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"Tiraram uma dádiva da gente", diz mãe impedida de amamentar após receber vacina errada

Pelo menos 10 mulheres tiveram que interromper o aleitamento após receber vacina contra febre amarela em vez de tríplice viral. Prefeitura informou que irá fornecer suplemento aos bebês.

Por G1 18/04/2017 12h14
'Tiraram uma dádiva da gente', diz mãe impedida de amamentar após receber vacina errada
Reprodução - Foto: Assessoria

Mais de 10 mães de Angatuba (SP) tiveram que interromper o aleitamento após receberem uma dose de vacina errada no Posto de Saúde Central Doutor Renato de Carvalho Ribeiro, em Angatuba (SP), nesta segunda-feira (17). A dona de casa Vanessa Lima conta que foi ao posto tomar a vacina contra a tríplice viral, mas recebeu por engano a vacina contra febre amarela.

"Tiraram uma dádiva da gente, porque o prazer da vida de uma mulher quando tem um filho é amamentar e agora não posso fazer isso. É muito triste sentir seu seio encher e não poder amamentar, vê-la chorando”, afirma.

Em nota, o prefeito Luiz Antônio Machado afirmou que reconhece que houve um fato lamentável no posto de saúde central, quando 11 mulheres que amamentam suas crianças tomaram dose de vacinação errada, sendo que pretendiam tomar a vacina contra a tríplice viral e tomaram de febre amarela, o que pode provocar efeitos colaterais.

No entanto, afirmou que a prefeitura não vai fugir da responsabilidade e que já tomou as devidas providências. O Executivo afirma que afastou as funcionárias envolvidas e, para isso, deu caráter jurídico ao afastamento. Também explicou que, quando acontece um fato deste, o que manda o protocolo é que as mulheres suspendam a amamentação de 15 a 30 dias, porém, poderá ser de até 10 dias, conforme está sendo constatado. Ainda, em atendimento às referidas mulheres que amamentam seus filhos, a prefeitura alega que já adquiriu leite específico para suas necessidades.

Em nota, o Conselho Regional de Enfermagem do Estado de São Paulo (Coren-SP) informou que para investigação desse tipo de caso, uma sindicância é instaurada e segue sob sigilo processual, previsto em lei. Todo documento referente ao assunto será anexado aos autos para ser apreciado.

Após a averiguação dos fatos, se forem constatados indícios de infração ética pelo Coren-SP, será instaurado um processo ético-profissional. Os profissionais envolvidos serão notificados para manifestarem as suas versões dos fatos, garantido o direito de defesa na ocorrência de responsabilização ético-disciplinar. Eles poderão receber as penalidades previstas na Lei 5.905/73, sendo elas: advertência, multa, censura, suspensão temporária do exercício profissional ou cassação do exercício profissional.

Outra mãe, que preferiu não ser identificada, conta que descobriu sobre o erro horas depois de ter tomado a vacina. “Recebi uma ligação das enfermeiras falando que foi aplicada uma dose errada e, por isso, não era para amamentar minha filha. Toda mãe sonha em amamentar seu filho, eu me preparei para isso e agora esse sonho acabou, pois pode ser que após esses 30 dias ela não aceite mais o seio e eu também não tenha mais leite”, lamenta.

Segundo o infectologista Carlos Lazar, o erro coloca em risco a saúde dos bebês. “A vacina de febre amarela é feita com o vírus vivo atenuado, por isso, você não pode tomar essa vacina durante a gravidez e durante o aleitamento também, porque existe a possibilidade de passar o vírus pelo leite materno para o bebê”, explica.

A auxiliar administrativa Aline Aparecida Rodrigues de Melo conta que aguardava uma consulta do seu filho de quatro meses, quando viu uma dos bebês chorando de fome e decidiu amamentá-lo. “Me coloquei no lugar delas, pois não sei o que faria se vesse meu filho chorando de fome e não poder amamentar, sabendo que tenho leite” afirma.