Brasil

Morador de rua reencontra família com a ajuda de redes sociais após 14 anos

Comerciante encontrou a irmã do rapaz nas redes sociais e enviou uma mensagem, mas ela só respondeu dois anos depois

Por G1 24/11/2019 08h28
Morador de rua reencontra família com a ajuda de redes sociais após 14 anos
Reprodução - Foto: Assessoria

O ex-morador de rua Alfredo Ribeiro da Silva, de 34 anos , conseguiu reencontrar a família após passar 14 anos longe. Tudo isso graças a persistência da comerciante Michele Santos, de 40 anos. O caso ocorreu em Praia Grande, no litoral de São Paulo, e repercutiu nas redes sociais depois de uma postagem da mulher.

Ao G1, Michele relatou que conheceu o rapaz em 2013, quando abriu uma loja de roupas no bairro Boqueirão. “Ele ficava na rua cuidando dos carros. O que me chamou a atenção na situação foi o cachorro chamado Toby, que andava sempre com ele. Nunca me pediu nem dinheiro, só água para o cão”. Um ano depois, eles começaram uma amizade e, durante uma conversa, Alfredo revelou a ela que estava longe da família há muito tempo.

“Ela começou a me interrogar, porque eu era um cara novo e estava na rua. Não gosto de ficar falando, mas acabei contando minha história. Ela perguntou o nome da minha mãe, do meu pai e do minha irmã”, contou o homem. A partir daí, começou a procura dela pela família do rapaz.

No entanto, as únicas informações que ela tinha eram que eles moravam no Parará e que a irmã se chamava Márcia Ribeiro da Silva. Foi assim que ela passou a enviar mensagem para todas as pessoas que encontrava com o mesmo nome e que moravam no Paraná. “Foram mais de 50 perfis”. Uma das mensagens foi enviada para a irmã de Alfredo, que somente respondeu dois anos depois, quando Michele já não tinha mais contato com o homem por ter fechado o estabelecimento.

Alguns meses depois, a comerciante conseguiu reencontrá-lo e enviou uma foto para a irmã, que o reconheceu. Por algumas restrições com a Justiça, ele não conseguiu voltar para a família em 2017, só conseguindo liberação em 2019. Nesse meio tempo, Michele e Márcia continuaram em contato, sempre conversando sobre como Alfredo estava.

Pouco antes de reencontrar a família, ele conseguiu um trabalho informal de eletricista, o que o possibilitou locar um cômodo na Vila Sônia e comprar um celular para trocar mensagens com a irmã. Quando conseguiu o aval da Justiça para voltar para o Paraná, contou para a irmã, que mais uma vez procurou Michele e pediu para ajudá-lo a comprar a passagem. A comerciante procurou a Assistência Social da cidade, que bancou a passagem do rapaz para o município de Campo Magro, no Paraná.

Vida difícil

Alfredo contou que saiu muito cedo da casa da mãe, no Paraná, para morar com o pai em Bertioga, no litoral de São Paulo. Alguns anos depois, o homem morreu e o deixou com uma mulher, que o criou até os 17 anos e o entregou de volta para a mãe. Durante esse período, o rapaz não conseguiu emprego e decidiu voltar para a Baixada Santista, onde também não arrumou nada e teve que morar na rua. ”A vida na rua não é fácil. Passei muita fome e frio”, conta.

O reencontro

Alfredo chegou à cidade em 20 de novembro para reencontrar os parentes de longa data. Emocionado, ele relata que sempre quis rever a mãe e a irmã. “Não tinha mais esperança, mas era uma coisa que eu queria muito. Não pensei que ia conseguir encontrar ninguém. A sensação foi ótima. Fiquei muito emocionado”. O apoio de Michele foi fundamento para a realização do sonho da família. O ex-morador de rua contou que até roupa a amiga arrumou para ele ir embora.

A irmã Marcia Ribeiro da Silva, de 36 anos, relata que esperou muito pelo dia do reencontro e que sempre se perguntava se o irmão estava bem. “Todos esses anos eu pedi para Deus reencontra-lo e poder cuidar dele. No Natal e no Ano Novo eu sempre pensava se ele tinha o que comer e onde dormir. Esperei a vida inteira por isso”, finaliza.