Cidades

Zika: medo não afasta sonho da maternidade

Alagoanas insistem nos planos de gravidez, apesar dos riscos de contrair doença que causa microcefalia em bebês

Por Tribuna Independente 11/03/2017 12h55
Zika: medo não afasta sonho da maternidade
Reprodução - Foto: Assessoria

Mulheres alagoanas não têm adiado a gestação, mesmo com a possibilidade de contrair zika vírus. Casos de grávidas que tiveram a doença, sem sequelas para os bebês, adoção de cuidados básicos e acompanhamento médico, reforçam os planos de aumentar a família. A relações públicas Kássia Pontes, grávida de 19 semanas, conta que planeja a gravidez há mais de um ano. Ela encara com naturalidade o risco de contrair a doença e diz que não considera o zika vírus um problema.

“Estou sem muitas preocupações. Tenho mantido o repelente sempre, a cada banho passo aquele que dura umas 10 horas. Roupas longas e patrulha sempre em casa e na casa dos meus pais, que é o lugar que mais frequento. É o que podemos fazer. Né?”, diz Pontes.

No planejamento da gravidez, muitas mulheres minimizam a possibilidade de ter a doença. Para outras, o medo é algo latente. A possibilidade de uma mulher grávida ter zika durante o primeiro trimestre e o feto desenvolver microcefalia é de 1%, segundo um estudo divulgado no ano passado pelo Instituto Pasteur da França. Foi o caso de Renata Kelly, mãe do pequeno Jonathan de 11 meses. Ela teve zika no primeiro trimestre de gestação. O acompanhamento médico intenso durante e após a doença foi fundamental, segundo ela. “Minha médica me tranquilizou muito. Fui duas vezes para a emergência, fiz diversos exames, fiz acompanhamento, mas tudo correu bem”, explica. Renata conta também que apesar do susto o filho ‘esbanja saúde’. Para ela, o pensamento positivo é a chave para as mulheres que temem a doença ou que estejam passando por uma situação semelhante a que ela vivenciou.

“Não acho bacana atrapalhar um sonho por causa de uma epidemia. O vírus mete medo sim, mas existem as prevenções. Quanto menos você se importar com isso, vai fazer desse assunto algo mais leve. Agora é a zika, depois vai vir outra doença e outra e outra. Se você for esperar a Zika desaparecer, não engravida nunca”, garante a jovem. Jardelane Marques de Mendonça, 32 anos, passou por situação semelhante em abril do ano passado. A atendente de telemarketing ficou doente e ainda nem sabia que estava grávida. Ao realizar exames para confirmar o diagnóstico, descobriu a gestação de dois meses. “Eu adoeci. Não sabia o que era realmente. Fiz o exame para saber se estava grávida e deu positivo. No período eu não fiz o exame da zika porque não estava liberada pelo plano, mas aí deu positivo para chikungunya. Mesmo assim a médica ficou acompanhando”. Os exames e os cuidados ostensivos em casa não espantaram o medo. Em novembro, a pequena Ana Laura nasceu sem complicações, mas Jardelane continua com as ações preventivas. “Antes de escurecer fecho as janelas para os mosquitos não entrarem. Passo muito repelente em mim e na minha filha, sei que é uma doença perigosa e não quero passar o mesmo sufoco que passei durante a gravidez”, conta.  

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