Cidades

Flexais: negados problemas por afundamento de solo

Nota técnica conjunta é do CPRM e defesas civis Nacional e Municipal

Por Evellyn Pimentel com Tribuna Independente 26/07/2022 06h32 - Atualizado em 26/07/2022 09h19
Flexais: negados problemas por afundamento de solo
“Estaremos na resistência”, dizem lideranças dos Flexais - Foto: Adailson Calheiros

Moradores dos Flexais em Bebedouro contestam nota técnica do Serviço Geológico do Brasil (CPRM) e Defesas Civis Nacional e Municipal que nega a relação do afundamento de solo na região. Por meio de lideranças, a comunidade cobra a presença de pesquisadores in loco e defende novos estudos. O líder comunitário, Maurício Sarmento afirma que os moradores seguem lutando por providências “Estaremos na resistência”.

O posicionamento dos órgãos veio após o pedido do Ministério Público Federal (MPF) para avaliar os estudos realizados de forma independente por profissionais a pedido da comunidade. Nos estudos, o engenheiro civil Lucar Matar afirma que fissuras e rachaduras nos imóveis dos Flexais têm padrão semelhante ao processo de subsidência e o ex-professor e também engenheiro civil Abel Galindo indica que há um raio de influência da movimentação na região. Entretanto, segundo os órgãos que fazem o monitoramento não há evidências e não há risco de colapso.

“As etapas de monitoramento de campo continuam sendo ferramentas de suma importância para o acompanhamento da área em questão, onde a caracterização e interpretação dos danos no local não mostram evidências que possam estar associados ao fenômeno que atingiu outros bairros afetados pelo processo de mineração (...) ”, diz a nota técnica conjunta.

Conforme explicou o MPF, os órgãos chegaram ao entendimento durante reuniões que os estudos apresentados pela comunidade não são suficientes para determinar as causas dos problemas enfrentados.

“Apesar de relacionar as questões prediais e estruturais ao solo, os estudos elaborados não aprofundam ao ponto de relacionar com o fenômeno da subsidência causada pela exploração de sal-gema. Sobre o laudo de engenharia foi dito que o estudo analisou patologias e atrelou a recalques diferenciais, mas não discutiu quaisquer outros motivos que podem levar uma edificação a ter recalque diferencial, assim como questões relativas a execução da obra também, interações com a fundação e com outras estruturas, o tipo de fundação, de solo, nada disso é abordado. Que encontrou as patologias e deduziu que o recalque foi pela subsidência, sem acessar nenhum dado interferométrico”, afirma o MPF.
O líder comunitário e morador do Flexal, Maurício Sarmento, criticou a resposta dos órgãos públicos. Para ele o documento não possui valor técnico.

“Essa nota técnica tem tanto valor técnico propriamente dito, quanto um papel de enrolar pão tem sendo usado em valor literário. Se usa apenas o argumento de autoridade, não o argumento técnico, para justificar a não investigação do problema por nos apresentados em laudos de inspeção nos imóveis realizado pelo Engenheiro Lucas Mattar e registrado no Conselho Regional de Engenharia de Alagoas. A CPRM, não veio in loco verificar as informações por nós apresentadas e com base em ilações, apresentam esse documento que para mim é mais uma prova do jogo sujo da Braskem.

CPRM deve avaliar presencialmente situação

Na semana passada, a Defensoria Pública do Estado (DPE) solicitou que o CPRM avalia presencialmente a situação dos Flexais.

“A Defensoria Pública do Estado pediu, ainda, que o órgão realize, em até cinco dias, uma perícia e vistoria técnica na região, e elabore laudo apontando se existe afundamento na área e se os imóveis podem sofrer danos estruturais. Vale ressaltar que os relatórios da Defesa Civil do Estado e um relatório independente feito por engenheiros apontam para a necessidade de realocação. (...) Com uma nova inspeção da CPRM, a Defensoria Pública espera que o imbróglio seja solucionado o mais rápido possível, para que os moradores tenham seus direitos respeitados e possam encontrar lares segurou para recomeçar suas vidas”, cobrou o órgão.

A expectativa segundo Maurício Sarmento é de que novos estudos possam comprovar a relação com o fenômeno e a comunidade, pouco mais de 800 famílias, sejam realocadas.
“Aguardaremos os desdobramentos do ofício enviado a CPRM que solicitou perícia in loco além do estudo técnico não realizado nos Flexais. Além disso, tivemos a informação de que a CPRM enviou e-mail para o MPF afirmando ter dúvidas em relação a citação dos Flexais pelo fato de estarem em uma área dentro da margem de erro dos equipamentos utilizados para essa aferição”, pontua.