos acredita ainda que é provável que as pessoas gastem menos, mas não deixarão de festejar. “No ponto de vista econômico, o ano de 2015 e 2016 foi mais difícil que o atual. As pessoas vão buscar soluções mais baratas, mas vão se reunir e festejar porque é um comportamento natural do brasileiro.” Para a empresária Maria Adélia, proprietária de um bar no bairro Serraria, este ano tudo indica que os serviços irão de vento em poupa. Ela ornamentou todo o estabelecimento nas cores verde e amarelo, e crê que o movimento aumentará durante os jogos e que a crise econômica não influenciará no fluxo. “Todo ano de Copa deixamos tudo nas cores da bandeira. Muitos clientes já ligaram para saber se os jogos passaram aqui. Essa semana começaremos a abrir também aos domingos e com certeza receberemos um grande público.”