Política
Feministas querem punição a criadores de rifa de garota de programa
Estudantes de Engenharia Mecânica organizaram sorteio para bancar festa de formatura
A reportagem publicada, de forma exclusiva, pelo jornal Tribuna Independente, na edição dessa sexta-feira (7), que trouxe à tona uma rifa organizada por um grupo de estudantes de Engenharia Mecânica da Faculdade Pitágoras, cujo sorteio é um encontro com uma garota de programa ganhou grande repercussão e provocou manifestações de diversas organizações e grupos feministas do Estado. O intuito da rifa é financiar uma festa de formatura.
A diretora de Mulheres da Central Única dos Trabalhadores de Alagoas (CUT) e militante da Marcha Mundial das Mulheres, Girlene Lázaro, classificou a atitude dos estudantes como “abominável” e disse esperar que o Ministério Público investigue o caso e que a justiça puna os eventuais responsáveis.
“Quer dizer, uma turma de estudantes de um curso superior, que tem a oportunidade de abrir mais horizontes em termos de respeito à sociedade, chegar a esse ponto de promover uma rifa como essa. Uma coisa é você ter essa opção de se prostituir, outra coisa é um terceiro utilizar esse mecanismo para ofertar como prêmio, ou seja, o corpo da mulher que está sendo colocado à venda. Temos que ter notas de repúdio a respeito disso, acionar a marcha mundial das mulheres e todas as entidades que defendem a mulher pra que a gente possa marcar um ato contra essa atitude machista. O Ministério Público precisa tomar uma atitude, pois isso interfere contra os direitos das mulheres”.
O Movimento de Mulheres Olga Benário emitiu uma nota contra a atitude dos estudantes de Engenharia de Mecânica. O movimento citou o Código Penal que diz ser crime tirar proveito da prostituição alheia, com pena prevista de reclusão por 1 a 4 anos e multa.
Sindicância será instaurada por faculdade
A Faculdade Pitágoras vai instaurar sindicância para apurar envolvimento de seus estudantes em organização de rifa de garota de programa. Em nota enviada à Tribuna Independente, através de sua assessoria de comunicação, a instituição de ensino se posicionou sobre o ocorrido.
“Sobre o episódio envolvendo supostos estudantes da Faculdade Pitágoras de Maceió, a instituição informa que instaurou sindicância para apurar os fatos e tomar todas as medidas cabíveis para o caso. Comprometida com a transparência, a Faculdade Pitágoras de Maceió permanece à disposição para sanar quaisquer dúvidas adicionais”, diz o texto.
A equipe de reportagem também ouviu o coordenador do curso de Engenharia Mecânica da faculdade, Ericson Klayner Costa. Ele disse não ter autorização para falar comentar o assunto oficialmente, mas ressaltou que a rifa em questão não tem vínculo com a instituição de ensino e que teria sido uma “infelicidade do aluno citar o nome da faculdade no ticket”.
Eric Marques, um dos organizadores da rifa – que vendeu unidades a um dos repórteres que revelou sua identidade – voltou a ser procurado pela reportagem. Apesar das fotos comprovarem seu envolvimento na organização do sorteio, ele voltou a negar seu envolvimento. “A imagem mostra que sou eu mesmo né? Mas não ficaram tão claras de que eu estivesse vendendo, supostamente essa rifa. Não tem mostrando minhas mãos perfeitamente”, afirmou.
Cada bilhete estava sendo vendido por R$ 10,00 e segundo publicado no perfil da rifa no Instagram, até mesmo o pagamento do transporte do sorteado era garantido pela organização.
Advogada recrimina atitude de estudantes
A advogada Andrea Alfama, especialista em feminicídio e assédio moral, classificou a rifa como “aberração”. “Na verdade é exploração de prostituição, inclusive um crime de rufianismo e está no código penal no artigo 230. Inacreditável que com tantas campanhas de esclarecimento sobre as mais diversas formas de assédio e exploração, que jovens universitários se reúnam e torne público uma rifa sorteando uma acompanhante. Isso é inaceitável e uma falta de respeito completa”.
Promotora pediu investigação à polícia
A promotora de Justiça Dalva Tenório, da 14ª Vara Criminal da Capital, revelou à Tribuna Independente – na edição desta sexta-feira (7) – que já pediu abertura de inquérito para investigar o caso. Para ela, rifar garotas de programa é crime. Para a representante do Ministério Público Estadual, o que mais lhe chama a atenção é o fato de serem estudantes universitários os organizadores da rifa, uma vez que, em sua concepção, eles deveriam atuar para “melhorar a sociedade”.
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